tag:blogger.com,1999:blog-36523626184935793152024-02-08T00:04:47.751-03:00Blog do Edson Osvaldo MeloJornalista, residente em Curitiba PR (BRASIL).Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.comBlogger156125tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-50185748762905206082024-02-01T04:41:00.002-03:002024-02-01T04:41:36.725-03:00Pressão sobre Netanyahu está aumentando<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtNYbqWrnttuI9nWBeH5BPlsUMkG6Et85adftLF8Dy1zfgGaBzDwr8L-9EzRLgR16bwcvjgZDpYIdfrXpZ5bVrDfidNQms7Gm1uddKY7uNCBeUO98d2GlKvXTiiVgqqjOVB7Wh6ly6sSngPq_1LwAWWsBNE4rUqduqGJvJeyusgGQOPqn5ov7lmls9Vz00/s1640/Gaza-2024-ANSA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="924" data-original-width="1640" height="372" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtNYbqWrnttuI9nWBeH5BPlsUMkG6Et85adftLF8Dy1zfgGaBzDwr8L-9EzRLgR16bwcvjgZDpYIdfrXpZ5bVrDfidNQms7Gm1uddKY7uNCBeUO98d2GlKvXTiiVgqqjOVB7Wh6ly6sSngPq_1LwAWWsBNE4rUqduqGJvJeyusgGQOPqn5ov7lmls9Vz00/w661-h372/Gaza-2024-ANSA.jpg" width="661" /></a></div><p> <span style="font-size: x-small;"><b><i>Faixa de Gaza: Ainda não há acordo no horizonte para uma trégua/Foto: Ansa</i></b></span></p><p><b><i><br /></i></b></p><p><b><i>Por Emanuele Valenti, Rádio Popolare di Milano, Itália</i></b></p><p><span style="font-size: medium;">A pressão sobre Netanyahu está aumentando. São pressões internas e externas. A administração Biden e outros governos ocidentais pedem cada vez mais uma trégua, e a decisão da semana passada do Tribunal Internacional de Justiça, que pediu a Israel que parasse com as ações que poderiam causar genocídio em Gaza, também pesa sobre isto.</span></p><p><span style="font-size: medium;">À medida que os dias e as semanas passam, torna-se cada vez mais desconfortável para os ocidentais apoiar o governo israelita.</span></p><p><span style="font-size: medium;">As famílias dos reféns e uma componente importante da sociedade israelita pedem então ao primeiro-ministro que faça tudo para trazer para casa os cerca de 130 reféns ainda nas mãos do Hamas. Netanyahu reuniu-se com algumas famílias e disse que o seu governo está "fazendo todo o possível".</span></p><p><b><span style="font-size: large;"><i>Libertação dos reféns</i></span></b></p><p><span style="font-size: medium;">A libertação dos reféns está no centro de um possível acordo com o Hamas, no qual os Estados Unidos, o Catar e o Egito trabalham há semanas. É difícil compreender a posição do governo israelita, essencialmente qual é o efeito das pressões que mencionamos, e não mencionamos todas elas.</span></p><p><span style="font-size: medium;">As declarações oficiais são sempre belicosas. O próprio Netanyahu continua a dizer que a guerra não terminará até que todos os objetivos sejam alcançados. E sabemos que o primeiro objetivo, desde o início do conflito, tem sido a destruição do Hamas. Netanyahu reiterou isso novamente.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Neste caso, contudo, devemos considerar o contexto político, especialmente a composição e a natureza do próprio executivo, onde os ministros da extrema-direita continuam a ameaçar uma ruptura com Netanyahu se ele concordar em parar a operação militar na Faixa.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Porém, as autoridades israelitas deixaram claro que as negociações estão progredindo.</span></p><p><span style="font-size: medium;">O Hamas, por seu lado, está avaliando o acordo proposto. O chefe político da organização, Haniey, é esperado no Cairo. No papel, o Hamas pediu, antes de libertar os reféns, a retirada das tropas israelitas de Gaza e o fim da guerra. O que Netanyahu não quer fazer.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Na realidade, deste ponto de vista, os dois partidos, Netanyahu e Hamas, estão numa situação semelhante: ambos sabem que têm de encontrar um acordo, obviamente o melhor acordo possível neste momento, e por isso colocam os pedidos mais ambiciosos sobre a mesa, provavelmente sabendo que então terá que diminuir as expectativas e aceitar um ponto de encontro. Talvez possamos entender o que será nos próximos dias.</span></p><p><b><i><span style="font-size: large;">Volátil</span></i></b></p><p><span style="font-size: medium;">O quadro geopolítico da região também permanece muito volátil, ainda que os principais intervenientes – direta ou indiretamente envolvidos, os Estados Unidos e o Irã – pareçam querer evitar uma nova escalada. Washington preparar-se-ia para atacar alvos ou interesses iranianos, mas não em território iraniano. A mídia americana diz isso. </span></p><p><span style="font-size: medium;">Em vez disso, Teerã fez saber que não quer uma guerra com os Estados Unidos, mas que ainda está pronto. O comandante da Guarda Revolucionária falou. O panorama regional é importante porque está ligado ao que está acontecendo em Gaza. Uma escalada de um lado só poderia levar a uma escalada do outro.</span></p><p><i>Fim</i></p>Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-42268026448424698932024-01-30T18:09:00.001-03:002024-01-30T18:11:25.691-03:00O mercado financeiro manda no país?<p> <i><span style="font-size: large;">Executivo de banco conta como se compram políticos, juízes e jornalistas em entrevista a Jessé Souza</span></i></p><p><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsA15cnvbyACWgogUz-xKTuJYWLDtMXROFT72Fym1Zl5lbgdglj_mBpiOa6pVxxpJj6iNS4-saLaoDJq2ndTl-J4w7SkvD1vWFilZa_IRSL7E3YLjUKy4L-PM1fioB1ZXvlNDmVnT8HvD9A3iay8yC4fzTQANaQPvpzTEZZyEPp1Ap89DDJwLfqzgyTCHx/s600/Jess%C3%A9Souza.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-size: medium;"><img border="0" data-original-height="383" data-original-width="600" height="373" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsA15cnvbyACWgogUz-xKTuJYWLDtMXROFT72Fym1Zl5lbgdglj_mBpiOa6pVxxpJj6iNS4-saLaoDJq2ndTl-J4w7SkvD1vWFilZa_IRSL7E3YLjUKy4L-PM1fioB1ZXvlNDmVnT8HvD9A3iay8yC4fzTQANaQPvpzTEZZyEPp1Ap89DDJwLfqzgyTCHx/w585-h373/Jess%C3%A9Souza.png" width="585" /></span></a></div><div><i><b><span style="font-size: medium;"> Conheça trecho do livro "A Classe Média no Espelho" de Jessé Souza</span></b></i></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><p><br /></p><p><span style="font-size: x-small;"><b><i>Publicado por Diário do Centro do Mundo</i></b></span></p><p><span style="font-size: medium;">O sociólogo Jessé Souza entrevistou representantes da alta classe média e da massa da classe média para escrever seu mais recente livro, “A Classe Média no Espelho”, em que traça um perfil do segmento da sociedade que, em grande parte, foi para as ruas protestar durante o governo Dilma Rousseff.</span></p><p><span style="font-size: medium;">O pretexto era o combate à corrupção, mas se sabe hoje que era uma falácia. A classe média nunca esteve preocupada com a corrupção — se estivesse, estaria protestando pela punição a Fabrício Queiroz e Flávio Bolsonaro, flagrados em movimentação milionária atípica.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Um dos entrevistados por Jessé foi o CEO de um banco, cujo nome é preservado. O executivo conta como o banco compra políticos, juízes e até jornalistas, para manter um sistema corrupto de privilégios.</span></p><p><span style="font-size: medium;">A entrevista está sendo publicada com autorização de Jessé Souza e de seu agente editorial.</span></p><p><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><p><span style="font-size: large;"><i><b>Sérgio: o CEO de um banco explica como se compra o mundo</b></i></span></p><p><span style="font-size: medium;">Sérgio não é um CEO qualquer. Muito inteligente, culto, leitor de psicanálise nas horas vagas – a mulher é psicóloga -, ele é dessas pessoas que têm prazer numa sinceridade desconcertante. Sérgio tinha plena consciência de quem era e do que fazia. Se no passado teve algum problema com isso, agora não deixava transparecer nenhum incômodo.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Desde a adolescência, ele era grande amigo de João Carlos. Filho de banqueiros, havia acumulado fortuna própria na década de 1990, durante o governo de FHC, administrando fundos de investimento estrangeiros que ganharam uma grana preta com as privatizações levadas a cabo no período.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Segundo Sérgio, João Carlos começou como um hábil representante de bancos estrangeiros e abriu inúmeras portas de investimento para os parceiros por meio de suas relações nos meios financeiros paulistanos, bem como no poder político e no Poder Judiciário, tanto em Brasília como em São Paulo. Lucrou tanto se utilizando do dinheiro alheio que fundou o próprio banco.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Nessa época, Sérgio frequentava uma faculdade de Direito nos Estados Unidos. Depois passou um ano em Londres, estudando finanças e ciência política e, por indicação de amigos do pai, estagiando num escritório que lidava com o mercado financeiro. Morou também em Sevilha, na Espanha, onde descobriu sua área jurídica de predileção: o direito administrativo.</span></p><p><span style="font-size: medium;">No início dos anos 2000, quando voltou ao Brasil depois de quatro anos de pós-graduação no exterior, com pouco mais de 30 anos, o amigo João Carlos já era um multimilionário por “esforço próprio” e apenas naquele ano tinha ganhado mais dinheiro do que o pai durante toda a vida.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Como o negócio do banco – aliás, o de todos os bancos hoje em dia – dependia da intersecção entre Estado, João precisava de alguém de confiança para cuidar da parte jurídica, antes terceirizada em diversos escritórios. Sérgio recebeu então carta branca para montar sua equipe de trabalho. Hoje o departamento jurídico é o centro nervoso do banco, com tudo passando pelas mãos de Sérgio, e ocupa um andar inteiro de um prédio moderno, decorado com luxo e bom gosto.</span></p><p><b><i><span style="font-size: large;">Quando lhe perguntei qual era seu trabalho, Sérgio não titubeou:</span></i></b></p><p><span style="font-size: medium;">O João é o gênio, sabe onde estão o dinheiro e as oportunidades, pensa nisso o tempo todo. Eu só faço comprar as pessoas necessárias para que as coisas aconteçam como ele quer. Não fui eu que inventei o mundo como ele é, só procuro sobreviver da melhor maneira possível. O mais importante no Direito é conhecer os meandros da linha cinzenta entre o legal e o ilegal. Meu trabalho é expandir ao máximo a margem da legalidade a serviço dos interesses do banco.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Como já existe toda uma legalidade paralela que cuida dos interesses do setor financeiro, meu trabalho é fazer com que o nosso banco fique com o melhor pedaço da torta. Nossa equipe tem mais de vinte advogados escolhidos a dedo e bem pagos. Mas eles fazem o ramerrão do trabalho jurídico. O dia a dia. Eu faço os contatos com juízes, políticos e jornalistas e cuido dos clientes estrangeiros. Com o serviço jurídico, no sentido tradicional, meu trabalho não tem nada a ver. É mais gestão de clientes, dar a eles o que querem, dizer o que querem ouvir, beber o que eles querem beber e ser discreto e sóbrio em tudo.</span></p><p><b><i><span style="font-size: large;">E o que eles querem?</span></i></b></p><p><span style="font-size: medium;">Aqui em São Paulo o que move tudo é o dinheiro e todo mundo quer viver bem. As pessoas são compradas com dinheiro vivo e com depósitos em paraísos fiscais criados para isso. A gente sabe fazer bem feito. Sem deixar rastro. A cidade é toda comprada, não se iluda, toda licitação pública e todo negócio lucrativo, sem exceção, é repartido e negociado.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Todo mundo tem um preço. Até hoje não conheci quem não tivesse. E para todo negócio é necessário uma informação privilegiada aqui, um amigo no Banco Central ali, uma sentença comprada ali ou a influência de um ministro em Brasília acolá.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Além da compra direta, em dinheiro vivo ou depósito no exterior, a gente tem que paparicar constantemente os caras. Uma forma eficaz são os presentes constantes, sem a expectativa imediata de contrafavores. Isso gera simpatia. Às vezes você ganha até um “amigo”.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Todo mundo adora vinhos caros, e as mulheres desses caras adoram essas bolsas que custam 50, 60 mil reais. Se é alguém com conhecimentos técnicos, você pode promover seminários e palestras, e pagar muito além do que se paga nesse tipo de mercado. Para cada tipo de cliente e de gente existe um jeito mais conveniente de comprar sem parecer que está comprando.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Não fazemos isso em troca de um serviço concreto. Isso é muito importante. O que construímos é um círculo de amigos. Temos uma lista grande de pessoas que simplesmente presenteamos no aniversário e em diversas outras ocasiões, ano após ano. Presentes bons e caros. Não economizamos nisso. Aí, quando você precisa, pode contar com a boa vontade do cara. Isso é o que chamo de criar relações de confiança.</span></p><p><b><i><span style="font-size: large;">E o pagamento direto por serviços específicos?</span></i></b></p><p><span style="font-size: medium;">Obviamente isso também existe. Aí pagamos em paraísos fiscais por meio de transferências sucessivas entre dezenas de empresas de fachada, de tal modo que nem Sherlock Holmes consegue refazer o caminho original.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Hoje em dia existem meios ainda mais eficazes de eliminar riscos, mas este é nosso pulo do gato, e não posso lhe contar. Mas não fica rastro, posso assegurar. Esta, afinal, é a nossa mercadoria: a segurança no investimento. E, sendo um banco, tudo fica mais fácil. Não é só no caso do nosso banco: todos os bancos, inclusive os maiores, fazem a mesma coisa.</span></p><p><span style="font-size: medium;">A mina de ouro de qualquer banco comercial ou de investimento é o Banco Central. Ali só entra gente nossa. E o país é gerido a partir do Banco Central, que decide tudo de importante na economia. É lá que a zona cinzenta entre legalidade e ilegalidade define a vida de todos. Isso não aparece em nenhum jornal.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Podemos fazer qualquer tipo de especulação com o câmbio, como nos swaps cambiais, por exemplo. Se der errado, o Banco Central cobre o prejuízo. Não existe negócio melhor. Se der errado, o famoso Erário paga a conta. Quem controla toda a economia somos nós e a nosso favor, o Congresso nem apita sobre isso. Quando, muito eventualmente, decide sobre algo, apenas assina o que nós mandamos, essa é verdade que ninguém conhece porque não sai em nenhuma TV.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Claro que tudo é justificado como mecanismo de combate à inflação, e não para enriquecer os ricos. Para quem vê isso tudo funcionar a partir de dentro, como no meu caso, é até engraçado.</span></p><p><b><i><span style="font-size: large;">Essa é a estrutura legalizada pela opacidade do Banco Central e da dívida pública. Mas e os negócios ilegais mesmo?</span></i></b></p><p><span style="font-size: medium;">Não existe negócio que não seja intermediado por um banco, seja legal ou ilegal. Essa história de operador e doleiro é coisa da Lava Jato e da imprensa para desviar a atenção da participação dos agentes financeiros. Os bancos são completamente blindados porque inventaram um meio infalível de distribuir dinheiro para quem já tem muito poder e dinheiro. Falam de todo mundo menos de nós, que comandamos tudo.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Para mim, aí é que está o poder real, o poder do dinheiro. Na verdade, são os bancos os operadores e os doleiros, e todo o dinheiro sai de bancos, seja dinheiro limpo – na realidade, sempre dinheiro que foi tornado limpo -, seja dinheiro sujo. A não ser que você fabrique dinheiro em casa.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Aliás, parte do lucro dos bancos vem de lavar dinheiro e intermediar transações. Mas o grosso da grana vem do Banco Central, das remunerações de sobras de caixa – que são ilegais, mas sobre as quais ninguém diz nada – das operações de swap cambial, dos títulos da dívida – enfim, o Banco Central é nossa mãe. É tudo escancarado, mesmo com inflação zero e o país na ruína.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Nosso lucro é legal, ou seja, legalizado, já que somos intocáveis e ninguém se mete conosco. Boa parte dos juízes e ministros de tribunais superiores, como todo mundo no meio sabe, advogam por interposta pessoa, e nós somos os principais clientes de alguns e de quem paga melhor. São os bancos que pagam as eleições do Congresso quase inteiro. Aí você pode legalizar qualquer coisa, qualquer papel sujo que a gente mande ao Congresso os caras assinam. Nesse contexto, onde se pode tudo, as operações abertamente ilegais são uma parte menor dos lucros, mas obviamente existem.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Se ninguém imprime notas de dinheiro no quintal, é óbvio que todo o dinheiro, inclusive todo dinheiro sujo, vem dos bancos, que retiram parte do seu lucro real intermediando essas relações e lavando esse dinheiro. Os bancos controlam o que você vai fazer com o dinheiro e todo dinheiro pode ser rastreado.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Toda transferência bancária tem um chip e, se você quiser saber de onde o dinheiro vem, dá para saber. Inclusive nas transações internacionais. Se a transferência é em dólar, tudo passa por Nova York e recebe um número. Mas ninguém quer saber, essa é a verdade. Como os bancos mandam na imprensa, nos juízes e nos políticos, a intermediação de todo dinheiro ilegal jamais é denunciada, E se for denunciar, você é que acaba preso. Isso eu garanto.</span></p><p><b><i><span style="font-size: large;">Como funciona mandar dinheiro para propinas no exterior, por exemplo, para comprar gente em Angola, na companhia de petróleo?</span></i></b></p><p><span style="font-size: medium;">Você liga para o presidente de um banco [e cita, testando minha reação, o nome do presidente de um grande banco) e pergunta qual a comissão dele para fazer remessa.</span></p><p><b><span style="font-size: large;"><i>Assim, na cara de pau?”, pergunto.</i></span><span style="font-size: medium;"> </span></b></p><p><span style="font-size: medium;">“E como você acha que funciona?”, indaga Sérgio, rindo e se divertindo com minha surpresa.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Lembra daquelas malas do Geddel? Como você acha que aquele dinheiro chegou naquele apartamento? Dinheiro não dá em árvore. Quem tem a possibilidade de fazer o dinheiro circular de um lugar para outro são os bancos, mais ninguém.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Não há nenhum caso de corrupção em que o dinheiro não venha de um banco. Ou seja, os bancos são os intermediários, sempre. A imprensa nunca toca nisso porque é tabu. Afinal, a imprensa é nossa.</span></p><p><b><span style="font-size: large;"><i>Como assim?</i></span></b></p><p><span style="font-size: medium;">Vou lhe contar um caso. Assim que cheguei no banco, o João Carlos estava com problemas com um jornalista, metido a investidor, que publicava todo dia uma notinha chata sobre negócios nossos aqui em São Paulo. O João ofereceu milhões ao cara para apoiar projetos dele se aliviasse a pressão, mas o cara não aceitou. Foi um caso raro, pois era uma grana e tanto na época. O que fizemos? Compramos o jornal, um dos maiores do Brasil, e demitimos o fulano.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Agora decidimos o que sai ou não, pois somos os donos do jornal. Não precisamos pedir nada a ninguém. O jornal é literalmente nosso. Toda a imprensa hoje em dia é assim, de um modo ou de outro. Ou eles devem os olhos da cara aos bancos ou os bancos são os donos diretamente. Por isso não sai nada na imprensa contra os bancos. A imprensa é toda nossa: televisão, jornais, internet, o que você pensar.</span></p><p><b><span style="font-size: large;"><i>E com os políticos e os juízes, como funciona?</i></span></b></p><p><span style="font-size: medium;">Com os políticos você paga a eleição do cara e o que sobrar, se sobrar, porque toda eleição é mais cara do que se imagina de início, ele embolsa. Aí cobramos e montamos a agenda do cara. Ou então pagamos por serviço, como expliquei, normalmente uma parte em dinheiro vivo e outra em depósito sigiloso. Às vezes, num caso ou outro mais complicado, que precisa ser resolvido para os negócios andarem, você faz um depósito no exterior para vários ao mesmo tempo.</span></p><p><span style="font-size: medium;">A coisa funciona do mesmo modo em Brasília e em São Paulo, e com todos os partidos políticos. Aquilo que aquele maluco da Odebrecht fez, ao criar um departamento de propina, todo banco tem, é como os negócios andam, não tem outro jeito. Mas a gente não deixa rastro como fizeram esses malucos. Ninguém é “santo” [referindo-se à suposta alcunha de Alckmin na Odebrecht], pode acreditar.</span></p><p><b><span style="font-size: large;"><i>E com o Poder Judiciário?</i></span></b></p><p><span style="font-size: medium;">Com os juízes os presentes funcionam que é uma beleza. O cara termina incorporando ao salário – afinal, é a mania deles. A coisa que mais irrita um juiz é saber que um advogado ganha muito mais do que ele. Na verdade, quando o advogado é muito rico, pode ter certeza que também enfia a mão na merda. Como advogado, para enriquecer de verdade, você tem que saber comprar promotores e juízes, além de advogados de outras empresas, para que escolham o seu escritório quando houver necessidade. A Lava Jato está cheia disso. Cansei de ver um colega fodendo o outro para depois ficar com a conta da empresa. Talento muita gente tem, mas construir um círculo de poder e dinheiro e saber gerir isso, mesclando cuidado e ousadia, poucos sabem.</span></p><p><span style="font-size: medium;">É por saberem disso que muitos juízes ficam putos com o dinheiro que os caras ganham. Sempre acham que merecem ganhar ainda mais do que os advogados mais bem pagos, porque os riscos maiores seriam deles, e não dos advogados. Mas a verdade, e todo mundo sabe, é que a maior punição que um juiz recebe é aposentadoria compulsória, e mesmo para chegar a isso tem que aprontar um monte e fazer muito mal feito.</span></p><p><b><span style="font-size: large;"><i>E como vocês recompensam os juízes?</i></span></b></p><p><span style="font-size: medium;">É um pouco diferente, porque os caras são muito vaidosos, alguns se acham intelectuais. Quando o cara é muito vaidoso, o melhor método é pagar uma palestra com 100, 200 ou 300 mil reais, e ainda faz o cara se convencer de que é por sua cultura jurídica. Ou fazemos seminários internacionais com grandes jornais e revistas comentando e fotografando – aí eles piram. Nesse meio, você tem que saber comprar a vaidade dos caras, fazer com que se sintam mais importantes do que são. Ou então compramos diretamente a sentença.</span></p><p><b><span style="font-size: large;"><i>Você pergunta o preço da sentença e paga, assim, na cara de pau?</i></span></b></p><p><span style="font-size: medium;">“Como você acha que funciona?”, retruca Sérgio, sempre se divertindo muito por estar dando aulas de sociologia prática da vida real.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Vou lhe contar um caso que vai fazer você entender como tudo funciona. O João queria abrir uma casa noturna em Florianópolis, só para se divertir. O diabo é que encasquetou de construir a boate num lugar que era área de proteção ambiental, o MP (Ministério Público] local encrencou e a história virou uma pendenga judicial. Aí tive que ir lá para acertar com o juiz. Quando deixei tudo combinado, o João mandou uma loura – que foi favorita dele durante um tempo e depois passou a trabalhar com a gente, dessas muito bonitas e de 1,80 de altura, como só tem no Sul – levar, numa bolsa grande dessas de marca, um milhão de reais, misturando reais e dólares.</span></p><p><span style="font-size: medium;">A ordem do João foi mais ou menos assim: “Põe aquele vestido vermelho justinho da Armani que te dei, entrega a mala e faz o juiz feliz.” O fulano passou um fim de semana com a loura, ficou com o dinheiro e a mala, e o João construiu a boate bem onde queria. É assim que funciona com o Judiciário.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Mas não foi uma experiência agradável, vou confessar, já que a moça foi humilhada de um modo meio violento. Fomos ela e eu levar a mala com dinheiro vivo para o juiz. Começamos a discutir o modus operandi jurídico do caso com o juiz e mais dois auxiliares na própria sala do juiz, depois do expediente.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Betina, era assim que a moça se chamava, era estudante de direito e de vez em quando arriscava um palpite sobre o caso. A certa altura o juiz se irritou e disse que ela não era advogada, mas puta, e estava ali para outro serviço. Na mesma hora, botou o pau para fora, na minha presença e de outros dois, e mandou a moça chupar.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Depois mandou que fizesse o mesmo com os dois funcionários. Em seguida entra um terceiro assistente, todos obviamente de confiança do juiz e de sua equipe “privada”. Ao ver a moça ainda de joelhos e já com o belo vestido meio rasgado, lança um olhar entre divertido e intrigado à cena, e então o juiz o interpela: “Quer também?” Ato contínuo, a moça cumpre pela quarta vez o mesmo ritual. Esse pessoal adora um abuso, quase tanto quanto dinheiro.</span></p><p><b><span style="font-size: large;"><i>As mulheres sempre participam desse jogo?</i></span></b></p><p><span style="font-size: medium;">Nem todo mundo gosta de misturar putaria e trabalho, mas se você for carente e cair nessa, está fodido. Aí fica na mão mesmo. E o diabo é que o que mais existe é gente carente afetivamente, que sem perceber cai nessa armadilha. Eu, por exemplo, não participo. Como tenho mulher parceira, não tenho este tipo de carência. Não digo que não tenha participado uma vez ou outra, nesses quase 20 anos em que trabalho aqui, mas não é a minha praia.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Mas tem muitos que gostam. Os estrangeiros, por exemplo, adoram. Passei um ano em Londres trabalhando como estagiário na área jurídica do mercado financeiro e lá a putaria é mais pesada. Onde tem muito dinheiro tem muita putaria. Pesada mesmo, todo tipo de coisa que você for capaz de imaginar. Tipo alugar castelo do século XVII para um fim de semana com muita droga e muita festa para todo tipo de gosto.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Afinal, todas as máfias do mundo estão por lá, russos, árabes, africanos, brasileiros. Londres é uma grande lavanderia atrás da fachada da realeza. Comparados com eles, somos amadores. Mas </span><span style="font-size: medium;">João sabe fazer esse jogo, não é nenhum amador. Por exemplo, para funcionar, não pode parecer putaria barata, e o João é um gênio nesse jogo.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Outro dia tivemos um cara, um norueguês, da companhia de petróleo deles. O cara sabe tudo de prospecção de petróleo. O João se encarregou pessoalmente de armar a festa. Ele tem uma ilha em Angra só para isso, com heliporto e um iate lindo. Tudo encoberto pela mata atlântica, privacidade total. É um fim de semana de sonho.</span></p><p><span style="font-size: medium;">A gente tem de 15 a 20 mulheres lindas, que podemos chamar a qualquer hora, algumas ganham presentes caros todos os meses, outras a gente paga mesmo, e nenhuma delas você diria que é puta. São lindas, elegantes, sabem conversar, usam roupas caras, se comportam e não destoam em nenhum ambiente. Algumas você deve conhecer, aparecem na internet, mas isso eu não posso contar. O norueguês, por exemplo, ficou tão louco que queria levar uma delas para a Noruega.</span></p><p><span style="font-size: medium;">O João aproveita e chama ainda um juiz, um político, um amigo do mercado ou um procurador mais chegado, chama também alguns daqui do banco mesmo, que sabem criar o ambiente mais relaxado e agradável possível, tudo para criar um clima de festa normal. O segredo é forjar “amizades”. As vezes montamos negócios inteiros com todos os interessados participando, mas sem parecer negócio, como se fossem amigos se divertindo.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Você tem que saber misturar e montar para parecer diversão entre os “parça”, entende? Lá as meninas sabem fazer o trabalho do melhor modo possível. Tudo parece a coisa mais natural do mundo, como uma festa normal e animada entre conhecidos. Nisso de criar uma relação de confiança, o João é impagável. Eu só faço o me campo. O astro é ele.</span></p><p><b><i><span style="font-size: large;">E cabe a você comprar as pessoas para os negócios andarem?</span></i></b></p><p><span style="font-size: medium;">Quem existe neste mundo que não é comprado de alguma forma? Comprar alguém bem comprado não envolve só dinheiro. Você tem que comprar uma relação de confiança. Sem isso, todo o dinheiro do mundo não conta. E isso é um talento.</span></p><p><span style="font-size: medium;">João costuma dizer que quem manda no Brasil, a elite, não soma mais do que 800 pessoas, e que ele e eu conhecemos cada uma delas. Dessas 800 pessoas, 600 estão em São Paulo, 100 em Brasília e 100 no resto do Brasil. Temos uma relação excelente com boa parte desse pessoal, e diria que, com pelo menos umas 100 dessas 800 pessoas, temos uma relação de confiança construída ao longo dos anos.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Um banco, como qualquer empresa, vive de oportunidades de negócios que a conjuntura econômica e política cria. Se você é realmente um bom empresário, não pode ficar apenas esperando que a oportunidade surja com a conjuntura, pois aí vai ter muitos rivais e concorrentes.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Um bom empresário ou banqueiro é o que percebe a oportunidade quando ela aparece. Mas se você é muito bom, melhor que os outros, como no caso do João, então você tem que fazer com que a oportunidade aconteça só para você ou que você possa aproveitá-la antes dos outros.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Este é o segredo do nosso negócio. Se deixa passar uma janela de oportunidade, você não é bom no que faz. Mas nós somos muito bons no que fazemos. Nós criamos a oportunidade de tal modo que ela caia no nosso colo. Para isso servem as relações de confiança cultivadas ao longo dos anos.</span></p><p><i><b>fim</b></i></p>Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-31123116421917960732024-01-24T13:37:00.000-03:002024-01-24T13:37:57.707-03:00O SACERDOTE DOS RENEGADOS<p><i><span style="font-size: large;"></span></i></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcktVU0M7MOCRHQR1pce4mSylHgDqQQwQqBxEodOnl_2b1pkn7EezmNIm0ycoWYx0S1xX1qgmV4ZIICpip0mADXU3NXnx8oEoePjH3cxgkFNBtIuvPWwzKTW_MELRjec8sZCUSNJ5QtphrwIQpauyrdLOGdY3TYmOWoq0uOMBBsDWsgHJ5fyyZgEz2Rk8r/s2048/Padre%20Julio%20Lancellotti%20cumprimenta.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="996" data-original-width="2048" height="298" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcktVU0M7MOCRHQR1pce4mSylHgDqQQwQqBxEodOnl_2b1pkn7EezmNIm0ycoWYx0S1xX1qgmV4ZIICpip0mADXU3NXnx8oEoePjH3cxgkFNBtIuvPWwzKTW_MELRjec8sZCUSNJ5QtphrwIQpauyrdLOGdY3TYmOWoq0uOMBBsDWsgHJ5fyyZgEz2Rk8r/w612-h298/Padre%20Julio%20Lancellotti%20cumprimenta.jpeg" width="612" /></a></span></i></div><i><span style="font-size: large;"><b><p><i><span style="font-size: large;"><b><br /></b></span></i></p>Padre Júlio Lancellotti e seu povo de rua precisam desaparecer para o bem dos negócios</b></span></i><p></p><p><br /></p><p>Por Edson Osvaldo Melo </p><p><br /></p><p><span style="font-size: medium;">EM março de 2020, aproveitando uma conexão no trajeto de Goiânia para Curitiba, fiz questão de ir conhecer o Padre Júlio Lancellotti lá na Paróquia São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, em São Paulo.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Tão pequenina a igreja, que em minha cidade natal não passaria de uma capela.</span></p><p><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3GTjc6cQ6QkXb0ge1qOxhGayHAjtAMGfrg0SkD7WdQV-nh7_ZcQOMooAUCJn-Cl74ykttvJAAom2_jS-vVTW0Ma8c7WChdDYbt61azDvgb_sjGCEIbO6_eQtQ4EW1WcdXZh-nYjrNnA6ShwzIttlA09TCIe1M294lK5gmTk2C-uwmTPlrJbJ1jhP8ICtx/s2048/Padre%20J%C3%BAlio%20Lancellotti%20igreja2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-size: medium;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="996" height="695" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3GTjc6cQ6QkXb0ge1qOxhGayHAjtAMGfrg0SkD7WdQV-nh7_ZcQOMooAUCJn-Cl74ykttvJAAom2_jS-vVTW0Ma8c7WChdDYbt61azDvgb_sjGCEIbO6_eQtQ4EW1WcdXZh-nYjrNnA6ShwzIttlA09TCIe1M294lK5gmTk2C-uwmTPlrJbJ1jhP8ICtx/w339-h695/Padre%20J%C3%BAlio%20Lancellotti%20igreja2.jpg" width="339" /></span></a></div><span style="font-size: x-small;"> <b> Espigões com vidros coloridos surgem no horizonte da Igreja do Padre Júlio</b></span><b><br /></b><p><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><p><span style="font-size: medium;">Padre Júlio contou que ela era uma espécie de "patinho feio" da Cúria paulistana, em razão da dimensão e pouco movimento.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Evitada, se possível, por outros sacerdotes por falta de, digamos, perspectiva.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Ele assumiu a parada.</span></p><p><span style="font-size: medium;">E com a atuação em prol dos mais necessitados, o espaço que já era pequeno ficou ainda menor, obrigando a busca de um local apropriado para o atendimento.</span></p><p><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEii031qWJYvElvbrhJN1gmFhlS6OVb1zY5mwRtc2tR3bxCnLhJhWmDDgonD4heDVU60JtybUxEQi-382TivKDeckWy8XhiNUS61mki2-ZkxM-xPHmfCCwB3qz2TsODc47V3OO3oH7iffifI5bem0ijJkr8eT0CvYM4NMRorj9kjOjx5EqItRFqpaoVhL3w-/s2048/Padre%20J%C3%BAlio%20Lancellotti%20refeit%C3%B3rio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-size: medium;"><img border="0" data-original-height="996" data-original-width="2048" height="310" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEii031qWJYvElvbrhJN1gmFhlS6OVb1zY5mwRtc2tR3bxCnLhJhWmDDgonD4heDVU60JtybUxEQi-382TivKDeckWy8XhiNUS61mki2-ZkxM-xPHmfCCwB3qz2TsODc47V3OO3oH7iffifI5bem0ijJkr8eT0CvYM4NMRorj9kjOjx5EqItRFqpaoVhL3w-/w638-h310/Padre%20J%C3%BAlio%20Lancellotti%20refeit%C3%B3rio.jpg" width="638" /></span></a></div><span style="font-size: medium;"><br /></span><p><span style="font-size: medium;">Assim surgiu, a poucas quadras da igreja, o refeitório popular que atende diariamente com dignidade o povo de rua.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Padre Júlio fez questão de ir caminhando ao meu lado, até lá.</span></p><p><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXrOqSiKuyISfCoXa3SlOsp_fHCvZxPit5WO2mlSYCmok21mQ47zdXYusH3FYFNUE88h8AQvMWKutUX_FjkBdcwPXwfTECSxbx0E0TVbN2MLDrPVrmyTcJL1QLkKsVZKT9tNBRp5Z67WSGOcgM8X9FIxggDO8WXnQcIESYlNW1MoSey81JqvQNohC7c1ca/s2048/Padre%20J%C3%BAlio%20Lancellotti%20conversa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-size: medium;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="996" height="458" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXrOqSiKuyISfCoXa3SlOsp_fHCvZxPit5WO2mlSYCmok21mQ47zdXYusH3FYFNUE88h8AQvMWKutUX_FjkBdcwPXwfTECSxbx0E0TVbN2MLDrPVrmyTcJL1QLkKsVZKT9tNBRp5Z67WSGOcgM8X9FIxggDO8WXnQcIESYlNW1MoSey81JqvQNohC7c1ca/w223-h458/Padre%20J%C3%BAlio%20Lancellotti%20conversa.jpg" width="223" /></span></a></div><span style="font-size: medium;"><br /></span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZxQW2yfdtXP4vUK-O0vEgZIWp0pcQxifvkOJTwf9z0nTWsWU-Qz-1yYwqOKLKmWqBVqna6uiXvpfhjBZNm0q9UA4rdaRcOR5unWkZqpXQOe-TlwG-9VtYzfLKtxb_qF11fY79j1IywiiisOtPVnUThZNpPTclWkjelIttVOlI3A0GJdxAzA3kRN8PuH3I/s2048/Padre%20J%C3%BAlio%20Lancellotti%20abra%C3%A7o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-size: medium;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="996" height="490" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZxQW2yfdtXP4vUK-O0vEgZIWp0pcQxifvkOJTwf9z0nTWsWU-Qz-1yYwqOKLKmWqBVqna6uiXvpfhjBZNm0q9UA4rdaRcOR5unWkZqpXQOe-TlwG-9VtYzfLKtxb_qF11fY79j1IywiiisOtPVnUThZNpPTclWkjelIttVOlI3A0GJdxAzA3kRN8PuH3I/w239-h490/Padre%20J%C3%BAlio%20Lancellotti%20abra%C3%A7o.jpg" width="239" /></span></a></div><span style="font-size: medium;"><br /></span><p><span style="font-size: medium;">Pude constatar in loco, observando o olhar das pessoas atendidas, a importância da missão de Júlio Lancellotti. </span></p><p><b><span style="font-size: medium;">Especulação Imobiliária</span></b></p><p><span style="font-size: medium;">É visível nas proximidades da Paróquia São Miguel Arcanjo do Padre Júlio Lancellotti a construção de novos empreendimentos imobiliários (vide fotos).</span></p><p><span style="font-size: medium;">A Mooca é a bola da vez. </span></p><p><span style="font-size: medium;">A proximidade do Centro, o Metrô, avenidas largas: tudo favorece para a mudança repentina de um bairro outrora operário, com casas e sobrados entre galpões industriais e comerciais, para uma selva de espigões com aqueles vidros verdes horríveis.</span></p><p><span style="font-size: medium;">O refeitório do Padre Júlio atrai e atende, socorre, o povo de rua. Se o povo é de rua, não há "retorno para casa" após as refeições. Uma boa parte fica por ali, monta uma barraca debaixo de uma árvore, na calçada, no gramado...</span></p><p><span style="font-size: medium;">O visual desta população desabrigada agride os planos dos empreendedores que querem, e estão transformando, a Mooca.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Padre Júlio e seu povo de rua precisam desaparecer para o bem dos negócios. </span></p><p><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGGQWe6-aPOZVyuH3MHXDtCG-2QEuQSOXWxBhk-5VOb6ccUR7vvU6TZqk2r9iKTd4EaU-dAThvUh_JLqpN9HthoVPfoDwtfBAdAaTqncYBNrvmeNY-cjhZ_DX5pnnNmYZsY6j-oBymng597pd6OY2jc8u7IHSiCHX8nGDpkLNICvxvz9PkPGnlIcO8_Nq0/s2048/Padre%20J%C3%BAlio%20Lancellotti%20conversa2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-size: medium;"><img border="0" data-original-height="996" data-original-width="2048" height="287" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGGQWe6-aPOZVyuH3MHXDtCG-2QEuQSOXWxBhk-5VOb6ccUR7vvU6TZqk2r9iKTd4EaU-dAThvUh_JLqpN9HthoVPfoDwtfBAdAaTqncYBNrvmeNY-cjhZ_DX5pnnNmYZsY6j-oBymng597pd6OY2jc8u7IHSiCHX8nGDpkLNICvxvz9PkPGnlIcO8_Nq0/w589-h287/Padre%20J%C3%BAlio%20Lancellotti%20conversa2.jpg" width="589" /></span></a></div><span style="font-size: medium;"><br /></span><p><span style="font-size: medium;">(Até mesmo) alguns policiais militares já mandaram recados por meio de um ou outro desabrigado: "avise o teu padreco que a hora dele vai chegar"!</span></p><p><span style="font-size: medium;">Antes mesmo de algo pior acontecer, já foi decretada a invisibilidade desta gente: eles têm que sumir dali.</span></p><p><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><p><i><span style="font-size: medium;">*Padre Júlio Lancellotti, 75 anos, é responsável pela Paróquia de São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca. Desde 1993, coordena a Pastoral do Povo de Rua. É padre desde 1985 e foi um dos fundadores da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo, em 1977.</span></i></p><p><b><span style="font-size: medium;">*Texto e fotos: Edson Osvaldo Melo </span></b></p><p><br /></p>Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-60168648599052706692024-01-18T22:40:00.002-03:002024-01-18T22:40:57.702-03:00 Papa Francisco: o verdadeiro amor não possui, se doa ao outro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRDnca7yVF2xbksFUlRjXcgOFtviYfhyMdWRxKJouHXIPsfTFjIe3nMChn2CjEfGU_f5pNC-a9ZiYByTTto9uub8-6cfLupblyHGKrEiX2ugHVAAz6Wxktb0NN29tLEhzflBambeYRat3f6lfhlN7FslRv73Uip9wcvbu3vkI8LMTTyNWohmpPr3p0L2TZ/s500/PapaFrancisco17Jan24.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="281" data-original-width="500" height="401" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRDnca7yVF2xbksFUlRjXcgOFtviYfhyMdWRxKJouHXIPsfTFjIe3nMChn2CjEfGU_f5pNC-a9ZiYByTTto9uub8-6cfLupblyHGKrEiX2ugHVAAz6Wxktb0NN29tLEhzflBambeYRat3f6lfhlN7FslRv73Uip9wcvbu3vkI8LMTTyNWohmpPr3p0L2TZ/w713-h401/PapaFrancisco17Jan24.jpeg" width="713" /></a></div><p><span style="font-family: courier;"> Papa Francisco durante a Audiência Geral de 17 de janeiro</span></p><p><i><br /></i></p><p><i><span style="font-size: medium;">"Construir juntos uma história é melhor do que correr atrás de aventuras, cultivar ternura é melhor do que se curvar ao demônio da posse. Porque se não há amor, a vida é uma triste solidão", destacou Francisco durante a Audiência Geral desta quarta-feira (17), ao dedicar a catequese sobre o vício da luxúria.</span></i></p><p><b><i><span style="font-size: x-small;">Por Thulio Fonseca – Vatican News</span></i></b></p><p><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><p><span style="font-size: medium;"><b>N</b>a manhã desta quarta-feira, 17 de janeiro, Francisco deu continuidade ao itinerário de catequeses sobre os vícios e as virtudes. O tema da reflexão durante a Audiência Geral na Sala Paulo VI foi dedicado ao vício da luxúria, do qual "os antigos Padres ensinam que, depois da gula, é o segundo 'demônio' que está sempre à porta do coração".</span></p><p><span style="font-size: medium;">“Enquanto a gula é a voracidade por comida”, destacou o Papa, “esse segundo vício é uma espécie de ‘voracidade’ por outra pessoa, ou seja, o vínculo envenenado que os seres humanos mantêm entre si, principalmente no âmbito da sexualidade”.</span></p><p><b><span style="font-size: medium;">O Cristianismo não condena o instinto sexual</span></b></p><p><span style="font-size: medium;">O Pontífice então enfatizou que “no Cristianismo não há condenação do instinto sexual”. E recordou aos fiéis que “um livro da Bíblia, o Cântico dos Cânticos, é um maravilhoso poema de amor entre dois noivos, contudo, esta bela dimensão da nossa humanidade não está isenta de perigos”.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Como exemplo, Francisco apresentou a exortação de São Paulo presente na primeira Carta aos Coríntios: “Ouve-se dizer constantemente que se comete, em vosso meio, a luxúria, e uma luxúria tão grave que não se costuma encontrar nem mesmo entre os pagãos” (5,1), e completou: “a repreensão do Apóstolo diz respeito precisamente a uma gestão pouco saudável da sexualidade por parte de alguns cristãos”.</span></p><p><b><span style="font-size: medium;">Apaixonar-se, uma realidade surpreendente</span></b></p><p><span style="font-size: medium;">Ao voltar seu olhar para a experiência humana do apaixonar-se, o Papa afirmou que esta é uma das realidades mais surpreendentes da existência: “a maioria das canções que ouvimos no rádio é sobre isso: amores que se iluminam, amores sempre buscados e nunca alcançados, amores cheios de alegria ou que atormentam até as lágrimas”.</span></p><p></p><blockquote><i><b><span style="font-size: medium;">“Se não estiver poluído pelo vício, o apaixonar-se é um dos sentimentos mais puros. Uma pessoa apaixonada torna-se generosa, gosta de dar presentes, escreve cartas e poemas. Deixa de pensar em si mesmo para se projetar completamente nos outros. E se perguntais a um apaixonado por qual motivo ama, não encontrará uma resposta: em muitos aspetos o seu amor é incondicional, sem qualquer motivo”.</span></b></i></blockquote><p></p><p><span style="font-size: medium;">Segundo Francisco, esse amor, tão poderoso, é também um pouco ingênuo: “o apaixonado não conhece bem o rosto do outro, tende a idealizá-lo, está pronto a fazer promessas cujo peso não compreende imediatamente”. Este “jardim” onde se multiplicam as maravilhas não está, porém, a salvo do mal, sublinhou o Papa, mas tantas vezes é desfigurado pelo demônio da luxúria.</span></p><p><b><span style="font-size: medium;">O luxurioso desconhece o caminho do amor</span></b></p><p><span style="font-size: medium;">O Pontífice notou que este vício é particularmente odioso por dois motivos:</span></p><p><span style="font-size: medium;">“Em primeiro lugar porque devasta as relações entre as pessoas. Infelizmente, as notícias do dia a dia são suficientes para documentar tal realidade. Quantos relacionamentos que começaram da melhor maneira se transformaram em relacionamentos tóxicos, de posse do outro, desprovidos de respeito e de senso de limites? São amores em que faltou a castidade: virtude que não deve ser confundida com a abstinência sexual, mas sim com a vontade de nunca possuir o outro.”</span></p><p></p><blockquote><i><b><span style="font-size: medium;">“Amar é respeitar o outro, buscar a sua felicidade, cultivar a empatia pelos seus sentimentos, colocar-se no conhecimento de um corpo, de uma psicologia e de uma alma que não são os nossos, e que devem ser contemplados pela beleza de que são portadores. Amar é belo!”</span></b></i></blockquote><p></p><p><span style="font-size: medium;">A luxúria, por outro lado, sublinhou o Papa, “zomba de tudo isso: ataca, rouba, consome às pressas, não quer ouvir o outro, mas apenas a sua própria necessidade e prazer; a luxúria considera enfadonho todo namoro, não busca aquela síntese entre razão, impulso e sentimento que nos ajudaria a conduzir nossa existência com sabedoria. O luxurioso só busca atalhos: não entende que o caminho do amor deve ser percorrido devagar, e essa paciência, longe de ser sinônimo de tédio, nos permite tornar felizes as nossas relações amorosas”.</span></p><p><b><span style="font-size: medium;">Amar é o oposto de possuir</span></b></p><p><span style="font-size: medium;">Ao recordar que “entre todos os prazeres do homem, a sexualidade tem uma voz poderosa”, o Papa evidenciou a segunda razão pela qual a qual a luxúria é um vício perigoso:</span></p><p></p><blockquote><b><i><span style="font-size: medium;">“A sexualidade envolve todos os sentidos; reside tanto no corpo quanto na psique; se não for disciplinada com paciência, se não se inscrever em uma relação e em uma história onde dois indivíduos a transformam em uma dança amorosa, ela transforma-se em uma corrente que priva o homem de liberdade. O prazer sexual é prejudicado pela pornografia: satisfação sem relacionamento que pode gerar formas de dependência. Devemos defender o amor, a pureza de doar-se um ao outro, essa é a beleza de uma relação sexual.”</span></i></b></blockquote><p></p><p></p><blockquote><i><b><span style="font-size: medium;">“Vencer a batalha contra a luxúria, contra a “coisificação” do outro, pode ser uma tarefa para toda a vida.”</span></b></i></blockquote><p></p><p><span style="font-size: medium;">Por fim, destacou o Papa, o prêmio desta batalha é o mais importante de todos, porque consiste em preservar aquela beleza que Deus escreveu na sua criação quando imaginou o amor entre o homem e a mulher:</span></p><p><b><i><span style="font-size: medium;"></span></i></b></p><blockquote><b><i><span style="font-size: medium;"> “Construir juntos uma história é melhor do que correr atrás de aventuras, cultivar ternura é melhor do que se curvar ao demônio da posse, o verdadeiro amor não possui, se doa, servir é melhor do que conquistar. Porque se não há amor, a vida é uma triste solidão”.</span></i></b></blockquote><p></p><p><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj90o_RNz8K3yqr7GG_NG9jEnJcJYo0E6N2_sdd4Ag0_KVSa5esSbCJ5P5US2zI-zWpFPUOPcZP7tUyzLIQEf9dAnjnLDb0ueQX0F_6RCsWEIUUNfUX64dVmZ9eB0JJNp9MzfLnY4-8QyflW7qUNilsyfdJnDd7wpekjLn5eYe03YUpZJUdd2a8Sai7gQXE/s500/PapaFranciscoFI%C3%89IS17Jan24.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-size: medium;"><img border="0" data-original-height="281" data-original-width="500" height="318" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj90o_RNz8K3yqr7GG_NG9jEnJcJYo0E6N2_sdd4Ag0_KVSa5esSbCJ5P5US2zI-zWpFPUOPcZP7tUyzLIQEf9dAnjnLDb0ueQX0F_6RCsWEIUUNfUX64dVmZ9eB0JJNp9MzfLnY4-8QyflW7qUNilsyfdJnDd7wpekjLn5eYe03YUpZJUdd2a8Sai7gQXE/w566-h318/PapaFranciscoFI%C3%89IS17Jan24.jpeg" width="566" /></span></a></div><p><span style="font-size: medium;"> <span style="font-family: courier;"> Fiéis durante a Audiência Geral com o Papa Francisco</span> </span></p><p><br /></p>Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-74746090331223507602024-01-13T00:18:00.000-03:002024-01-13T00:18:08.704-03:00Fisk: A verdadeira história de Gaza que os israelenses não contam<p><i><span style="font-size: medium;"><br /></span></i></p><p><i><span style="font-size: medium;">Artigo do jornalista Robert Fisk explica as razões do permanente ataque de Israel contra o povo palestino. </span></i></p><p><i><span style="font-size: medium;">Publicado em 2014, é ainda esclarecedor. </span></i></p><p><i><span style="font-size: medium;">É luta por conquista de território. </span></i></p><p><i><span style="font-size: medium;">E das riquezas como gás, petróleo (reservas descobertas no início dos anos 2000 no litoral da Faixa de Gaza) e até mesmo a produção de laranjas (a fruta!).</span></i></p><p><i><span style="font-size: medium;">#robertfisk</span></i></p><p><i><span style="font-size: medium;">#palestina</span></i></p><p><i><span style="font-size: medium;">#paz</span></i></p><p><i><span style="font-size: medium;"><br /></span></i></p><p><i></i></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6q8JWWElDoP3A-LJn1InlNo1AWU5fpfLnHimrDYYtDVLZUwwWMpiB01W2cigIjcn4jsrcohzT5nG4E6dAqUjhyphenhyphenUB8Ly_kWx46q76TiMsTMgCxj6AXC04fdpr_DCAZwuZrO-gYinO9HpmxG50gimZPQ5BFtl6iY5nlHz7PysrHNwNKKUQP-NXaWTu-CEym/s1170/faixa%20de%20gaza.webp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="700" data-original-width="1170" height="330" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6q8JWWElDoP3A-LJn1InlNo1AWU5fpfLnHimrDYYtDVLZUwwWMpiB01W2cigIjcn4jsrcohzT5nG4E6dAqUjhyphenhyphenUB8Ly_kWx46q76TiMsTMgCxj6AXC04fdpr_DCAZwuZrO-gYinO9HpmxG50gimZPQ5BFtl6iY5nlHz7PysrHNwNKKUQP-NXaWTu-CEym/w511-h330/faixa%20de%20gaza.webp" width="511" /></a></i></div><i><br /><span style="font-size: medium;"><br /></span></i><p></p><div><div><span style="font-size: medium;">por <b>Robert Fisk</b>, no diário britânico <b><i>Independent</i></b></span></div><div><span style="font-size: x-small;">(11 de julho de 2014)</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><span style="font-size: large;"><br /></span></div><div><span style="font-size: x-large;"><i><b>É terra. A questão é terra.</b></i></span></div><div><span style="font-size: large;"><br /></span></div><div><span style="font-size: large;"><br /></span></div><div><b><span style="font-size: large;">O</span></b><span style="font-size: medium;">K, só nessa tarde, o escore de dois dias de mortes é 40 mortos palestinos e nenhum morto israelense. Passemos agora à história de Gaza de que ninguém falará nas próximas horas.</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><span style="font-size: medium;">É terra. A questão é terra. Os israelenses de Sderot estão recebendo tiros de rojões dos palestinos de Gaza, e agora os palestinos estão sendo bombardeados com bombas de fósforo e bombas de fragmentação pelos israelenses. É. Mas e como e por que, para início de conversa, há hoje 1 milhão e meio de palestinos apertados naquela estreita Faixa de Gaza?</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><span style="font-size: medium;">As famílias deles, sim, viveram ali, não eles, no que agora é chamado Israel. E foram expulsas – e tiveram de fugir para salvar suas vidas – quando foi criado o estado de Israel.</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><span style="font-size: medium;">E – aqui, talvez, melhor respirar fundo antes de ler – o povo que vivia em Sederot no início de 1948 não era israelense, mas árabes palestinos. A vila palestina chamava-se Huj. Nunca foram inimigos de Israel. Dois anos antes de 1948, os árabes de Huj até deram abrigo e esconderam ali terroristas judeus do Haganah, perseguidos pelo exército britânico. Mas quando o exército israelense voltou a Huj, dia 31/5/1948, expulsou todos os árabes das vilas… para a Faixa de Gaza!</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><span style="font-size: medium;">Tornaram-se refugiados. David Ben Gurion (primeiro primeiro-ministro de Israel, chamou a expulsão de “ação injusta e injustificada”). Pior, impossível. Os palestinos de Huj, hoje Sderot, nunca mais puderam voltar à terra deles.</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><span style="font-size: medium;">E hoje, bem mais de 6 mil descendentes dos palestinos de Huj – atual Sderot – vivem na miséria de Gaza, entre os “terroristas” que Israel mente que estaria caçando, e os quais continuam a atirar contra o que foi Huj.</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><span style="font-size: medium;">A história do direito de autodefesa de Israel é a história de sempre. Hoje, foi repetida e a ouvimos mais uma vez. E se a população de Londres estivesse sendo atacada como o povo de Israel? Não responderia? Ora bolas, sim. Mas não há mais de um milhão de ex-moradores de Londres expulsos de suas casas e metidos em campos de refugiados, logo ali, numas poucas milhas quadradas cercadas, perto de Hastings!</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><span style="font-size: medium;">A última vez em que se usou esse falso argumento foi em 2008, quando Israel invadiu Gaza e assassinou pelo menos 1.100 palestinos (escore: 1.100 mortos palestinos, a 13 mortos israelenses). E se Dublin fosse atacada por foguetes – perguntou então o embaixador israelense? Mas nos anos 1970s, a cidade britânica de Crossmaglen no norte da Irlanda estava sendo atacada por foguetes da República da Irlanda – nem por isso a Real Força Aérea britânica pôs-se a bombardear Dublin, em retaliação, matando mulheres e crianças irlandesas.</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><span style="font-size: medium;">No Canadá, em 2008, apoiadores de Israel repetiram esse argumento fraudulento: e se o povo de Vancouver ou Toronto ou Montreal fosse atacado com foguetes lançados dos subúrbios de suas próprias cidades? Como se sentiriam? Não. Os canadenses nunca expulsaram para campos de refugiados os habitantes originais dos bairros onde hoje vivem.</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><span style="font-size: medium;">Passemos então para a Cisjordânia. Primeiro, Benjamin Netanyahu disse que não negociaria com o ‘presidente’ palestino Mahmoud Abbas, porque Abbas não representava também o Hamas. Depois, quando Abbas formou um governo de unidade, Netanyahu disse que não negociaria com Abbas, porque ‘unificara’ seu governo com o “terrorista” Hamas. Agora, está dizendo que só falará com Abbas se romper com o Hamas – quando, então, rompido, Abbas não representará o Hamas…</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><span style="font-size: medium;">Enquanto isto, o grande filósofo da esquerda israelense, Uri Avnery – 90 anos e, felizmente, cheio de energia – ataca a mais recente obsessão de seu país: a ameaça de que o ISIS mova-se para oeste, lá do seu ‘califato’ iraquiano-sírio, e aporte à margem leste do rio Jordão.</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><span style="font-size: medium;">“E Netanyahu disse”, segundo Avnery, que “se não forem detidos por uma guarnição permanente de Israel no local (no rio Jordão), logo mostrarão a cara nos portões de Tel Aviv”. A verdade, claro, é que a força aérea de Israel esmagaria qualquer ‘ISIS’ [Nota do Viomundo: Estado Islâmico, movimento sunita insurgente do Iraque], no momento em que começasse a cruzar a fronteira da Jordânia, vindo do Iraque ou da Síria.</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><span style="font-size: medium;">A importância da “guarnição permanente”, contudo, é que se Israel mantém seu exército na Jordânia (para proteger Israel contra o ISIS), um futuro estado “palestino” não terá fronteiras e ficará como enclave dentro de Israel, cercado por território israelense por todos os lados. “Em tudo semelhante aos bantustões sul-africanos” – diz Avnery.</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><span style="font-size: x-large;"><b><i>Jamais existirá um estado da Palestina</i></b></span></div><div><span style="font-size: x-large;"><b><i><br /></i></b></span></div><div><span style="font-size: medium;">Em outras palavras: nenhum estado “viável” da Palestina jamais existirá. Afinal, o ISIS não é a mesma coisa que o Hamas? É claro que não é.</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><span style="font-size: medium;">Mas Mark Regev, porta-voz de Netanyahu, diz que é! Regev disse à Al Jazeera que o Hamas seria “organização terrorista extremista não muito diferente do ISIS no Iraque, do Hezbollah no Líbano, do Boko Haram…” Sandices. O Hezbollah é exército xiita que está lutando dentro da Síria contra os terroristas do ISIS. E Boko Haram – a milhares de quilômetros de Israel – não ameaça Tel Aviv. [Nota do Viomundo: O Boko Haram atua na Nigéria]</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><span style="font-size: medium;">Vocês entenderam o ‘espírito’ da fala de Regev. Os palestinos de Gaza – e esqueçam as 6 mil famílias palestinas cujas famílias foram expulsas pelos sionistas das terras onde hoje está Sederot – são aliados das dezenas de milhares de islamistas que ameaçam Maliki de Bagdá, Assad de Damasco ou o presidente Goodluck Jonathan em Abuja.</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><span style="font-size: medium;">Sim, mas… Se o ISIS está a caminho para tomar a Cisjordânia, por que o governo sionista de Israel continua a construir colônias ali?! Colônias ilegais, em terra árabe, para civis israelenses… na trilha do ISIS?! Como assim?!</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><span style="font-size: medium;">Nada do que se vê hoje na Palestina tem a ver com o assassinato de três israelenses na Cisjordânia ocupada, nem com o assassinato de um palestino na Jerusalém Leste ocupada. Tampouco tem algo a ver com a prisão de militantes e políticos do Hamas na Cisjordânia. E nem o que se vê hoje na Palestina tem algo a ver com foguetes. Tudo, ali, sempre, é disputa por terra dos árabes.</span></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><br /></div><div><span style="font-size: x-small;"><i>fim</i></span></div></div><div><br /></div>Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-73709893321628485702024-01-08T15:48:00.005-03:002024-01-13T00:20:19.791-03:00Caindo na real: jornalista “PJ” de emissora paulistana é impedido no SESC de utilizar a piscina por não ser celetista<p><i><span style="font-size: large;"> Sobre as mazelas do trabalho precário (sem registro em carteira)</span></i></p><p style="text-align: left;"><i><br /></i></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhPxMuFvzk2XA7TuADPyr1o6q6XVykGjQ_6cZ_NuzP_h6PBB8WW33ECJlESWRbSQ1GpcCCyKG9wo5KTbpXTkwQ1AM0CGuymIbJujwfQezF1S0zTDGDWPETxrbaSmZl59dgSC7fw_SjKS0wbQ80nP-mzE_xUCP3p1CZqj5HhuX51yJrRJmkUpvhmyg3g--4Z" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="231" data-original-width="708" height="182" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhPxMuFvzk2XA7TuADPyr1o6q6XVykGjQ_6cZ_NuzP_h6PBB8WW33ECJlESWRbSQ1GpcCCyKG9wo5KTbpXTkwQ1AM0CGuymIbJujwfQezF1S0zTDGDWPETxrbaSmZl59dgSC7fw_SjKS0wbQ80nP-mzE_xUCP3p1CZqj5HhuX51yJrRJmkUpvhmyg3g--4Z=w563-h182" width="563" /></a> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i style="text-align: left;">Piscina do SESC Santo Amaro, coberta e aquecida para cursos e prática livre / Fotos: Daniel Ducci-SESC</i></div><p></p><p><i style="font-size: large;"><b><br /></b></i></p><p><i style="font-size: large;"><b>Por Edson Osvaldo Melo</b></i></p><p><span style="font-size: x-large;">J</span><span style="font-size: large;">ornalistas e outros profissionais que trabalham como “PJ” (pessoa jurídica) — a maioria — não estão informados sobre a quantidade de direitos trabalhistas e outros mais que estão deixando para trás.</span></p><p><span style="font-size: large;">Ao “optarem” (entre aspas!), pela categoria de contrato precário — são obrigados a aceitar, pois, nem sempre existe outra opção: é pegar ou largar (e continuar desempregado!) — ficam com a impressão que o valor a receber no final do mês compensa a ausência de regime trabalhista com base na CLT.</span></p><p><span style="font-size: large;"><b>Entretanto…</b></span></p><p><span style="font-size: large;">O único ganhador nesta história é o pagador/contratante que — além de se beneficiar com a prestação de serviço do profissional em questão — não arca com os custos inerentes a um contrato celetista.</span></p><p><span style="font-size: large;">E aí vemos profissionais com notoriedade, como um âncora de uma rádio de São Paulo, pagar mico ao vivo durante programa radiofônico ao descobrir que não pode frequentar a piscina do SESC por não ter registro em carteira…</span></p><p><span style="font-size: large;">O fato aconteceu na sexta-feira (5/Janeiro/24) durante a apresentação de um programa matinal, com retransmissão no YouTube.</span></p><p><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: large;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjiu76P1X4AgIQynXa_DoAX-wvCYTnuYT5yfMuPCJCUjw6BVVh6Ls0ita_m2n2zR13GDJQDpX1t_kSWlHIwMGcCQOLGP3VGzkSanWy2ldvKfuZPcSWZ3ESX276tKlUM9vC-9DOh38ibeVrA86fIE1o_M5sDTKXQd21j--5BUT8vqhsUsolQd9YSlrv9X9fo" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="231" data-original-width="708" height="178" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjiu76P1X4AgIQynXa_DoAX-wvCYTnuYT5yfMuPCJCUjw6BVVh6Ls0ita_m2n2zR13GDJQDpX1t_kSWlHIwMGcCQOLGP3VGzkSanWy2ldvKfuZPcSWZ3ESX276tKlUM9vC-9DOh38ibeVrA86fIE1o_M5sDTKXQd21j--5BUT8vqhsUsolQd9YSlrv9X9fo=w545-h178" width="545" /></a></div><span style="font-size: medium;"> </span><i>Hall utilizado para a transmissão radiofônica/Fotos: Daniel Ducci-SESC</i><span style="font-size: large;"><br /><br /></span><p></p><p><span style="font-size: large;">O jornalista estava ao vivo com seu colega no hall de entrada do SESC Santo Amaro, na capital paulista, para um “café da manhã” com entrevistados.</span></p><p><span style="font-size: large;">Durante a transmissão, manifestou entusiasmo por conhecer as instalações esportivas e demais serviços oferecidos pela entidade.</span></p><p><span style="font-size: large;">Ao indagar a uma anfitriã se ele como jornalista poderia ser um dos usuários dos serviços do SESC recebeu a resposta: sim! Pois, a categoria de jornalista se enquadra na lista dos trabalhadores admissíveis.</span></p><p><span style="font-size: large;">“Só que não”.</span></p><p><span style="font-size: large;">Logo em seguida, ao retornar do intervalo publicitário, o jornalista contou, sem disfarçar a frustração, ter sido informado que não pode usar a piscina, pois não tem registro em carteira.</span></p><p><span style="font-size: large;">O fato de — aparentemente — o salário do trabalhador sem registro (e sem os direitos assegurados pela Consolidação das Leis do Trabalho/CLT) ser maior — esconde, e muito bem escondido —, que é o empregador ou contratante quem está levando vantagem (e coloque vantagem nisso) com esta categoria de contrato.</span></p><p><span style="font-size: large;">Direitos importantes como vale-refeição, vale-transporte, plano de saúde, FGTS, 13° salário, férias remuneradas, aviso prévio entre outros… não existem para um “PJ”.</span></p><p><span style="font-size: large;">E muito menos outros que vão fazer falta quando você menos espera, tipo frequentar a piscina do SESC.</span></p><p><span style="font-size: large;"><b>Quem pode</b></span></p><p><span style="font-size: large;">Podem frequentar as dependências do SESC e usufruir de seus diversos serviços, as pessoas com vínculo empregatício celetista em empresas do comércio, serviços ou turismo.</span></p><p><span style="font-size: large;">O SESC, Serviço Social do Comércio, visa promover o bem-estar e qualidade de vida dos trabalhadores deste setor e suas famílias, através de serviços e de ações nos campos da Educação, Saúde, Cultura, Lazer e Assistência.</span></p><p><span style="font-size: large;">E segue o baile.</span></p><p><br /></p>Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-88392685944769896222024-01-07T15:08:00.008-03:002024-01-13T00:32:00.587-03:00Os jornalistas de Gaza têm muito mais probabilidade de morrer do que os soldados combatentes<p><b><span style="font-size: large;"></span></b></p><p><b><i> </i></b></p><p><b><i></i></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhFjBjto_Pz5fCKyNBbrgpe5JM3xkz-vOEQEGlym-jgcRzba09rvWPT0nvCd7ADniMHwTbYsddCfbRjQvAcJbRsrNRC7jnmfvFEnuZvtwtIzDCtMadgAtdicERaYxxowAnl-HJrgEVhxNGd3B3PTnUFO5SoCZkr-eWlXriD9yCNr6stJT2rOTdwP3YTUPbm" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="585" data-original-width="1180" height="277" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhFjBjto_Pz5fCKyNBbrgpe5JM3xkz-vOEQEGlym-jgcRzba09rvWPT0nvCd7ADniMHwTbYsddCfbRjQvAcJbRsrNRC7jnmfvFEnuZvtwtIzDCtMadgAtdicERaYxxowAnl-HJrgEVhxNGd3B3PTnUFO5SoCZkr-eWlXriD9yCNr6stJT2rOTdwP3YTUPbm=w558-h277" width="558" /></a></i></b></div><b><i><br /></i></b><b><i>Um comboio de tropas israelenses se move na Faixa de Gaza visto do sul de Israel, 4 de janeiro de 2024</i></b><p></p><div><br /></div><p><i style="font-size: large;">Estamos testemunhando uma das repressões mais sangrentas e brutais da liberdade de expressão na era moderna, alerta TIM DAWSON, da Federação Internacional de Jornalistas</i></p><p><b style="font-size: large;">Tim Dawson para o Morning Star</b></p><p><span style="font-size: large;">Um comboio de tropas israelenses se move na Faixa de Gaza visto do sul de Israel, 4 de janeiro de 2024</span></p><p><span style="font-size: medium;">O horrível número de mortes entre jornalistas palestinianos é impressionante. Menos fácil de compreender é o quão excepcional é a escala do abate. Assim, para contextualizar, comparei as listas mais atualizadas de mortos com a taxa de mortalidade entre combatentes em guerras recentes – e os resultados são verdadeiramente chocantes.</span></p><p><span style="font-size: large;">No início da guerra Israel-Gaza, havia aproximadamente 1.000 jornalistas a trabalhar no enclave. A circulação dentro e fora de Gaza tem sido severamente restringida há muitos anos, por isso sabemos que não havia jornalistas internacionais entre eles, embora alguns sejam funcionários de plataformas noticiosas internacionais.</span></p><p><span style="font-size: large;">Desde 7 de Outubro, as mortes de jornalistas palestinianos têm sido uma ocorrência quase diária. Existem várias medidas do número total de mortes nos meios de comunicação social, a Federação Internacional de Jornalistas estima um total de 75 – mas com metodologias ligeiramente diferentes, outros números chegam a pouco mais de 100.</span></p><p><span style="font-size: large;">Há também, claro, os quatro jornalistas israelitas que morreram no ataque de 7 de Outubro e dois libaneses que perderam a vida num ataque com foguetes perto da fronteira egípcia.</span></p><p><span style="font-size: medium;"><b>Setenta e cinco jornalistas de Gaza mortos significam uma taxa de mortalidade de 7,5 por cento.</b></span></p><p><span style="font-size: large;">Com base em números do Departamento de Assuntos de Veteranos dos Estados Unidos: na Coreia, 1,4 por cento dos soldados norte-americanos perderam a vida em combate; no Vietnan, 1,7 por cento dos soldados norte-americanos perderam a vida: na Segunda Guerra Mundial, 1,8 por cento perderam a vida e na Tempestade no Deserto 0,06 por cento perderam a vida.</span></p><p><span style="font-size: large;">De acordo com dados da Biblioteca de Guerra Americana, a taxa de mortalidade entre os membros do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA no Vietnan – os soldados com maior probabilidade de terem estado envolvidos nos combates mais ferozes – foi de cinco por cento.</span></p><p><span style="font-size: large;">Armados com câmaras, microfones e blocos de notas, os jornalistas de Gaza enfrentam o ataque mais feroz de um dos exércitos mais sofisticados do mundo.</span></p><p><span style="font-size: large;">Vale a pena recordar as muitas diferenças entre soldados e jornalistas. Os primeiros são intensamente treinados para evitar e reagir a lesões. Existe uma ciência macabra da guerra, segundo a qual as taxas prováveis de baixas são calculadas pelos altos escalões militares para determinar quantos médicos são necessários para cada pelotão e quanto equipamento médico precisa ser levado para a batalha. As baixas militares podem esperar atendimento médico em menos de uma hora e todos os estudos reconhecem que as taxas de sobrevivência dependem de procedimentos de evacuação eficazes.</span></p><p><span style="font-size: large;">Os jornalistas não têm nada disso. Foi uma lição de humildade saber, antes do feriado festivo, que o fotógrafo de Gaza, Mohammed Balousha, salvou a sua própria vida com um pacote de traumas que a IFJ ajudou a fornecer, depois de atiradores atirarem duas vezes nas suas pernas. Contudo, esses kits não são páreo para as instalações médicas disponíveis para um exército profissional.</span></p><p><span style="font-size: large;">As mortes entre os próprios jornalistas contam apenas metade da história, é claro. Quase todos perderam as suas casas, centenas perderam familiares e todos têm comida e água insuficientes. Sem combustível, carregam o seu equipamento nos ombros de história em história. E, sem a permissão de entrada de repórteres internacionais em Gaza, proporcionam o único acesso que o mundo tem à vida no enclave.</span></p><p><span style="font-size: medium;"><b>Alvos deliberados</b></span></p><p><span style="font-size: medium;">A maioria dos jornalistas de Gaza acredita que estão a ser deliberadamente alvo das Forças de Defesa de Israel, e muitos dizem que receberam ameaças por telefone de pessoas que ligaram dizendo que representam as FDI.</span></p><p><span style="font-size: medium;"><b>Isso levanta a questão: o que pode ser feito para deter esta matança?</b></span></p><p><span style="font-size: large;">Pressionar os governos que apoiam a ofensiva israelita é uma esperança. Karen Attain, colunista do Washington Post, escreveu recentemente: “O assassinato de jornalistas é um ataque à memória, à verdade e à cultura palestiniana. O cheque em branco tácito dado a Israel para eliminar alvos civis, incluindo jornalistas de quem não gosta, coloca em perigo qualquer pessoa que cubra a região.”</span></p><p><span style="font-size: large;">Tais sentimentos nas páginas de opinião de um grande jornal dos EUA representam uma mudança de opinião, mesmo entre aqueles cujo primeiro instinto é apoiar Israel.</span></p><p><span style="font-size: large;">Em segundo lugar, o Tribunal Penal Internacional deve ser encorajado a alargar o seu inquérito sobre o tratamento dispensado aos jornalistas pelas FDI. Esta investigação foi lançada em resposta ao assassinato, em maio de 2022, por soldados israelenses, do jornalista da Al Jazeera, Shireen Abu Akleh. O progresso tem sido lento, mas Karim Khan, o procurador-chefe do TPI, reuniu-se recentemente com líderes do Sindicato dos Jornalistas Palestinianos e garantiu-lhes que pretendia que as suas investigações fossem minuciosas.</span></p><p><span style="font-size: large;">Khan é britânico e é conhecido por valorizar sua reputação nacional. Isso oferece uma oportunidade de manter sua mente focada.</span></p><p><span style="font-size: large;">Finalmente, os jornalistas de Gaza necessitam desesperadamente de tendas, sacos-cama, telefones, baterias, combustível e alimentos. O seu sindicato, o PJS, é a única agência que canalizou ajuda para eles com sucesso desde o início do conflito.</span></p><p><span style="font-size: large;">Conseguir qualquer coisa tornou-se mais difícil a cada dia. Esperançosamente, na próxima vez que Rafah abrir, uma entrega adequada de suprimentos será possível. Garantir que o máximo possível possa ser enviado, é claro, depende da generosidade daqueles que continuam a responder ao apelo especial da FIJ.</span></p><p><span style="font-size: large;">O destino dos jornalistas de Gaza é uma catástrofe humanitária – mas é mais do que isso. Com o encerramento das fronteiras aos repórteres internacionais, a repressão às opiniões divergentes em Israel e a escala de assassinatos sem precedentes, estamos a assistir a uma das repressões mais sangrentas e brutais da liberdade de expressão na era moderna.</span></p><p><span style="font-size: large;">Contra este cenário horrível, os jornalistas palestinianos têm trabalhado através da fadiga, da fome, do luto e do perigo mortal para documentar o que aconteceu ao enclave. Sem o nosso apoio coletivo e determinado, estas testemunhas vitais perder-se-ão.</span></p><p><b style="font-size: large;"><i>Tim Dawson é secretário-geral adjunto da Federação Internacional de Jornalistas.</i></b></p><p><br /></p>Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-63913565595046907002019-06-22T10:59:00.001-03:002019-06-23T21:47:33.377-03:00São Paulo, a capital dos miseráveis<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixyfijX_gdrJ4TZwIlEJS7ZN4evBF2EEcS4oQQVPOsbftdkmsYXy1A_lOnt1VsATobcq9_cwuvflNyvYRB2_sTQohHRwRPYJY4XL-RC0GjeZHtiVhqt3_zEcUspPnrcaOuifEh2tz28h0z/s1600/20190612_054357+-+C%25C3%25B3pia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="778" data-original-width="1600" height="155" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixyfijX_gdrJ4TZwIlEJS7ZN4evBF2EEcS4oQQVPOsbftdkmsYXy1A_lOnt1VsATobcq9_cwuvflNyvYRB2_sTQohHRwRPYJY4XL-RC0GjeZHtiVhqt3_zEcUspPnrcaOuifEh2tz28h0z/s320/20190612_054357+-+C%25C3%25B3pia.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
Texto e fotos:<br />
<br />
<u><i><b>Edson Osvaldo Melo</b></i></u><br />
<br />
<br />
<b>O mês de junho</b> costuma mesclar noites com muito frio ou com temperaturas amenas na madrugada paulistana. A chuva também aparece, para complicar a vida dos sem-teto. Na falta de um lugar seguro e confortável para dormir, resta a improvisação.<br />
<br />
Para os sem-teto mais jovens, a calçada é a solução. Já para os mais velhos, o banco de um terminal rodoviário, por mais desconfortável que seja, é a saída. E assim passam a madrugada, com temperaturas mínimas que podem atingir até 9 graus C, como no domingo, dia 9 de junho último.<br />
<br />
Na avenida Paulista, próximo ao Masp, cartão postal da cidade, quem tem barraca monta acampamento na calçada do Parque Trianon. Quem não tem, improvisa uma cama com papelão e cobertor.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCzl1rMwQ07GPyvWxxIxRlursrW0xlciuiFBa-in0Hpwlw_1g5vWmxtqDNCeAsw-v7ujF99WaNBlSzXwmItEUBZUsk7ZcO0yjPQHjTc3O1j6Ko5DSbm0M-Gpg_8vPU7wgnCh0Mbic0c8cb/s1600/20190612_054225+-+C%25C3%25B3pia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="778" data-original-width="1600" height="155" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCzl1rMwQ07GPyvWxxIxRlursrW0xlciuiFBa-in0Hpwlw_1g5vWmxtqDNCeAsw-v7ujF99WaNBlSzXwmItEUBZUsk7ZcO0yjPQHjTc3O1j6Ko5DSbm0M-Gpg_8vPU7wgnCh0Mbic0c8cb/s320/20190612_054225+-+C%25C3%25B3pia.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaZpSqOY1W9Q3ugwnljcB9Gd9WKfMKko1tpalJrh_Im28Vg9BwYA7EXGXKuQkkjjw8iFdL0sOSXXyGFlxdPwaLjSwhezUwDYUp3Iq2ECCcT4uZpjeMVgRJoT2u4yk7qT7lZQ_LmB4zC80Q/s1600/20190612_054255.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="778" data-original-width="1600" height="155" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaZpSqOY1W9Q3ugwnljcB9Gd9WKfMKko1tpalJrh_Im28Vg9BwYA7EXGXKuQkkjjw8iFdL0sOSXXyGFlxdPwaLjSwhezUwDYUp3Iq2ECCcT4uZpjeMVgRJoT2u4yk7qT7lZQ_LmB4zC80Q/s320/20190612_054255.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDN7beDfjQMsAd36InKCvDtha26U-A87D_MdtRZ_Tmi11C9i9nkR-vUNg1LwMCYkFvtI6s_8YYNx2RbYHCyKc61JR5-wXSUJXPADTzV3slU-530UN-56fjUTQSbFn1WIFRSth6L7dWwEvU/s1600/20190612_054457.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="778" data-original-width="1600" height="155" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDN7beDfjQMsAd36InKCvDtha26U-A87D_MdtRZ_Tmi11C9i9nkR-vUNg1LwMCYkFvtI6s_8YYNx2RbYHCyKc61JR5-wXSUJXPADTzV3slU-530UN-56fjUTQSbFn1WIFRSth6L7dWwEvU/s320/20190612_054457.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5JZ9nDPTTEU1SbNbZmXt-VKK4_fA2ec2e5trZEsSdSV4g8yiBW0KL7Jn9WqFViL83ynRk2-5Nw4N5GIbgkaHJLDpY_aMwdfuU56Knwz3KPIzg6YMmFJKY_LAW7hIFkppoogtS0wfV5pF9/s1600/20190612_054614+-+C%25C3%25B3pia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="778" data-original-width="1600" height="155" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5JZ9nDPTTEU1SbNbZmXt-VKK4_fA2ec2e5trZEsSdSV4g8yiBW0KL7Jn9WqFViL83ynRk2-5Nw4N5GIbgkaHJLDpY_aMwdfuU56Knwz3KPIzg6YMmFJKY_LAW7hIFkppoogtS0wfV5pF9/s320/20190612_054614+-+C%25C3%25B3pia.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo5junS28GK5qZ2u-ZqgRZSfrdZFVOMz2-x0KTH9TzMaCS8gg1WnyQDlgu9rnmpnvB_A9jwnWXnVp-zOE5GXuCuzXAqD8wMCc-53-AXOAjnezx3VjkB1WgtWD229fHWt3-q3GZsG59GY0e/s1600/20190612_054737.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo5junS28GK5qZ2u-ZqgRZSfrdZFVOMz2-x0KTH9TzMaCS8gg1WnyQDlgu9rnmpnvB_A9jwnWXnVp-zOE5GXuCuzXAqD8wMCc-53-AXOAjnezx3VjkB1WgtWD229fHWt3-q3GZsG59GY0e/s320/20190612_054737.jpg" width="155" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYXqDCTZzWj82CfDtjPSbjN7ww13IFL3CA1gDhvuo-pdaz0FKOjUQVsmeYLC_A-AkFr4UmIGiRASwsXXdVvBTvc4-ipG4vmD-2AIXKj7jfj2ODuHyiU7WiuLLKEjoKtJXuuyxPiHsqfKJO/s1600/20190612_054806+-+C%25C3%25B3pia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYXqDCTZzWj82CfDtjPSbjN7ww13IFL3CA1gDhvuo-pdaz0FKOjUQVsmeYLC_A-AkFr4UmIGiRASwsXXdVvBTvc4-ipG4vmD-2AIXKj7jfj2ODuHyiU7WiuLLKEjoKtJXuuyxPiHsqfKJO/s320/20190612_054806+-+C%25C3%25B3pia.jpg" width="155" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdJuMzY2k7nuIUhjIL3ZR26jiNwlfPO6mTt2C41D8fuw4m7sX0C8NtMnWlwDzzOfS7-Nh0ShdPcodSuie8WW9URFytuvXJAAKzDxtQHhR0dW72SuOrzDErd8rGJR-5OE9VxNlpxhSpOkoM/s1600/20190612_054830+-+C%25C3%25B3pia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="778" data-original-width="1600" height="155" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdJuMzY2k7nuIUhjIL3ZR26jiNwlfPO6mTt2C41D8fuw4m7sX0C8NtMnWlwDzzOfS7-Nh0ShdPcodSuie8WW9URFytuvXJAAKzDxtQHhR0dW72SuOrzDErd8rGJR-5OE9VxNlpxhSpOkoM/s320/20190612_054830+-+C%25C3%25B3pia.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiatRn5z4TQrk_vyhbXLnhHJtmKNO7ka-61jh_Cob9aQEtPVveJXQ0kZaqaMKSIg_A3iXyVZMGFwdPSYfPOpoUXJAhr6aqLgD7rdXIVlB6boezyOz-soW2tnM400myHBdmLQNA9dFeTQauf/s1600/20190612_054911.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="778" data-original-width="1600" height="155" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiatRn5z4TQrk_vyhbXLnhHJtmKNO7ka-61jh_Cob9aQEtPVveJXQ0kZaqaMKSIg_A3iXyVZMGFwdPSYfPOpoUXJAhr6aqLgD7rdXIVlB6boezyOz-soW2tnM400myHBdmLQNA9dFeTQauf/s320/20190612_054911.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBhHxen2RqjTejU3zIjrTj_O6jgBSSW9kN5Zxx-EoTc8TZlsGo7JNG6lHt3HdvGCPJZJ3A54szZ22i-1ry3rQpOwSRZVWBBbH5RLMCcUGQ-JMGiH6plKRRwNmU2t6F494vdWlFsnuAEuDk/s1600/20190612_054929+-+C%25C3%25B3pia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="778" data-original-width="1600" height="155" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBhHxen2RqjTejU3zIjrTj_O6jgBSSW9kN5Zxx-EoTc8TZlsGo7JNG6lHt3HdvGCPJZJ3A54szZ22i-1ry3rQpOwSRZVWBBbH5RLMCcUGQ-JMGiH6plKRRwNmU2t6F494vdWlFsnuAEuDk/s320/20190612_054929+-+C%25C3%25B3pia.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtsJHi4HnMVsazBRa9Y948zct-uWV6rlmal2LtMrFmrGYsjf9wbXMRrBHtRTOjpDvyNzMp5Az-9_jAjBLZjzIZLPessg1jWjsmWRvpbBvbqcmbmv_clEJY8Vd2PmGWUEp17k-GE-o-SPpt/s1600/20190612_063032.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtsJHi4HnMVsazBRa9Y948zct-uWV6rlmal2LtMrFmrGYsjf9wbXMRrBHtRTOjpDvyNzMp5Az-9_jAjBLZjzIZLPessg1jWjsmWRvpbBvbqcmbmv_clEJY8Vd2PmGWUEp17k-GE-o-SPpt/s320/20190612_063032.jpg" width="155" /></a></div>
<br />
<br />
No Terminal Rodoviário Tietê, o principal da cidade, com bancos não apropriados para quem deseja deitar, o que resta é a tentativa de dormir sentado, pelo tempo que o corpo aguentar sem dor, causada pelo desconforto. <br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyB15MLgNEdGQw7_u8u66tVEd4J0pvTb5I6RaqFSAZAK_5JAF5O03W4NDucGBjRS2bn6qgtylx6yM7_S3JtrhFl654He9ukBId0lenPu0P4P7dIemgA5nR13q-kqHAXNpRQ_1WYaMtSlDU/s1600/20190612_025100+-+C%25C3%25B3pia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyB15MLgNEdGQw7_u8u66tVEd4J0pvTb5I6RaqFSAZAK_5JAF5O03W4NDucGBjRS2bn6qgtylx6yM7_S3JtrhFl654He9ukBId0lenPu0P4P7dIemgA5nR13q-kqHAXNpRQ_1WYaMtSlDU/s320/20190612_025100+-+C%25C3%25B3pia.jpg" width="155" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHLT0e6dK2SAyP_u_BLcc1IQjM58rJBvkP8cnlqnvn3YYHZfK2ER2Zy2dQuzjy0TEONHTJQuk590867m58y_dJXdaswjb6EX0AsEZ2celpmwag9jxSXIK2IlcMyXBRskgcpWHgc7SIqUW_/s1600/20190612_024920+-+C%25C3%25B3pia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHLT0e6dK2SAyP_u_BLcc1IQjM58rJBvkP8cnlqnvn3YYHZfK2ER2Zy2dQuzjy0TEONHTJQuk590867m58y_dJXdaswjb6EX0AsEZ2celpmwag9jxSXIK2IlcMyXBRskgcpWHgc7SIqUW_/s320/20190612_024920+-+C%25C3%25B3pia.jpg" width="155" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dxMGbhf-V6rIZTt0tBzMABBk6PArvx0RuNnVbgI_3Y3vyFykNfUTPupLWFQ7BYCzXTFToDqMeR4uwKbh6DOUA' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPf4sD_QC9IJeS7hZZ4fE4AEucd7K7bzqD7jjn1xpWI92X6pQF-Pzos5xUxnY2PNfxV73tJyJa334cbJJKrtAg5a29RypHrjpRBK7RJw0njY3k5wQxwPrtMVYjO_8ZSw0wotBENbYIUO5S/s1600/20190612_025609+-+C%25C3%25B3pia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPf4sD_QC9IJeS7hZZ4fE4AEucd7K7bzqD7jjn1xpWI92X6pQF-Pzos5xUxnY2PNfxV73tJyJa334cbJJKrtAg5a29RypHrjpRBK7RJw0njY3k5wQxwPrtMVYjO_8ZSw0wotBENbYIUO5S/s320/20190612_025609+-+C%25C3%25B3pia.jpg" width="155" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPqJ2lm6aje3e0pMhtQInQBK6J4ZV5lfVzx8-5f3OHmzzAGDiSVmw8vJnA8xpgQ-ge0t8zJG7GDKAJYAezzBeYZKxIEoL-ThhPy_-iAqD3v7HYiYTDdfluQYLJhZf5J05brZOHs8l_wiIt/s1600/20190612_025628+-+C%25C3%25B3pia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPqJ2lm6aje3e0pMhtQInQBK6J4ZV5lfVzx8-5f3OHmzzAGDiSVmw8vJnA8xpgQ-ge0t8zJG7GDKAJYAezzBeYZKxIEoL-ThhPy_-iAqD3v7HYiYTDdfluQYLJhZf5J05brZOHs8l_wiIt/s320/20190612_025628+-+C%25C3%25B3pia.jpg" width="155" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAJ8BC0e0lIogfWP4NhIavfBd4nPm77HDp1TZS38hiI6FSziPZVVKBvKupWJMUKcD06zMgdOXY382iXmMnSnkWQ6tPr9XLYP_jbub5dI6DIQVrPSjVjKky4kvKruosg-E41hojBzhJGctJ/s1600/20190612_025737.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAJ8BC0e0lIogfWP4NhIavfBd4nPm77HDp1TZS38hiI6FSziPZVVKBvKupWJMUKcD06zMgdOXY382iXmMnSnkWQ6tPr9XLYP_jbub5dI6DIQVrPSjVjKky4kvKruosg-E41hojBzhJGctJ/s320/20190612_025737.jpg" width="155" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUwVt5ctfhtZ_2l1l3m0EPTh-ObZf63lc-DBBwH33YxiRawpAsfJdoBW359NaVNvLaZSDFqL8nE17bOhSN0i67JF574NbJHPnnuC6_vVdHbptvg6FIWReGHztsVoTrl_JqIr53BFEG-Wvo/s1600/20190612_030651+-+C%25C3%25B3pia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUwVt5ctfhtZ_2l1l3m0EPTh-ObZf63lc-DBBwH33YxiRawpAsfJdoBW359NaVNvLaZSDFqL8nE17bOhSN0i67JF574NbJHPnnuC6_vVdHbptvg6FIWReGHztsVoTrl_JqIr53BFEG-Wvo/s320/20190612_030651+-+C%25C3%25B3pia.jpg" width="155" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxgmT_lG3D4B4ryyybPmv2UCcm3pBXr8pHXbl9-qeRbj70bJ7qLf3siieeAsf0Rn6RRJ_nD9-LiQ_aY00z6i2AWXZt0Y25Pqtlfd2WZjzlj3KbxfJcrrY-3AfJXbsWbfBN9VIhiybs-bEF/s1600/20190612_024626.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="778" data-original-width="1600" height="155" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxgmT_lG3D4B4ryyybPmv2UCcm3pBXr8pHXbl9-qeRbj70bJ7qLf3siieeAsf0Rn6RRJ_nD9-LiQ_aY00z6i2AWXZt0Y25Pqtlfd2WZjzlj3KbxfJcrrY-3AfJXbsWbfBN9VIhiybs-bEF/s320/20190612_024626.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGAD6762yQHDPW-r-c82XuzkL5h6EvL9o0csFX64SfrTl6k7m-PsaPSBnoCH5DSZ-4sASGddMuaLftdOoQqyiA-AdaTeuyh0HaIY3ko_NnVwqxG5aLcCibboXG3KLBdkjQ45F0fniWDPy2/s1600/20190612_030756.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGAD6762yQHDPW-r-c82XuzkL5h6EvL9o0csFX64SfrTl6k7m-PsaPSBnoCH5DSZ-4sASGddMuaLftdOoQqyiA-AdaTeuyh0HaIY3ko_NnVwqxG5aLcCibboXG3KLBdkjQ45F0fniWDPy2/s320/20190612_030756.jpg" width="155" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjihoRDVNILjYbgJPiG13QG7dxf7yysjnJEjhlJMnZQLjUTeJB9C6YO2amiZ_7AIdLU9oKv-h61sDCV0cD725EUUweqIGT_r87UMXQuqWR7Qy6HwZVnkDLKx2EcFG8MKjCV0OtxAhDCrCMH/s1600/20190612_030829+-+C%25C3%25B3pia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjihoRDVNILjYbgJPiG13QG7dxf7yysjnJEjhlJMnZQLjUTeJB9C6YO2amiZ_7AIdLU9oKv-h61sDCV0cD725EUUweqIGT_r87UMXQuqWR7Qy6HwZVnkDLKx2EcFG8MKjCV0OtxAhDCrCMH/s320/20190612_030829+-+C%25C3%25B3pia.jpg" width="155" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEMikyjIaWZtmZaGodzdhTsUJhHgGtUuyfDIdXwHgO0mwRgdrDT9654VcKITXilpgvpsZuWkbH7l0rOsE72CmV1xdw_w4vDhvRErzmYW7gzGTzTFQ0wjymbKrHIcod4u78jiN_iVdcwFV3/s1600/20190612_030837.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEMikyjIaWZtmZaGodzdhTsUJhHgGtUuyfDIdXwHgO0mwRgdrDT9654VcKITXilpgvpsZuWkbH7l0rOsE72CmV1xdw_w4vDhvRErzmYW7gzGTzTFQ0wjymbKrHIcod4u78jiN_iVdcwFV3/s320/20190612_030837.jpg" width="155" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgVNXnzaMy9nIobpu_QG8yGc-jX-BaCrIUMrO3JxZgR1Zj039VNuUHZdjnkHNM92h6EK7dsPkn4E2aE3cTGOmy2yD_3tXW5GHcbUjwuxHg0cGLp6CduH0yUdUAZwRxPoeFI4OVRJAX6dDb/s1600/20190612_030850.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgVNXnzaMy9nIobpu_QG8yGc-jX-BaCrIUMrO3JxZgR1Zj039VNuUHZdjnkHNM92h6EK7dsPkn4E2aE3cTGOmy2yD_3tXW5GHcbUjwuxHg0cGLp6CduH0yUdUAZwRxPoeFI4OVRJAX6dDb/s320/20190612_030850.jpg" width="155" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW-khjmaGAzkC5Xpzd1ZXKRWxKXV4HzHyMyr1PHlRA39CrEOQ3rrNffEZ1xC_VNkiuLBR6hEkEWsVPflR_PFSuCHx4BCsmjB-9RbgXNpB4glIlJYrEmPLQoJLnOlVOaz_ZNmeKG_ClnRXp/s1600/20190612_030857+-+C%25C3%25B3pia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW-khjmaGAzkC5Xpzd1ZXKRWxKXV4HzHyMyr1PHlRA39CrEOQ3rrNffEZ1xC_VNkiuLBR6hEkEWsVPflR_PFSuCHx4BCsmjB-9RbgXNpB4glIlJYrEmPLQoJLnOlVOaz_ZNmeKG_ClnRXp/s320/20190612_030857+-+C%25C3%25B3pia.jpg" width="155" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxfSDlDPrvxtBLRNrapi9wTs4ZesgDV7_LU1yvZ-9Ye3w7ybBekKusnEucdFtMSqHoD7nAD8KzXE3cWfF4ejf45sIcyvRxVL7tLVCGEDYGOeXPTGfrPggSfawodljz75gMzhHS_NzxdO4h/s1600/20190612_030917.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxfSDlDPrvxtBLRNrapi9wTs4ZesgDV7_LU1yvZ-9Ye3w7ybBekKusnEucdFtMSqHoD7nAD8KzXE3cWfF4ejf45sIcyvRxVL7tLVCGEDYGOeXPTGfrPggSfawodljz75gMzhHS_NzxdO4h/s320/20190612_030917.jpg" width="155" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifLlwZk8VBdZriSBVxpfClMWAispfari8seNhLaS-_AWaISZ7J2CDHNZ-W6MOItMEr-43Avg5qsSa6j8TgsXg0AWCyKtxuW38G0KIcad539deAfeOUqdQwPYBNEhmiugzLQCzDqD9RobXE/s1600/20190612_030929.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifLlwZk8VBdZriSBVxpfClMWAispfari8seNhLaS-_AWaISZ7J2CDHNZ-W6MOItMEr-43Avg5qsSa6j8TgsXg0AWCyKtxuW38G0KIcad539deAfeOUqdQwPYBNEhmiugzLQCzDqD9RobXE/s320/20190612_030929.jpg" width="155" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8kcF81Q9ldBJBX0v-tICck_KlPDKzW-YP7nZjRcHD8i5awKk3wxO0nxQ7xc8l4clykaPoKsQ1WuXjYRVuG9otgO62sm1yVaV2TxhXuWsHqzqz-7KhVxE1RDh-gpu6qGRopCaqj1mIHCqQ/s1600/20190612_030942.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8kcF81Q9ldBJBX0v-tICck_KlPDKzW-YP7nZjRcHD8i5awKk3wxO0nxQ7xc8l4clykaPoKsQ1WuXjYRVuG9otgO62sm1yVaV2TxhXuWsHqzqz-7KhVxE1RDh-gpu6qGRopCaqj1mIHCqQ/s320/20190612_030942.jpg" width="155" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtvh-_Uqa-h7wX3CU0x4TKCzBNUMdlqp1Z1GcvQypWNVgh3df32vpGZZCd2pZi909QZBPwllFMc3zhL0pDOS7fO2t14oAJq5dZm2cEMsa8bpJxI5y7hnU6dJI8WpPu2dVXp8zQntPfWdJo/s1600/20190612_031143.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtvh-_Uqa-h7wX3CU0x4TKCzBNUMdlqp1Z1GcvQypWNVgh3df32vpGZZCd2pZi909QZBPwllFMc3zhL0pDOS7fO2t14oAJq5dZm2cEMsa8bpJxI5y7hnU6dJI8WpPu2dVXp8zQntPfWdJo/s320/20190612_031143.jpg" width="155" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhahV0Kjhe2T9Y2F4MY5B33Do6Wa_U6DqmfJG4g3F4zFLqagkY95dqi1rWAXORiChfF-fjIQBXpEyI2IjatgkXWPAvRcrd3GcLsyU5v1sS-wqLnyynoKZsWZ102yftgejd3WHYlGggOLsP8/s1600/20190611_202001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="778" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhahV0Kjhe2T9Y2F4MY5B33Do6Wa_U6DqmfJG4g3F4zFLqagkY95dqi1rWAXORiChfF-fjIQBXpEyI2IjatgkXWPAvRcrd3GcLsyU5v1sS-wqLnyynoKZsWZ102yftgejd3WHYlGggOLsP8/s320/20190611_202001.jpg" width="155" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dz-k1nCQqXrMsbbGtGJetJoXmW45ShIklV7RgA7ttK6n7mK_gGkMI3voPDLKnp3u0TXWcy2mNtKRCjaBvU5PQ' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjW1cKnZzvHbPSjmLlmT1XjrHze6NJZosnrznH5kljoqOJhsZoycBtoLkgx2KR6yX8KcIlXlMmE-TBiZ08k1z7ienbP9wBbrXJmLx5qItKjYoy7tTYAO4CsM4RSN2jIIuW0DMaQ9htblSAe/s1600/20190612_070221+-+C%25C3%25B3pia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="778" data-original-width="1600" height="155" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjW1cKnZzvHbPSjmLlmT1XjrHze6NJZosnrznH5kljoqOJhsZoycBtoLkgx2KR6yX8KcIlXlMmE-TBiZ08k1z7ienbP9wBbrXJmLx5qItKjYoy7tTYAO4CsM4RSN2jIIuW0DMaQ9htblSAe/s320/20190612_070221+-+C%25C3%25B3pia.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Agora veja como a Folha de S. Paulo trata o mesmo assunto:<br />
<br />
<a href="https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/06/em-dois-anos-sp-ve-salto-de-66-de-pessoas-abordadas-nas-ruas.shtml">https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/06/em-dois-anos-sp-ve-salto-de-66-de-pessoas-abordadas-nas-ruas.shtml</a><br />
<br />
<br />Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-2328300761746944132018-04-16T02:23:00.000-03:002018-04-17T10:05:47.317-03:00Acampamento Lula Livre em Curitiba recebe mais de sete mil pessoas em uma semana <br />
<i><b>Por Edson Osvaldo Melo</b></i><br />
<br />
A vida pacata e bucólica nas ruas entorno da sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no bairro Santa Cândida, distante cerca de 10 quilômetros do centro da capital paranaense, já não é mais a mesma. O motivo? A chegada do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva na noite de sábado (7).<br />
<br />
A Frente Brasil Popular, formada por militantes do Partido dos Trabalhadores (PT), PC do B, PCO, PSOL, entre outros; sindicalistas da CUT, Contag, Força Sindical, Fup e outras; integrantes de movimentos sociais como o MST, CMP, MAB, LGBT - vindos de 12 estados do Brasil - acampou nas ruas próximas ao edifício da PF construído e inaugurado durante a gestão petista.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuY54CCuWnwKSC-kmyfEqlvWx9tHppOfquAPh54comVvFPZkilVTX5AWiqbvxH5dc-oN2jCWR55mwnZg8fov_41lHsjgdOj2HCTdjEbAuYrNtMyQCdXy0FgzVPdf2T6LR-FUVslRfO-vto/s1600/Acampamento+Lula+Livre+Abr+18.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuY54CCuWnwKSC-kmyfEqlvWx9tHppOfquAPh54comVvFPZkilVTX5AWiqbvxH5dc-oN2jCWR55mwnZg8fov_41lHsjgdOj2HCTdjEbAuYrNtMyQCdXy0FgzVPdf2T6LR-FUVslRfO-vto/s320/Acampamento+Lula+Livre+Abr+18.jpg" width="320" /></a></div>
<b><i>Acampamento Lula Livre em Curitiba</i></b><br />
<br />
A princípio, o "Acampamento da Vigília Democrática Lula Livre", como é chamado oficialmente, era para ficar em frente ao portão principal da PF. Mas uma ação truculenta - e sem prévio aviso - iniciada por agentes da polícia federal e continuada pela Polícia Militar paranaense no momento em que o helicóptero com Lula descia no heliponto do edifício, atingiu os militantes com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, forçando-os a recuar cerca de uma quadra.<br />
<br />
Mais de dez feridos fizeram boletim de ocorrência na Polícia Civil seguido de exame no Instituto Médico Legal (IML) na madrugada de domingo (8) denunciando a ação violenta e desnecessária dos policiais contra os manifestantes a favor de Lula.<br />
<br />
Detalhe significativo: nenhum tiro foi disparado pela mesma PF ou PM na direção dos manifestantes de direita que comemoravam a chegada de Lula à Curitiba, estes sim, soltando rojões e fogos de artifício perigosamente em direção ao helicóptero e também na direção dos manifestantes contrários.<br />
<br />
<b>Mexeu com o formigueiro</b><br />
<b><br /></b>
A ação dos policiais contra os militantes na chegada de Lula foi como pisar num formigueiro: só fez aumentar a quantidade de pessoas indignadas que embarcaram para participar do acampamento em Curitiba. Até a noite de sexta-feira (13) 7 mil pessoas circularam pelo local, segundo os organizadores.<br />
<br />
O músico José Marco Esteves de Luna, 62 anos, veio de Guarulhos (SP) para marcar presença. Nascido em Pernambuco, toca zabumba num trio nordestino que atua na capital paulista. Militante do PT, ele segue o principal mandamento dos acampados em torno da PF curitibana: "estamos aqui para pressionar a Justiça. Queremos Lula livre".<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOfB5oUMZktlMnx07mVtFgGp5cMC3RO0LRBK3NeHLk94NYfBJ86EkPNgOoMhlBHQiH4iwWFFAH5tFsIGlzIbNCZfOah80HbalIuVFBKw3qmqaOKddyn2ccNKOQD48ur9DB13YOy6SH6CyV/s1600/Acampamento+Lula+Livre+Abr+18+foto+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOfB5oUMZktlMnx07mVtFgGp5cMC3RO0LRBK3NeHLk94NYfBJ86EkPNgOoMhlBHQiH4iwWFFAH5tFsIGlzIbNCZfOah80HbalIuVFBKw3qmqaOKddyn2ccNKOQD48ur9DB13YOy6SH6CyV/s320/Acampamento+Lula+Livre+Abr+18+foto+2.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><i>José Marco Esteves de Luna</i></b></div>
<b><i><br /></i></b>
<b><i><br /></i></b>
A indignação também traz pessoas da própria capital paranaense até o acampamento. É o caso do espanhol Honório Delgado Rúbio, oriundo da região de La Mancha, radicado desde 1956 no Brasil. Com 93 anos, ele circula entre os acampados com o seu livro de memórias com a autoridade de quem foi preso político durante a ditadura militar brasileira. "O processo judicial contra Lula foi uma montagem. Está cheio de diz que diz. O Moro está a serviço de alguém. De forças ocultas", afirma Rúbio.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1jrYeQc_CHD6DGf4p1R1fg2CAdh1e9hOHwjO3z0fA2iFI9P6CiS9AGIwHfydsOoPTTfMbzjpyiqMPhu7GamPlNKG3WQOOEY8YlIzH5EGDDkGm0TMyRIS1rh9FsEjbVeTtnq590mZd3Ge9/s1600/Acampamento+Lula+Livre+foto+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1jrYeQc_CHD6DGf4p1R1fg2CAdh1e9hOHwjO3z0fA2iFI9P6CiS9AGIwHfydsOoPTTfMbzjpyiqMPhu7GamPlNKG3WQOOEY8YlIzH5EGDDkGm0TMyRIS1rh9FsEjbVeTtnq590mZd3Ge9/s320/Acampamento+Lula+Livre+foto+3.jpg" width="320" /></a></div>
<b><i>Honório Delgado Rúbio</i></b><br />
<br />
<br />
A gaúcha Lorena Holzmann, 75 anos, desembarcou sozinha na manhã de sexta (13) em Curitiba. Professora universitária, veio engrossar as fileiras a favor da libertação de Lula. "Este é o verdadeiro Brasil, capaz de coisas emocionantes. Não tenho palavras para descrever o acampamento", disse. Lorena conta que foi uma das fundadoras do PT de Porto Alegre e que hospedou várias vezes Lula em sua casa.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiK-32bvGFFl0-4V3cwzmvoGwf2DEX3DQy6xWMD6XevC5mDUs8Po4Kjwb2Z4xV2MMbrAzPkKHoCkQaiwWGzZ8eHBRNvW6LNpWaAH17w0onL3i8fwSoMWdG8Gqkg_lEiplIjlpPxC06utKhY/s1600/Acampamento+Lula+Livre+foto+4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiK-32bvGFFl0-4V3cwzmvoGwf2DEX3DQy6xWMD6XevC5mDUs8Po4Kjwb2Z4xV2MMbrAzPkKHoCkQaiwWGzZ8eHBRNvW6LNpWaAH17w0onL3i8fwSoMWdG8Gqkg_lEiplIjlpPxC06utKhY/s320/Acampamento+Lula+Livre+foto+4.jpg" width="320" /></a></div>
<b><i>Lorena Holzmann</i></b><br />
<br />
<br />
<b>Fake news</b><br />
<br />
Paralelamente ao dia a dia das manifestações dos acampados em torno da PF, acontece um fenômeno que já está se tornando rotina nas redes sociais. É a guerra da contra-informação, a veiculação de falsas notícias, falsos depoimentos, para desconstruir a imagem da mobilização em prol da libertação do ex-presidente Lula.<br />
<br />
Inúmeras gravações de supostos moradores do bairro onde se encontra o acampamento circulam em grupos do whatsapp. Elas dão conta que os acampados vivem de forma desregrada, sem cuidados com a limpeza e higiene pessoal, acumulando lixo nas ruas e até mesmo desdenhando da qualidade da comida que fazem para si e para os visitantes.<br />
<br />
Na verdade, o acampamento conta com equipes ("brigadas") com funções específicas que cuidam da saúde, limpeza, alimentação, segurança e comunicação, entre outras. Banheiros químicos foram instalados (com a devida manutenção realizada todas as manhãs) desmentindo a principal "fake news": a de que os militantes estão sujando os muros e as calçadas das residências.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjddmD5OmvQhiaxfX3xAA2Sfkq_XLJt7Ah63ajX7AIiyLBCVVMGjlFGs-8zyFgzJZtqer-OECcCXcwXnbHRVAtB2mEid0GZcBo-DezwqSgG5LXU74PVB1Z8Jj_MCs_aY9jRfo9rnoN9OofI/s1600/Acampamento+Lula+Livre+foto+5.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjddmD5OmvQhiaxfX3xAA2Sfkq_XLJt7Ah63ajX7AIiyLBCVVMGjlFGs-8zyFgzJZtqer-OECcCXcwXnbHRVAtB2mEid0GZcBo-DezwqSgG5LXU74PVB1Z8Jj_MCs_aY9jRfo9rnoN9OofI/s320/Acampamento+Lula+Livre+foto+5.jpg" width="320" /></a></div>
<b><i>Banheiros químicos estão à disposição</i></b><br />
<br />
<br />
Regras claras e bem definidas são praticadas rigorosamente: é proibido o porte e consumo de bebidas alcoólicas; desrespeitar a lei do silêncio entre as 22h até as 7h da manhã seguinte; e - a mais importante - interferir na vida privada dos moradores locais. "Nós estamos aqui contra a injustiça de uma condenação sem provas. Não temos nada contra os moradores deste bairro", confirma um militante.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhp-ioMbn1Aa-dyya7w0pfVGsNNJ2YCox1MKjozVzJG-3OygGr_uTcgpANHU0AZlzsVOjsDRCMW_JuhMRKwyBhTyc6CSsZ9lCwvJtRxiyHhVpYBxutKrtQxnugaBmt8jvFUTZgkEfb9wSZA/s1600/Acampamento+Lula+Livre+foto+6.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhp-ioMbn1Aa-dyya7w0pfVGsNNJ2YCox1MKjozVzJG-3OygGr_uTcgpANHU0AZlzsVOjsDRCMW_JuhMRKwyBhTyc6CSsZ9lCwvJtRxiyHhVpYBxutKrtQxnugaBmt8jvFUTZgkEfb9wSZA/s320/Acampamento+Lula+Livre+foto+6.jpg" width="320" /></a></div>
<b><i>Limpeza é feita várias vezes ao dia</i></b><br />
<br />
<br />
<br />
<b>Convivência</b><br />
<b><br /></b>
A convivência entre as partes varia conforme posição política ou humor de cada morador. Enquanto uns oferecem acesso à energia elétrica e até mesmo à água potável aos acampados, outros pedem a retirada de barracas instaladas na calçada em frente de casa para poder cortar a grama ou reclamam do barulho durante o dia. Um morador colocou a bandeira do Brasil na fachada de sua casa, para marcar presença contrária ao acampamento.<br />
<br />
A moradora Érica Weingartner, 74 anos, por sua vez, perdeu a paciência e apontou a mangueira de água que estava regando seu jardim em direção aos acampados em frente à sua residência. Foi o início de uma confusão logo resolvida com a presença de pessoas do deixa disso. "Acho ridículo estarem aqui para soltar o Lula", reclama dona Érica. "Não sei até onde vai isso. Vivemos como cachorro preso dentro de casa, com medo desse povo".<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5o2hcLEVCFZsAuRqnJ1HOOFAdnoYYGErEDHnNyZ16jUFteXpZYd7KC5hHM7I30mpMAr_BWKemJUzqALdYbIPIo8NnnqqezSSxdEKGlTsN3JnvQ1DsjnCZNdaJrmfpIaMecy-5dLAUwXh3/s1600/Acampamento+Lula+Livre+foto+7.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5o2hcLEVCFZsAuRqnJ1HOOFAdnoYYGErEDHnNyZ16jUFteXpZYd7KC5hHM7I30mpMAr_BWKemJUzqALdYbIPIo8NnnqqezSSxdEKGlTsN3JnvQ1DsjnCZNdaJrmfpIaMecy-5dLAUwXh3/s320/Acampamento+Lula+Livre+foto+7.jpg" width="320" /></a></div>
<b><i>Érica Weingartner</i></b><br />
<br />
<br />
Já o comerciante aposentado Sebastião Simioni, 84 anos, conta que em nenhum momento teve problema com os acampados. "Pedi com jeito para retirarem as barracas instaladas na calçada em frente de casa e fui atendido sem problemas. Converso numa boa. Quem sou eu para brigar com eles?", disse. Sebastião cobra da justiça: "O Aécio, o Alckmin, o Temer e tantos outros ainda estão por aí soltos..."<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiExXKiVvS_HwLUYSom1PLFq9fnipbqNPzIMh_87kIsy8e1pc5lrqWZqrTUF0YvTpvdMm_US2tRkO3FzQrPhQBbYgfcEzPO51OsAT5pksy34wqM3yVfYo0DYptJAhs6ziv3fwB5iQK9RiQT/s1600/Acampamento+Lula+Livre+foto+8.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiExXKiVvS_HwLUYSom1PLFq9fnipbqNPzIMh_87kIsy8e1pc5lrqWZqrTUF0YvTpvdMm_US2tRkO3FzQrPhQBbYgfcEzPO51OsAT5pksy34wqM3yVfYo0DYptJAhs6ziv3fwB5iQK9RiQT/s320/Acampamento+Lula+Livre+foto+8.jpg" width="320" /></a></div>
<b><i>Sebastião Simioni</i></b><br />
<br />
<br />
<b>Programação</b><br />
<br />
A rotina dos acampados e de seus visitantes segue uma programação elaborada diariamente pelos organizadores. Visitas de personalidades, políticos com mandatos e até mesmo uma delegação do Uruguai já passou pelas ruas ocupadas pelos ativistas. Diariamente, as 9 horas em ponto, acontece o grito "Bom dia, presidente Lula!". O tempo segue com várias apresentações artísticas, falas de lideranças e reuniões de avaliação.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoCRVYY3oRMV4Xicd-umDc62KCo5z08KUhoc2LKyQXRUj4jLWblqCMWz02DzWJhE1h8JQSKEIUKTx8zDO2f9_pCBbGwRwHYv3A9aU1EHdDmb2v_FrzHAneBz9ZfloKUW1ktmrC1DMxlfze/s1600/Acampamento+Lula+Livre+foto+9.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoCRVYY3oRMV4Xicd-umDc62KCo5z08KUhoc2LKyQXRUj4jLWblqCMWz02DzWJhE1h8JQSKEIUKTx8zDO2f9_pCBbGwRwHYv3A9aU1EHdDmb2v_FrzHAneBz9ZfloKUW1ktmrC1DMxlfze/s320/Acampamento+Lula+Livre+foto+9.jpg" width="320" /></a></div>
<b><i>Jovens acampados em ação</i></b><br />
<br />
<br />
Há uma barraca especialmente montada para coletar cartas dos visitantes endereçada ao ex-presidente Lula. O jornalista e escritor paranaense Luiz Manfredini marcou presença. O PT organizou a coleta e se encarrega de fazer chegar até ao destinatário as centenas de cartas que surgem a cada momento.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNnNRGImRNsT4UvQqv5LPocSYE4rt9nwHTczncD5S0qFgWDs328KuMaRYKAa8IHRKfxOz1GRuutnxYGTQ7HNwURegrRHxTzqvcSa4nLkml6oSnu_k0jARRQenGOL48uBXbGFdfcLB_QaY_/s1600/acampamento+mafredini+presente.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNnNRGImRNsT4UvQqv5LPocSYE4rt9nwHTczncD5S0qFgWDs328KuMaRYKAa8IHRKfxOz1GRuutnxYGTQ7HNwURegrRHxTzqvcSa4nLkml6oSnu_k0jARRQenGOL48uBXbGFdfcLB_QaY_/s320/acampamento+mafredini+presente.jpg" width="320" /></a></div>
<b><i>Luiz Manfredini</i></b><br />
<br />
<br />
Já passaram pelo acampamento, entre outros, os governadores do Nordeste, os senadores Lindberg Farias, Gleisi Hoffmann, Roberto Requião, as deputadas Manuela D'Ávila e Maria do Rosário, os ex-ministros Jaques Wagner, Fernando Haddad e Eleonora Menicucci. A filha do cantor Gilberto Gil, Bela Gil, visitou vizinhos do acampamento e entregou cestas básicas com produtos orgânicos produzidos pelos trabalhadores Sem Terra.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7QCuDmXqB6ESGA7S9j7xuvycQlHr15DEZZCU9jxJ2l48UnIh21054XYaGV_DAO01I_-SNRiPEA-HHAzbGYhznRpcllMdNgTqkrRPW77Pb9ToLVikg_slORYkZW2QIN6GLV76QSrRHviNw/s1600/Acampamento+Lula+Livre+foto+10.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="853" data-original-width="1280" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7QCuDmXqB6ESGA7S9j7xuvycQlHr15DEZZCU9jxJ2l48UnIh21054XYaGV_DAO01I_-SNRiPEA-HHAzbGYhznRpcllMdNgTqkrRPW77Pb9ToLVikg_slORYkZW2QIN6GLV76QSrRHviNw/s320/Acampamento+Lula+Livre+foto+10.jpg" width="320" /></a></div>
<b><i>Bela Gil entregou cestas básicas com produtos orgânicos</i></b><br />
<br />
<br />
Também ocorreu e está ocorrendo a visita frequente de moradores da capital e região metropolitana, muitos trazendo donativos para o acampamento, como água mineral, alimentos, material de limpeza, roupas, agasalhos, lonas, colchonetes e cobertores.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixhQCeeggesxGmQDvvKpANK-MV9Zg6gF1_GqUUP9NnPDSfFZ1d40AWAxP76Qd-21W_rATN0ubJZ4H6OmEr1vZgtQ2S831Ze9wnEEh0-cLoKTA1_LFJYfYkyAEcCXqO1dJ4rhVmFs6lLdQW/s1600/Acampamento+Lula+Livre+foto+11.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixhQCeeggesxGmQDvvKpANK-MV9Zg6gF1_GqUUP9NnPDSfFZ1d40AWAxP76Qd-21W_rATN0ubJZ4H6OmEr1vZgtQ2S831Ze9wnEEh0-cLoKTA1_LFJYfYkyAEcCXqO1dJ4rhVmFs6lLdQW/s320/Acampamento+Lula+Livre+foto+11.jpg" width="320" /></a></div>
<b><i>Moradores de Curitiba fazem doações</i></b><br />
<br />
<br />
Na noite de sexta-feira (13), aconteceu a cerimônia de desejar boa noite ao ex-presidente. Os acampados e os visitantes acenderam velas, lanternas e seus celulares em vigília pela soltura de Lula.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTc7IaiEweyVG1yWrUmVmvG8EYFqKup2lGzq4xJLWk7XQ9z45ORLCz2ygXG-6iPcwA15ayQuBrbhYl_MZOYdCkr8dMl6lPStbgfq78eKb3xj0YxlFQEUOE-jXY4-zuqd0-t9y9-ybkoH4l/s1600/Acampamento+Lula+Livre+foto+12.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="958" data-original-width="1280" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTc7IaiEweyVG1yWrUmVmvG8EYFqKup2lGzq4xJLWk7XQ9z45ORLCz2ygXG-6iPcwA15ayQuBrbhYl_MZOYdCkr8dMl6lPStbgfq78eKb3xj0YxlFQEUOE-jXY4-zuqd0-t9y9-ybkoH4l/s320/Acampamento+Lula+Livre+foto+12.jpg" width="320" /></a></div>
<b><i>Vigília iluminada pede Lula livre</i></b><br />
<br />
<br />
<b>Ameaça</b><br />
<b><br /></b>
Paralelamente a tudo isso, uma guerra de bastidores está sendo travada na justiça local entre o prefeito de Curitiba Rafael Greca (PMN) e os advogados que defendem o acampamento. Desde o primeiro dia da mobilização Greca tenta impedir a presença dos militantes ao redor da PF, por meio de uma ação de interdito proibitório na justiça pedindo a desocupação das ruas.<br />
<br />
Na manhã de sábado (14) chegou o informe que um juiz local estipulou a multa de R$ 500 mil por dia que o acampamento continuar instalado. "A decisão é totalmente desproporcional e desequilibrada. Um absurdo jurídico. Trata-se de tentar cercear o livre direito a manifestação", afirmou o presidente do PT no Paraná, Dr. Rosinha.<br />
<br />
"É mais uma atitude antidemocrática na escalada autoritária e conservadora que tomou conta do país desde 2014, quando os que perderam as eleições deram início ao caos institucional e a onda de intolerância e ódio contra quem defende direitos sociais e trabalhistas", afirmou o presidente da CUT, Vagner Freitas. "É a justiça aproveitando a baderna em que o golpe jogou o Brasil para fazer política, tentar interferir no processo eleitoral criminalizando os movimentos populares e sindical e partidos progressistas", completou Freitas.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNr9hOf_AEN8JMVQ2ssh847BHb-TTfrgb0ZhiyOegYboDht-YKS4KuvzxrEwJgc9cEWIcnCPLi3p75HTngBBM_hsKhh3pNEwJc7A6N93Shyphenhyphen3PaNfJ3oPhiOsQti3bDK5urGBIeBkGP5ret/s1600/Acampamento+Lula+Livre+foto+13.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNr9hOf_AEN8JMVQ2ssh847BHb-TTfrgb0ZhiyOegYboDht-YKS4KuvzxrEwJgc9cEWIcnCPLi3p75HTngBBM_hsKhh3pNEwJc7A6N93Shyphenhyphen3PaNfJ3oPhiOsQti3bDK5urGBIeBkGP5ret/s320/Acampamento+Lula+Livre+foto+13.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
Para o advogado e ex-ministro Eugênio Aragão "a decisão é claramente inconstitucional e arbitrária. O PT e a CUT vão tomar todas as medidas jurídicas para garantir o livre direito a manifestação". Aragão vai representar o PT e os movimentos sociais junto à justiça paranaense.<br />
<br />
"O presidente foi preso de forma injusta em um processo viciado e cheio de falhas. Lula é preso político. Lidera todas as pesquisas de intenção de voto. É mais um escândalo na vergonhosa escalada de perseguição contra o ex-presidente", concluiu a presidenta do PT Gleisi Hoffmann.<br />
<br />
<i>fim</i>Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-63284337925309797882013-11-08T10:54:00.000-02:002013-11-08T15:33:04.029-02:00SOY LOCO POR TI, AMÉRICA!<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_527cdc5af1a3b5a70960680" style="display: inline;">
<i>*Texto e fotos de Edson Osvaldo Melo (exceto a vista aérea)</i><br />
Para ler ouvindo esta música:<br />
<a href="http://www.youtube.com/watch?v=pCIS_EhnHLU" rel="nofollow nofollow" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;" target="_blank">http://www.youtube.com/watch?v=pCIS_EhnHLU</a><br />
<br />
<br /></div>
<div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbuPN5pmUIwol5UwWt7t5vMV1GMDbkJldqO_o3UzG2tYAOTxRdNEmR35QwxBl3PQgcmNL9_8Gnp0rMKdgBQdwrIVqL54M0ThJ6YdO3t2DMqwFs-ASgN2hnC2ScN7vghe0oRvi2sVIwM9Pa/s1600/Kombi+da+Venezuela+em+Curitiba+I+nov2013.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbuPN5pmUIwol5UwWt7t5vMV1GMDbkJldqO_o3UzG2tYAOTxRdNEmR35QwxBl3PQgcmNL9_8Gnp0rMKdgBQdwrIVqL54M0ThJ6YdO3t2DMqwFs-ASgN2hnC2ScN7vghe0oRvi2sVIwM9Pa/s320/Kombi+da+Venezuela+em+Curitiba+I+nov2013.jpg" width="240" /></a></div>
<br />
<br />
<div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline;">
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_527cdc5af1a3b5a70960680" style="display: inline;">
Uma Kombi denominada Yellow Submarine </div>
estava estacionada no final da tarde de terça-feira (5 de novembro) ao lado da Igreja do Rosário, em pleno centro d<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">e Curitiba.</span></div>
</div>
<div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">Observando mais de perto, compreendi a aventura que seus passageiros estão vivendo.</span></div>
</div>
<div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">Com placas da Venezuela, a Kombi pintada de amarelo já percorreu vários países da América do Sul e pelo visto ainda vai para outros tantos (vi os adesivos com bandeira ou detalhes de outras localidades).</span></div>
</div>
<div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">Chamou a atenção um cartaz escrito em portunhol pedindo colaboração para que a missão continue (ou com um litro de gasolina ou com um prato de comida).</span></div>
</div>
<div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">Uma placa com uma instalação rudimentar - o fio descendo por fora e entrando pela ventarola - está devidamente instalada no teto, para captar a luz solar.</span></div>
</div>
<div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">Não encontrei os seus passageiros, mas com certeza, apreciaram a cidade do leite quente e do pão com vina, a cidade da Araucaria angustifolia - o pinheiro do Paraná, a capital dos paranaenses.</span></div>
</div>
<div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">Boa viagem, hermanos!</span></div>
</div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5NJaAia5kuV7aOrz-Jerh9qQVa6IdoLFiKUXtzx9IAViLxXcrb1khSyGHj6pQJqUXBd4i12Bkq0V1gho-VV10K0iyYJZ16eB60DXFxx2orVzHn9fihUeTtYhQRgBxlqituwbQm1iPpM6C/s1600/Kombi+da+Venezuela+em+Curitiba+II+nov2013.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5NJaAia5kuV7aOrz-Jerh9qQVa6IdoLFiKUXtzx9IAViLxXcrb1khSyGHj6pQJqUXBd4i12Bkq0V1gho-VV10K0iyYJZ16eB60DXFxx2orVzHn9fihUeTtYhQRgBxlqituwbQm1iPpM6C/s320/Kombi+da+Venezuela+em+Curitiba+II+nov2013.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcyF3IlXJFHa5UMqEyr4OCsC6Mm3vjywC7mtMGpNs47MCWqPJquVaT_tlsYv0Z1HYPIEvsbKBcJv0dZNTxb-Sezk_VCYhpt0Whoz0V3e-NOrF6WFtuzmP-3Oe51QKn_5_52P3K0462MSjL/s1600/Kombi+da+Venezuela+em+Curitiba+III+nov2013.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcyF3IlXJFHa5UMqEyr4OCsC6Mm3vjywC7mtMGpNs47MCWqPJquVaT_tlsYv0Z1HYPIEvsbKBcJv0dZNTxb-Sezk_VCYhpt0Whoz0V3e-NOrF6WFtuzmP-3Oe51QKn_5_52P3K0462MSjL/s320/Kombi+da+Venezuela+em+Curitiba+III+nov2013.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4QDYjXuZsmyQyeUTPvW7RwfoFdkH520ssowUaQK3dbrGU_7f23BJwTuvCKF6eLaYTrD7dzdark_Uw35Cqj9nD3LJUusqc_4R20F_gEUZwajGuD6tpcdYnBuP25NJFHRf714ASVFXpyeRS/s1600/Kombi+da+Venezuela+em+Curitiba+IV+nov2013.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4QDYjXuZsmyQyeUTPvW7RwfoFdkH520ssowUaQK3dbrGU_7f23BJwTuvCKF6eLaYTrD7dzdark_Uw35Cqj9nD3LJUusqc_4R20F_gEUZwajGuD6tpcdYnBuP25NJFHRf714ASVFXpyeRS/s320/Kombi+da+Venezuela+em+Curitiba+IV+nov2013.jpg" width="240" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvRL7ZP3DIu7qZUPzxEIVebNP-tO7ECaboA3MwG5uEOwnRvAdO4azymCnC3jWLqypbF2Yaj__BKnwqPshYbM08zn2s702LLJjomuAR7FcHH8SZUsofGcbn-vDxWQczRYjDJP5ijCGIQdGj/s1600/Kombi+da+Venezuela+em+Curitiba+V+nov2013.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvRL7ZP3DIu7qZUPzxEIVebNP-tO7ECaboA3MwG5uEOwnRvAdO4azymCnC3jWLqypbF2Yaj__BKnwqPshYbM08zn2s702LLJjomuAR7FcHH8SZUsofGcbn-vDxWQczRYjDJP5ijCGIQdGj/s320/Kombi+da+Venezuela+em+Curitiba+V+nov2013.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXNcLRCUf29SnJIKCbLlIiXQzcNu0ZmPN8BW0hVvJwOLJ3eO59O9nMJhf217_eNedOn8SD3yGf_mV_zzUFvAsSGL579mIVOVEqvhCVo0HANEXc_XhkClq178E6XOE1ZI46Qoo5BJRSoWT6/s1600/Kombi+da+Venezuela+em+Curitiba+VI+nov2013.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXNcLRCUf29SnJIKCbLlIiXQzcNu0ZmPN8BW0hVvJwOLJ3eO59O9nMJhf217_eNedOn8SD3yGf_mV_zzUFvAsSGL579mIVOVEqvhCVo0HANEXc_XhkClq178E6XOE1ZI46Qoo5BJRSoWT6/s320/Kombi+da+Venezuela+em+Curitiba+VI+nov2013.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMz8oym4v1mRGAwuuLev7bcQh78I7RXBhUKx2JHprG9c_ltjqfO3xf7sRvW2tQk9rTpekRHvqrnKZJRAytmS2qR5bkzVH_RdPAHyg1UCNROLMq3QFaGK81Y6FhyotYEwsP3X5FFlSVFlCx/s1600/Kombi+da+Venezuela+em+Curitiba+VII+nov2013.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMz8oym4v1mRGAwuuLev7bcQh78I7RXBhUKx2JHprG9c_ltjqfO3xf7sRvW2tQk9rTpekRHvqrnKZJRAytmS2qR5bkzVH_RdPAHyg1UCNROLMq3QFaGK81Y6FhyotYEwsP3X5FFlSVFlCx/s320/Kombi+da+Venezuela+em+Curitiba+VII+nov2013.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjl0Sc3AJhZt2gtCsU-QrNQA4urKEiBJO9pxXF9wQm8-wF3PkqEEO7Q6dGI60dtxhr5tlCWc9BELb_ARqBwlIhdLNTxaLQPYYVA_GrzLNfCsH7omo4nq9zbIb5XW2RW9d5FJvA62CIARVU/s1600/Kombi+da+Venezuela+em+Curitiba+VIII+nov2013.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjl0Sc3AJhZt2gtCsU-QrNQA4urKEiBJO9pxXF9wQm8-wF3PkqEEO7Q6dGI60dtxhr5tlCWc9BELb_ARqBwlIhdLNTxaLQPYYVA_GrzLNfCsH7omo4nq9zbIb5XW2RW9d5FJvA62CIARVU/s320/Kombi+da+Venezuela+em+Curitiba+VIII+nov2013.jpg" width="240" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsdYqKFq3oQPGQao0zvVYPPgGah1W2wlWTMr8mxLLAg-L2NaoghWjFQWu1-_YccOmSU-fWevpOkDy3Lo0HGjtq_QDNTRUXiDuhBJFrIWx74v5NufZ2TvbU-BXLhgYK4HCQdMcggvtmb9lI/s1600/Curitiba+Vista+A%C3%A9rea.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="207" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsdYqKFq3oQPGQao0zvVYPPgGah1W2wlWTMr8mxLLAg-L2NaoghWjFQWu1-_YccOmSU-fWevpOkDy3Lo0HGjtq_QDNTRUXiDuhBJFrIWx74v5NufZ2TvbU-BXLhgYK4HCQdMcggvtmb9lI/s320/Curitiba+Vista+A%C3%A9rea.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_527cdc5af1a3b5a70960680" style="display: inline;">
<div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline;">
<div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline;">
<br /></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
<div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><br />Curitiba, novembro de 2013 (9 fotos)</span></div>
</div>
Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-46120506805700731042013-06-28T18:29:00.000-03:002013-06-28T18:29:27.439-03:00"Precisamos disputar corações e mentes. Quem não entrar, ficará fora da história", diz Stedile <br />
Por Nilton Viana<br />
<br />
Do Brasil de Fato<br />
<br />
<i>É hora do governo aliar-se ao povo ou pagará a fatura no futuro. Essa é uma das avaliações de João Pedro Stedile, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sobre as recentes mobilizações em todo o país. Segundo ele, há uma crise urbana instalada nas cidades brasileiras, provocada por essa etapa do capitalismo financeiro.</i><br />
<i>"As pessoas estão vivendo um inferno nas grandes cidades, perdendo três, quatro horas por dia no trânsito, quando poderiam estar com a família, estudando ou tendo atividades culturais”, afirma. Para o dirigente do MST, a redução da tarifa interessava muito a todo o povo e esse foi o acerto do Movimento Passe livre, que soube convocar mobilizações em nome dos interesses do povo.</i><br />
<i>Nesta entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Stedile fala sobre o caráter dessas mobilizações, e faz um chamamento: devemos ter consciência da natureza dessas manifestações e irmos todos para a rua disputar corações e mentes para politizar essa juventude que não tem experiência da luta de classes. “A juventude está de saco cheio dessa forma de fazer política burguesa, mercantil”, constata.</i><br />
<i>E faz uma alerta: o mais grave foi que os partidos da esquerda institucional, todos eles, se moldaram a esses métodos. Envelheceram e se burocratizaram. As forças populares e os partidos de esquerda precisam colocar todas as suas energias para ir para a rua, pois está ocorrendo, em cada cidade, em cada manifestação, uma disputa ideológica permanente da luta dos interesses de classes. “Precisamos explicar para o povo quem são os principais inimigos do povo”.</i><br />
<br />
<b>Como você analisa as recentes manifestações que vem sacudindo o Brasil nas últimas semanas? Qual é base econômica para elas terem acontecido?</b><br />
<br />
Há muitas avaliações de porque estarem ocorrendo estas manifestações. Me somo à analise da professora Erminia Maricato, que é nossa maior especialista em temas urbanos e já atuou no Ministério das Cidades na gestão Olivio Dutra. Ela defende a tese de que há uma crise urbana instalada nas cidades brasileiras provocadas por essa etapa do capitalismo financeiro. Houve uma enorme especulação imobiliária que elevou os preços dos alugueis e dos terrenos em 150% nos últimos três anos. O capital financiou sem nenhum controle governamental a venda de automóveis, para enviar dinheiro pro exterior e transformou nosso trânsito um caos. E nos últimos dez anos não houve investimento em transporte público. O programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, empurrou os pobres para as periferias, sem condições de infraestrutura. Tudo isso gerou uma crise estrutural em que as pessoas estão vivendo num inferno nas grandes cidades, perdendo três, quatro horas por dia no trânsito, quando poderiam estar com a família, estudando ou tendo atividades culturais. Somado a isso, a péssima qualidade dos serviços públicos em especial na saúde e mesmo na educação, desde a escola fundamental, ensino médio, em que os estudantes saem sem saber fazer uma redação. E o ensino superior virou lojas de vendas de diplomas a prestações, onde estão 70% dos estudantes universitários.<br />
<br />
<b>E do ponto de vista político, por que aconteceu?</b><br />
<br />
Os quinze anos de neoliberalismo e mais os últimos dez anos de um governo de composição de classes transformou a forma de fazer política refém apenas dos interesses do capital. Os partidos ficaram velhos em suas práticas e se transformaram em meras siglas que aglutinam, em sua maioria, oportunistas para ascender a cargos públicos ou disputar recursos públicos para seus interesses. Toda juventude nascida depois das diretas já, não teve oportunidade de participar da política. Hoje, para disputar qualquer cargo de vereador, por exemplo, o sujeito precisa ter mais de 1 milhão de reais. Deputado custa ao redor de 10 milhões de reais. Os capitalistas pagam, e depois os políticos obedecem. A juventude está de saco cheio dessa forma de fazer política burguesa, mercantil. Mas o mais grave foi que os partidos da esquerda institucional, todos eles, se moldaram a esses métodos. Envelheceram e se burocratizaram. E, portanto, gerou na juventude uma ojeriza a forma dos partidos atuarem. E eles tem razão. A juventude não é apolítica, ao contrário, tanto é que levou a política às ruas, mesmo sem ter consciência do seu significado. Estão dizendo que não aguentam mais assistir na televisão essas práticas políticas, que seqüestraram o voto das pessoas, baseadas na mentira e na manipulação. E os partidos de esquerda precisam reapreender que seu papel é organizar a luta social e politizar a classe trabalhadora. Senão cairão na vala comum da história.<br />
<br />
<b>E porque as manifestações eclodiram somente agora?</b><br />
<br />
Provavelmente tenha sido a soma de diversos fatores de caráter da psicologia de massas, mais do que alguma decisão política planejada. Somou-se todo o clima que comentei, mais as denúncias de superfaturamento das obras dos estádios, que é um acinte ao povo. Vejam alguns episódios. A Rede Globo recebeu do governo do estado do Rio e da prefeitura, 20 milhões de reais de dinheiro público para organizar o showzinho de apenas duas horas, no sorteio dos jogos da Copa das Confederações.<br />
O estádio de Brasília custou 1,4 bilhões de reais e não tem ônibus na cidade! A ditadura explícita e as maracutais que a FIFA/CBF impuseram e os governos se submeteram. A reinauguração do Maracanã foi um tapa no povo brasileiro. As fotos eram claras: no maior templo do futebol mundial não havia nenhum negro ou mestiço! E aí o aumento das tarifas de ônibus foi apenas a faísca para ascender o sentimento generalizado de revolta, de indignação. A gasolina para a faísca veio do governo Gerlado Alckmin, que protegido pela mídia que ele financia e acostumado a bater no povo impunemente, como fez no Pinheirinho, jogou sua polícia para a barbárie. Aí todo mundo reagiu. Ainda bem que a juventude acordou. E nisso houve o mérito do Movimento Passe Livre, que soube capitalizar essa insatisfação popular e organizou os protestos na hora certa.<br />
<br />
<b>Por que a classe trabalhadora ainda não foi à rua?</b><br />
<br />
É verdade, a classe trabalhadora ainda não foi para a rua. Quem está na rua são os filhos da classe média, da classe média baixa, e também alguns jovens do que o André Singer chamaria de sub-proletariado, que estudam e trabalham no setor de serviços, que melhoraram as condições de consumo, mas querem ser ouvidos. Esses últimos apareceram mais em outras capitais e nas periferias. A redução da tarifa interessava muito a todo povo e esse foi o acerto do MPL. Soube convocar mobilizações em nome dos interesses do povo. E o povo apoiou as manifestações e isso está expresso nos índices de popularidade dos jovens, sobretudo quando foram reprimidos. A classe trabalhadora demora a se mover, mas quando se move, afeta diretamente ao capital. Coisa que ainda não começou a acontecer. Acho que as organizações que fazem a mediação com a classe trabalhadora ainda não compreenderam o momento e estão um pouco tímidas. Mas acho que enquanto classe, ela também está disposta a lutar. Veja que o número de greves por melhorias salariais já recuperou os padrões da década de 80. Acho que é apenas uma questão de tempo, e se as mediações acertarem nas bandeiras que possam motivar a classe a se mexer. Nos últimos dias, já se percebe que em algumas cidades menores, e nas periferias das grandes cidades, já começam a ter manifestações com bandeiras de reivindicações bem localizadas. E isso é muito importante.<br />
<br />
<b>E vocês do MST e camponeses também não se mexeram ainda.</b><br />
<br />
É verdade. Nas capitais onde temos assentamentos e agricultores familiares mais próximos já estamos participando. E inclusive sou testemunho de que fomos muito bem recebidos com nossa bandeira vermelha, com nossa reivindicação de Reforma Agrária e alimentos saudáveis e baratos para todo povo.<br />
Acho que nas próximas semanas poderá haver uma adesão maior, inclusive realizando manifestações dos camponeses nas rodovias e municípios do interior. Na nossa militância está todo mundo doido para entrar na briga e se mobilizar. Espero que também se mexam logo.<br />
<br />
<b>Na sua opinião, qual é a origem da violência que tem acontecido em algumas manifestações?</b><br />
<br />
Primeiro vamos relativizar. A burguesia através de suas televisões tem usado a tática de assustar o povo colocando apenas a propaganda dos baderneiros e quebra-quebra. São minoritários e insignificantes diante das milhares de pessoas que se mobilizaram. Para a direita interessa colocar no imaginário da população que isso é apenas bagunça, e no final se tiver caos, colocar a culpa no governo e exigir a presença das forças armadas. Espero que o governo não cometa essa besteira de chamar a guarda nacional e as forças armadas para reprimir as manifestações. É tudo o que a direita sonha! Quem está provocando as cenas de violência é a forma de intervenção da Policia Militar. A PM foi preparada desde a ditadura militar para tratar o povo sempre como inimigo. E nos estados governados pelos tucanos(SP, RJ e MG), ainda tem a promessa de impunidade. Há grupos direitistas organizados com orientação de fazer provocações e saques. Em São Paulo atuaram grupos fascistas e leões de chácaras contratados. No Rio de Janeiro atuaram as milícias organizadas que protegem seus políticos conservadores. E claro, há também um substrato de lumpesinato que aparece em qualquer mobilização popular, seja nos estádios, carnaval, até em festa de igreja tentando tirar seus proveitos.<br />
<br />
<b>Há então uma luta de classes nas ruas ou é apenas a juventude manifestando sua indignação?</b><br />
<br />
É claro que há uma luta de classes na rua. Embora ainda concentrada na disputa ideológica. E o que é mais grave, a própria juventude mobilizada, por sua origem de classe, não tem consciência de que está participando de uma luta ideológica. Vejam, eles estão fazendo política da melhor forma possível, nas ruas. E ai escrevem nos cartazes: somos contra os partidos e a política? Por isso tem sido tão difusa as mensagens nos cartazes. Está ocorrendo em cada cidade, em cada manifestação, uma disputa ideológica permanente da luta dos interesses de classes. Os jovens estão sendo disputados pelas idéias da direita e pela esquerda. Pelos capitalistas e pela classe trabalhadora. Por outro lado, são evidentes os sinais da direita muito bem articulada, e de seus serviços de inteligência, que usam a internet, se escondem atrás das mascaras e procuram criar ondas de boatos e opiniões pela internet. De repente uma mensagem estranha alcança milhares de mensagens. E ai se passa a difundir o resultado como se ela fosse a expressão da maioria. Esses mecanismos de manipulação foram usados pela CIA e o departamento de estado Estadunidense na primavera árabe, na tentativa de desestabilização da Venezuela, na guerra da Síria. E é claro que eles estão operando aqui também para alcançar os seus objetivos.<br />
<br />
<b>E quais são os objetivos da direita e suas propostas?</b><br />
<br />
A classe dominante, os capitalistas, os interesses do império Estadunidense e seus porta-vozes ideológicos que aparecem na televisão todos os dias, tem um grande objetivo: desgastar ao máximo o governo Dilma, enfraquecer as formas organizativas da classe trabalhadora, derrotar qualquer propostas de mudanças estruturais na sociedade brasileira e ganhar as eleições de 2014, para recompor uma hegemonia total no comando do estado brasileiro, que agora está em disputa. Para alcançar esses objetivos eles estão ainda tateando, alternando suas táticas. As vezes provocam a violência, para desfocar os objetivos dos jovens. As vezes colocam nos cartazes dos jovens a sua mensagem. Por exemplo, a manifestação do sábado em São Paulo, embora pequena, foi totalmente manipulada por setores direitistas que pautaram apenas a luta contra a PEC 37, com cartazes estranhamente iguais e palavras de ordem iguais. Certamente a maioria dos jovens nem sabem do que se trata. E é um tema secundário para o povo, mas a direita está tentando levantar as bandeiras da moralidade, como fez a UDN (União Democrática Nacional) em tempos passados. Isso que já estão fazendo no Congresso, logo logo, vão levar às ruas. Tenho visto nas redes sociais controladas pela direita que suas bandeiras, além da PEC 37, são a saída do Renan do Senado, CPI e transparência dos gastos da Copa, declarar a corrupção crime hediondo, e fim do Foro especial para os políticos. Já os grupos mais fascistas ensaiam Fora Dilma e abaixo-assinados pelo impechment. Felizmente essas bandeiras não tem nada ver com as condições de vida das massas, ainda que elas possam ser manipuladas pela mídia. E objetivamente podem ser um tiro no pé. Afinal, é a burguesia brasileira, seus empresários e políticos que são os maiores corruptos e corruptores. Quem se apropriou dos gastos exagerados da Copa? A Rede Globo e as empreiteiras!<br />
<br />
<b>Quais os desafios que estão colocados para a classe trabalhadora e as organizações populares e partidos de esquerda?</b><br />
<br />
Os desafios são muitos. Primeiro devemos ter consciência da natureza dessas manifestações, e irmos todos para a rua, disputar corações e mentes para politizar essa juventude que não tem experiência da luta de classes. Segundo, a classe trabalhadora precisa se mover. Ir para a rua, manifestar-se nas fábricas, campos e construções, como diria Geraldo Vandré. Levantar suas demandas para resolver os problemas concretos da classe, do ponto de vista econômico e político. Terceiro, precisamos explicar para o povo quem são seus principais inimigos. E agora são os bancos, as empresas transnacionais que tomaram conta de nossa economia, os latifundiários do agronegócio, e os especuladores. Precisamos tomar a iniciativa de pautar o debate na sociedade e exigir a aprovação do projeto de redução da jornada de trabalho para 40 horas; exigir que a prioridade de investimentos públicos seja em saúde, educação, Reforma Agrária. Mas para isso o governo precisa cortar juros e deslocar os recursos do superávit primário, aqueles 200 bilhões de reais que todo ano vão para apenas 20 mil ricos, rentistas, credores de uma dívida interna que nunca fizemos, deslocar para investimentos produtivos e sociais. E é isso que a luta de classes coloca para o governo Dilma: os recursos públicos irão para a burguesia rentista ou para resolver os problemas do povo? Aprovar em regime de urgência para que vigore nas próximas eleições uma reforma política de fôlego, que no mínimo institua o financiamento público exclusivo da campanha. Direito a revogação de mandatos e plebiscitos populares auto-convocados. Precisamos de uma reforma tributária que volte a cobrar ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) das exportações primárias, penalize a riqueza dos ricos e amenize os impostos dos pobres, que são os que mais pagam. Precisamos que o governo suspenda os leilões do petróleo e todas as concessões privatizantes de minérios e outras áreas públicas. De nada adianta aplicar todo royalties do petróleo em educação, se os royalties representarão apenas 8% da renda petroleira, e os outros 92% irão para as empresas transnacionais que vão ficar com o petróleo nos leilões! Uma reforma urbana estrutural, que volte a priorizar o transporte público, de qualidade e com tarifa zero. Já está provado que não é caro e nem difícil instituir transporte gratuito para as massas das capitais. Controlar a especulação imobiliária. E finalmente, precisamos aproveitar e aprovar o projeto da Conferência Nacional de Comunicação, amplamente representativa, de democratização dos meios de comunicação. Para acabar com o monopólio da Globo e para que o povo e suas organizações populares tenham ampla acesso a se comunicar, criar seus próprios meios de comunicação, com recursos públicos. Ouvi de diversos movimentos da juventude que estão articulando as marchas, que talvez essa seja a única bandeira que unifica a todos: Abaixo ao monopólio da Globo! Mas para que essas bandeiras tenham ressonância na sociedade e pressionem o governo e os políticos, somente acontecerá se a classe trabalhadora se mover.<br />
<br />
<b>O que o governo deveria fazer agora?</b><br />
<br />
Espero que o governo tenha a sensibilidade e a inteligência de aproveitar esse apoio, esse clamor que vem das ruas, que é apenas uma síntese de uma consciência difusa na sociedade, que é hora de mudar. E mudar a favor do povo. E para isso o governo precisa enfrentar a classe dominante, em todos os aspectos. Enfrentar a burguesia rentista, deslocando os pagamentos de juros para investimentos em áreas que resolvam os problemas do povo. Promover logo as reformas políticas, tributárias. Encaminhar a aprovação do projeto de democratização dos meios de comunicação. Criar mecanismos para investimento pesados em transporte público, que encaminhem para a tarifa zero. Acelerar a Reforma Agrária e um plano de produção de alimentos sadios para o mercado interno. Garantir logo a aplicação de 10% do PIB em recursos públicos para a educação em todos os níveis, desde as cirandas infantis nas grandes cidades, ensino fundamental de qualidade, até a universalização do acesso dos jovens à universidade pública. Sem isso, haverá uma decepção, e o governo entregará para a direita a iniciativa das bandeiras, que levarão a novas manifestações visando desgastar o governo até as eleições de 2014. É hora do governo aliar-se ao povo, ou pagará a fatura no futuro. <br />
<br />
<b>E que perspectivas essas mobilizações podem levar para o país nos próximos meses?</b><br />
<br />
Tudo ainda é uma incógnita. Porque os jovens e as massas estão em disputa. Por isso que as forças populares e os partidos de esquerda precisam colocar todas suas energias para ir à rua. Manifestar-se, colocar as bandeiras de luta de reformas que interessam ao povo, porque a direita vai fazer a mesma coisa e colocar as suas bandeiras conservadoras, atrasadas, de criminalização e estigmatização das idéias de mudanças sociais. Estamos em plena batalha ideológica que ninguém sabe ainda qual será o resultado. Em cada cidade, cada manifestação, precisamos disputar corações e mentes. E quem não entrar, ficará de fora da história.tes os sinais da direita muito bem articulada, e de seus serviços de inteligência, que usam a internet, se escondem atrás das mascaras e procuram criar ondas de boatos e opiniões pela internet. De repente uma mensagem estranha alcança milhares de mensagens. E ai se passa a difundir o resultado como se ela fosse a expressão da maioria. Esses mecanismos de manipulação foram usados pela CIA e o departamento de estado Estadunidense na primavera árabe, na tentativa de desestabilização da Venezuela, na guerra da Síria. E é claro que eles estão operando aqui também para alcançar os seus objetivos.<br />
<br />
<b>E quais são os objetivos da direita e suas propostas?</b><br />
<br />
A classe dominante, os capitalistas, os interesses do império Estadunidense e seus porta-vozes ideológicos que aparecem na televisão todos os dias, tem um grande objetivo: desgastar ao máximo o governo Dilma, enfraquecer as formas organizativas da classe trabalhadora, derrotar qualquer propostas de mudanças estruturais na sociedade brasileira e ganhar as eleições de 2014, para recompor uma hegemonia total no comando do estado brasileiro, que agora está em disputa. Para alcançar esses objetivos eles estão ainda tateando, alternando suas táticas. As vezes provocam a violência, para desfocar os objetivos dos jovens. As vezes colocam nos cartazes dos jovens a sua mensagem. Por exemplo, a manifestação do sábado em São Paulo, embora pequena, foi totalmente manipulada por setores direitistas que pautaram apenas a luta contra a PEC 37, com cartazes estranhamente iguais e palavras de ordem iguais. Certamente a maioria dos jovens nem sabem do que se trata. E é um tema secundário para o povo, mas a direita está tentando levantar as bandeiras da moralidade, como fez a UDN (União Democrática Nacional) em tempos passados. Isso que já estão fazendo no Congresso, logo logo, vão levar às ruas. Tenho visto nas redes sociais controladas pela direita que suas bandeiras, além da PEC 37, são a saída do Renan do Senado, CPI e transparência dos gastos da Copa, declarar a corrupção crime hediondo, e fim do Foro especial para os políticos. Já os grupos mais fascistas ensaiam Fora Dilma e abaixo-assinados pelo impechment. Felizmente essas bandeiras não tem nada ver com as condições de vida das massas, ainda que elas possam ser manipuladas pela mídia. E objetivamente podem ser um tiro no pé. Afinal, é a burguesia brasileira, seus empresários e políticos que são os maiores corruptos e corruptores. Quem se apropriou dos gastos exagerados da Copa? A Rede Globo e as empreiteiras!<br />
<br />
<b>Quais os desafios que estão colocados para a classe trabalhadora e as organizações populares e partidos de esquerda?</b><br />
<br />
Os desafios são muitos. Primeiro devemos ter consciência da natureza dessas manifestações, e irmos todos para a rua, disputar corações e mentes para politizar essa juventude que não tem experiência da luta de classes. Segundo, a classe trabalhadora precisa se mover. Ir para a rua, manifestar-se nas fábricas, campos e construções, como diria Geraldo Vandré. Levantar suas demandas para resolver os problemas concretos da classe, do ponto de vista econômico e político. Terceiro, precisamos explicar para o povo quem são seus principais inimigos. E agora são os bancos, as empresas transnacionais que tomaram conta de nossa economia, os latifundiários do agronegócio, e os especuladores. Precisamos tomar a iniciativa de pautar o debate na sociedade e exigir a aprovação do projeto de redução da jornada de trabalho para 40 horas; exigir que a prioridade de investimentos públicos seja em saúde, educação, Reforma Agrária. Mas para isso o governo precisa cortar juros e deslocar os recursos do superávit primário, aqueles 200 bilhões de reais que todo ano vão para apenas 20 mil ricos, rentistas, credores de uma dívida interna que nunca fizemos, deslocar para investimentos produtivos e sociais. E é isso que a luta de classes coloca para o governo Dilma: os recursos públicos irão para a burguesia rentista ou para resolver os problemas do povo? Aprovar em regime de urgência para que vigore nas próximas eleições uma reforma política de fôlego, que no mínimo institua o financiamento público exclusivo da campanha. Direito a revogação de mandatos e plebiscitos populares auto-convocados. Precisamos de uma reforma tributária que volte a cobrar ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) das exportações primárias, penalize a riqueza dos ricos e amenize os impostos dos pobres, que são os que mais pagam. Precisamos que o governo suspenda os leilões do petróleo e todas as concessões privatizantes de minérios e outras áreas públicas. De nada adianta aplicar todo royalties do petróleo em educação, se os royalties representarão apenas 8% da renda petroleira, e os outros 92% irão para as empresas transnacionais que vão ficar com o petróleo nos leilões! Uma reforma urbana estrutural, que volte a priorizar o transporte público, de qualidade e com tarifa zero. Já está provado que não é caro e nem difícil instituir transporte gratuito para as massas das capitais. Controlar a especulação imobiliária. E finalmente, precisamos aproveitar e aprovar o projeto da Conferência Nacional de Comunicação, amplamente representativa, de democratização dos meios de comunicação. Para acabar com o monopólio da Globo e para que o povo e suas organizações populares tenham ampla acesso a se comunicar, criar seus próprios meios de comunicação, com recursos públicos. Ouvi de diversos movimentos da juventude que estão articulando as marchas, que talvez essa seja a única bandeira que unifica a todos: Abaixo ao monopólio da Globo! Mas para que essas bandeiras tenham ressonância na sociedade e pressionem o governo e os políticos, somente acontecerá se a classe trabalhadora se mover.<br />
<br />
<b>O que o governo deveria fazer agora?</b><br />
<br />
Espero que o governo tenha a sensibilidade e a inteligência de aproveitar esse apoio, esse clamor que vem das ruas, que é apenas uma síntese de uma consciência difusa na sociedade, que é hora de mudar. E mudar a favor do povo. E para isso o governo precisa enfrentar a classe dominante, em todos os aspectos. Enfrentar a burguesia rentista, deslocando os pagamentos de juros para investimentos em áreas que resolvam os problemas do povo. Promover logo as reformas políticas, tributárias. Encaminhar a aprovação do projeto de democratização dos meios de comunicação. Criar mecanismos para investimento pesados em transporte público, que encaminhem para a tarifa zero. Acelerar a Reforma Agrária e um plano de produção de alimentos sadios para o mercado interno. Garantir logo a aplicação de 10% do PIB em recursos públicos para a educação em todos os níveis, desde as cirandas infantis nas grandes cidades, ensino fundamental de qualidade, até a universalização do acesso dos jovens à universidade pública. Sem isso, haverá uma decepção, e o governo entregará para a direita a iniciativa das bandeiras, que levarão a novas manifestações visando desgastar o governo até as eleições de 2014. É hora do governo aliar-se ao povo, ou pagará a fatura no futuro. <br />
<br />
<b>E que perspectivas essas mobilizações podem levar para o país nos próximos meses?</b><br />
<br />
Tudo ainda é uma incógnita. Porque os jovens e as massas estão em disputa. Por isso que as forças populares e os partidos de esquerda precisam colocar todas suas energias para ir à rua. Manifestar-se, colocar as bandeiras de luta de reformas que interessam ao povo, porque a direita vai fazer a mesma coisa e colocar as suas bandeiras conservadoras, atrasadas, de criminalização e estigmatização das idéias de mudanças sociais. Estamos em plena batalha ideológica que ninguém sabe ainda qual será o resultado. Em cada cidade, cada manifestação, precisamos disputar corações e mentes. E quem não entrar, ficará de fora da história.<br />
<br />
<i>fim</i>Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-6100232739296554372013-06-26T09:21:00.003-03:002013-06-26T09:21:16.821-03:00BEM, JUSTIÇA E TOLERÂNCIA<br />
<i>Por Luís Roberto Barroso</i><br />
<br />
Creio na justiça, apesar de saber que ela tarda, às vezes falha e tem uma queda pelos mais ricos. Mas a sociedade precisa de um sistema adequado<br />
<br />
Hoje, ao assumir uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, mudo de lado do balcão. Deixo de ser um professor e advogado que há muitos anos participa do debate público de ideias para me tornar juiz.<br />
<br />
Considero ser um direito da sociedade saber um pouco mais sobre a minha visão de mundo. Apresento-me, assim, mais por dever do que por desejo, tendo em mente a advertência severa de Ortega y Gasset: “Entre o querer ser e o crer que já se é, vai a distância entre o sublime e o ridículo”.<br />
<br />
Filosoficamente, creio no bem, na justiça e na tolerância. Creio no bem como uma energia positiva que vem desde o início dos tempos. Trata-se da força propulsora do processo civilizatório, que nos levou de uma época de aspereza, sacrifícios humanos e tiranias diversas para a era da democracia e dos direitos humanos.<br />
<br />
Creio na justiça, apesar de saber que ela tarda, às vezes falha e tem uma queda pelos mais ricos. Mas toda sociedade precisa de um sistema adequado de preservação de direitos, imposição de deveres e distribuição de riquezas.<br />
<br />
Creio, por fim, na tolerância. O mundo é marcado pelo pluralismo e pela diversidade: racial, sexual, religiosa, política. A verdade não tem dono nem existe uma fórmula única para a vida boa.<br />
<br />
Politicamente, creio em ensino público de qualidade, na igualdade essencial das pessoas e na livre-iniciativa. Creio que ensino público de qualidade até o final do nível médio é a melhor coisa que um país pode fazer por seus filhos.<br />
<br />
Creio, também, na igualdade essencial das pessoas, apesar das diferenças. O papel do Estado é o de promover a distribuição adequada de riqueza e de poder para que todos tenham paridade de condições no ponto de partida da vida.<br />
<br />
Ah, sim: e todo trabalho, desde o mais humilde, deve trazer, junto com o suor, o pão e a dignidade.<br />
<br />
Por fim, creio na livre-iniciativa, no empreendedorismo e na inovação como as melhores formas de geração de riquezas.<br />
<br />
Trata-se de uma constatação e não de uma preferência.<br />
<br />
Do ponto de vista institucional, creio que o constitucionalismo democrático foi a ideologia vitoriosa do século 20. Constitucionalismo significa Estado de Direito, poder limitado, respeito aos direitos fundamentais. Democracia significa soberania popular, governo representativo, vontade da maioria.<br />
<br />
Da soma dos dois surge o arranjo institucional que proporciona o governo do povo, assegurados os direitos fundamentais de todos e as regras do jogo democrático.<br />
<br />
Em suma: creio no bem, na justiça e na tolerância como valores filosóficos essenciais. Creio na educação, na igualdade, no trabalho e na livre-iniciativa como valores políticos fundamentais. E no constitucionalismo democrático como forma institucional ideal.<br />
<br />
Essa a minha fé racional. Procurei expô-la do modo simples, claro e autêntico. Espero ser abençoado para continuar fiel a ela e a mim mesmo no Supremo Tribunal Federal.<br />
<br />
<b>LUÍS ROBERTO BARROSO, 55, é professor de direito constitucional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)</b>Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-29280010397191952602013-06-17T15:37:00.001-03:002013-06-17T15:37:06.276-03:00Uma breve história da luta da grande mídia contra os interesses nacionais<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Em 1957, uma CPI da
Câmara dos Deputados, comprovou que “O Estado de São Paulo”, “O Globo” e
“Correio da Manhã” foram remunerados pela publicidade estrangeira para moverem
campanhas contra a nacionalização do petróleo. Em momentos cruciais para o país
se inclinaram para o golpismo e a traição aos interesses nacionais: contra
Getúlio, a Petrobrás, JK, contra Jango, apoiando a ditadura, Collor, FHC e suas
privatizações, atacando Lula. <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i><u>Por Leandro Severo<o:p></o:p></u></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Em 1941, enquanto milhões de homens e mulheres derramavam
seu sangue pela liberdade nos campos da Europa e da União Soviética, a elite
dos círculos financeiros dos Estados Unidos já traçava seus planos para o
pós-guerra. Como afirmou Nelson Rockefeller, filho do magnata do petróleo John
D. Rockefeller, em memorando que apresentava sua visão ao presidente Roosevelt:
“Independente do resultado da guerra, com uma vitória alemã ou aliada, os
Estados Unidos devem proteger sua posição internacional através do uso de meios
econômicos que sejam competitivamente eficazes...” (COLBY, p.127, 1998). Seu
objetivo: o domínio do comércio mundial, através da ocupação dos mercados e da
posse das principais fontes de matéria-prima. Anos mais tarde o ex-secretário
de imprensa do Congresso americano, Gerald Colby, sentenciava sobre
Rockefeller: “no esforço para extrair os recursos mais estratégicos da América
Latina com menores custos, ele não poupava meios” (COLBY, p.181, 1998).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Neste mesmo ano, Henry Luce, editor e proprietário de um complexo
de comunicações que tinha entre seus títulos as revistas Time, Life e Fortune,
convocou os norte-americanos a “aceitar de todo o coração nosso dever e
oportunidade, como a nação mais poderosa do mundo, o pleno impacto de nossa
influência para objetivos que consideremos convenientes e por meios que
julguemos apropriados” (SCHILLER, p.11, 1976). Ele percebeu, com clareza, que a
união do poder econômico com o controle da informação seria a questão central
para a formação da opinião pública, a nova essência do poder nacional e
internacional.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Evidentemente para que os planos de ocupação econômica pelas
corporações americanas fossem alcançados havia uma batalha a ser vencida: Como
usurpar a independência de nações que lutaram por seus direitos? Como justificar
uma postura imperialista do país que realizou a primeira insurreição
anticolonial?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A resposta a esta pergunta foi dada com rigor pelo
historiador Herbert Schiller: “Existe um poderoso sistema de comunicações para
assegurar nas áreas penetradas, não uma submissão rancorosa, mas sim uma
lealdade de braços abertos, identificando a presença americana com a liberdade
– liberdade de comércio, liberdade de palavra e liberdade de empresa. Em suma,
a florescente cadeia dominante da economia e das finanças americanas utiliza os
meios de comunicação para sua defesa e entrincheiramento onde quer que já
esteja instalada e para sua expansão até lugares onde espera tornar-se ativa”
(SCHILLER, p.13, 1976).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Foi exatamente ao que seu setor de comunicações se dedicou.
Estava com as costas quentes, já que as agências de publicidade americanas
cuidavam das marcas destinadas a substituir as concorrentes europeias arrasadas
pela guerra. O setor industrial dos EUA havia alcançado um vertiginoso aumento
de 450% em seu lucro líquido no período 1940-1945, turbinado pelos contratos de
guerra e subsídios governamentais. Com esta plataforma invadiram a América
Latina e o mundo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Com o suporte do coordenador de Assuntos Interamericanos
(CIIA), Nelson Rockefeller, mais de mil e duzentos donos de jornais latinos
recebiam, de forma subsidiada, toneladas de papel de imprensa, transportada por
navios americanos. Além disso, milhões de dólares em anúncios publicitários das
maiores corporações eram seletivamente distribuídos. É claro que o papel e a
publicidade não vinham sozinhos, estavam acompanhados de uma verdadeira
enxurrada de matérias, reportagens, entrevistas e releases preparadas pela
divisão de imprensa do Departamento de Estado dos EUA.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A vontade de conquistar as novas “colônias” e ocupar novos
territórios como haviam feito no século anterior, no velho oeste, não tinha
limites. No Brasil, circulava desde 1942, a revista Seleções (do Reader’s
Digest), trazida por Robert Lund, de Nova York. A revista, bem como outras
publicações estrangeiras, pagavam os devidos direitos aduaneiros por se
tratarem de produtos importados, mas solicitou, e foi atendida pelo procurador
da República, Temístocles Cavalcânti, o direito de ser editada e distribuída no
Brasil, com o argumento de ser uma revista sem implicações políticas e limitada
a publicar conteúdos culturais e científicos. Assim começou a tragédia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Logo chegou o grupo Vision Inc., também de Nova York, com as
revistas Dirigente Industrial, Dirigente Rural, Dirigente Construtor e muitos
outros títulos que vinham repletos de anúncios das corporações industriais. Um
fato bastante ilustrativo foi o da revista brasileira Cruzeiro Internacional,
concorrente da Life International, que apesar de possuir grande circulação,
nunca foi brindada com anúncios, enquanto a concorrente americana anunciava
produtos que, muitas vezes, nem sequer estavam à venda no Brasil. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ficava claro que os critérios até então estabelecidos para o
mercado publicitário, como tempo de circulação efetiva, eficiência de mensagem e
comprovação de tiragem, de nada adiantavam. O que estava em jogo era muito
maior.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Um papel importantíssimo na ocupação dos novos mercados foi
desempenhado pelas agências de publicidade americanas. McCann-Erickson e J.
Warter Thompson eram as principais e tinham seu trabalho coordenado diretamente
pelo Departamento de Estado. Para se ter uma ideia a McCann-Erickson , nos anos
60, possuía 70 escritórios e empregava 4619 pessoas, em 37 países, já a J.
Warter Thompson tinha 1110 funcionários, somente na sede de Londres. Os Estados
Unidos tinham 46 agências atuando no exterior, com 382 filiais. Destas 21
agências em sociedade com britânicos, 20 com alemães ocidentais e 12 com
franceses. No Brasil atuavam 15 agências, todas elas com instruções
absolutamente claras de quem patrocinar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
No início dos anos 50, Henry Luce, do grupo Time-Life, já
estava luxuosamente instalado em sua nova sede de 70 andares na área mais nobre
de Manhattan, negócio imobiliário que fechou com Nelson Rockefeller e seu amigo
Adolf Berle, embaixador americano no Brasil na época do primeiro golpe contra o
presidente Getúlio Vargas. Luce mantinha fortes relações com os irmãos Cesar e
Victor Civita, ítalo-americanos nascidos em Nova Iorque. Cesar foi para a
Argentina em 1941 onde montou a Editorial Abril, como representante da
companhia Walt Disney, já Victor, em 1950, chega ao Brasil e organiza a Editora
Abril. Neste mesmo período seu filho, Roberto Civita, faz um estágio de um ano
e meio na revista Time, sob a tutela de Luce e logo retorna para ajudar o pai.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Poucos anos depois, o mercado editorial brasileiro está
plenamente ocupado por centenas de publicações que cantavam em prosa e verso o
american way of life. Somente a Abril, financiada amplamente pelas grandes
empresas americanas, edita diversas revistas: Claudia, Quatro Rodas, Capricho,
Intervalo, Manequim, Transporte Moderno, Máquinas e Metais, Química e
Derivados, Contigo, Noiva, Mickey, Pato Donald, Zé Carioca, Almanaque Tio
Patinhas, a Bíblia Mais Bela do Mundo, além de diversos livros escolares.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Em 1957, uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos
Deputados, comprova que “O Estado de São Paulo”, “O Globo” e “Correio da Manhã”
foram remunerados pela publicidade estrangeira para moverem campanhas contra a
nacionalização do petróleo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Em 1962, o grupo Time-Life encontra seu parceiro ideal para
entrar de vez no principal ramo das comunicações, a Televisão. A recém-fundada
TV Globo, de Roberto Marinho. Era uma estranha sociedade. O capital da Rede
Globo era de 600 milhões de cruzeiros, pouco mais de 200 mil dólares, ao câmbio
da época. O aporte dado “por empréstimo” pela Time-Life era de seis milhões de
dólares e a empresa tinha um capital dez mil vezes maior.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Como denunciou o deputado João Calmon, presidente da Abert
(Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão): “Trata-se de uma
competição irresistível, porque além de receber oito bilhões de cruzeiros em
doze meses, uma média de 700 milhões por mês, a TV Globo recebe do Grupo
Time-Life três filmes de longa metragem por dia – por dia, repito... Só um
‘package’, um pacote de três filmes diários durante o ano todo, custa na melhor
das hipóteses, dois milhões de dólares” (HERZ, p.220, 2009).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O Brasil e o mundo estão em efervescência. A tensão é
crescente com revoluções vitoriosas na China e em Cuba. A luta pela
independência e soberania das nações cresce em todos continentes e os EUA
colocam em marcha golpes militares por todo o planeta. A Guerra Fria está em um
ponto agudo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É nesse quadro que a Comissão de Assuntos Estrangeiros do
Congresso dos EUA, em abril de 1964, no relatório “Winning the Cold War. The
O.S. Ideological Offensive” define:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“Por muitos anos os poderes militar e econômico, utilizados
separadamente ou em conjunto, serviram de pilares da diplomacia. Atualmente
ainda desempenham esta função, mas o recente aumento da influência das massas
populares sobre os governos, associado a uma maior consciência por parte dos
líderes no que se refere às aspirações do povo, devido às revoluções
concomitantes do século XX, criou uma nova dimensão para as operações de
política externa. Certos objetivos dessa política podem ser colimados
tratando-se diretamente com o povo dos países estrangeiros, em vez de tratar
com seus governos. Através do uso de modernos instrumentos e técnicas de
comunicação, pode-se hoje em dia atingir grupos numerosos ou influentes nas
populações nacionais – para informá-los, influenciar-lhes as atitudes e, às
vezes, talvez, até mesmo motivá-los para uma determinada linha de ação. Esses
grupos, por sua vez, são capazes de exercer pressões notáveis e até mesmo
decisivas sobre seus governos” (SCHILLER, p.23, 1976).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A ordem estava dada: “informar”, influenciar e motivar. A
rede está montada, o financiamento definido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O jornalista e grande nacionalista, Genival Rabelo,
exatamente nesta hora, denuncia no jornal Tribuna da Imprensa do Rio de
Janeiro: “Há, por trás do grupo (Abril), recursos econômicos de que não dispõem
as editoras nacionais, porém muito mais importante do que isso está o apoio
maciço que a indústria e as agências de publicidade americanas darão ao próximo
lançamento do Sr. Victor Civita, a exemplo do que já fizeram com as suas 18
publicações em circulação, bem como as revistas do grupo norte-americano Vision
Inc.” (RABELO, p.38, 1966)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas é necessário mais. É preciso enfraquecer, calar e
quebrar tudo que seja contrário aos interesses dos monopólios, tudo que possa
prejudicar os interesses das corporações. A General Eletric, General Motors,
Ford, Standard Oil, DuPont, IBM, Dow Chemical, Monsanto, Motorola, Xerox,
Jonhson & Jonhson e seus bancos J. P. Morgan, Citibank, Chase Manhattan
precisam estar seguros para praticar sua concorrência desleal, para remeter
lucros sem controle, para desnacionalizar as riquezas do país se apossando das
reservas minerais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Várias são as declarações, nesta época, que deixam claro
qual o caminho traçado pelos EUA. Nas palavras de Robert Sarnoff, presidente da
RCA – Radio Corporation of America – “a informação se tornará um artigo de
primeira necessidade equivalente a energia no mundo econômico e haverá de
funcionar como uma forma de moeda no comércio mundial, convertível em bens e
serviços em toda parte” (SCHILLER, p.18, 1976). Já a Comissão Federal de
Comunicações (FCC), em informe conjunto dos Ministérios do Exterior, Justiça e
Defesa, afirmava: “as telecomunicações evoluíram de suporte essencial de nossas
atividades internacionais para ser também um instrumento de política externa”
(SCHILLER, p.24, 1976).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É esclarecedor o pensamento do delegado dos Estados Unidos
nas Nações Unidas, vice-ministro das Relações Exteriores, George W. Ball, em
pronunciamento na Associação Comercial de Nova Iorque: <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“Somente nos últimos vinte anos é que a empresa
multinacional conseguiu plenamente seus direitos. Atualmente, os limites entre
comércio e indústria nacionais e estrangeiros já não são muito claros em muitas
empresas. Poucas coisas de maior esperança para o futuro do que a crescente
determinação do empresariado americano de não mais considerar fronteiras
nacionais como demarcação do horizonte de sua atividade empresarial” (SCHILLER,
p.27, 1976).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A ação desencadeada pelos interesses externos já havia
produzido a falência de muitos órgãos de imprensa nacionais e, por outro lado,
despertado a consciência de muitos brasileiros de como os monopólios utilizam
seu poder de pressão e de chantagem. Em 1963, o publicitário e jornalista
Marcus Pereira afirmava em debate na TV Tupi, em São Paulo: “Em última análise,
a questão envolve a velha e romântica tese da liberdade de imprensa, tão velha
como a própria imprensa. Acontece que a imprensa precisa sobreviver, e, para
isso, depende do anunciante. Quando esse anunciante é anônimo, pequeno e
disperso não pode exercer pressão, por razões óbvias. É o caso das seções de
‘classificados’ dos jornais. Mas poucos jornais têm ‘classificados’ em
quantidade expressiva. A maioria dos jornais e a totalidade das revistas vivem
da publicidade comercial e industrial, dos chamados grandes anunciantes. Acho
que posso parar por aqui, porque até para os menos afoitos já adivinharam a
conclusão” (RABELO, p.56, 1966).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não é difícil perceber o quanto a submissão aos interesses
econômicos estrangeiros levou a dita “grande mídia” brasileira a se afastar da
nação. A se tornar, ao longo dos anos, em uma peça chave da política do
Imperialismo. Em praticamente todos os principais momentos da vida nacional se
inclinaram para o golpismo e a traição. Já no primeiro golpe contra Getúlio,
depois, contra sua eleição, contra sua posse, contra a criação da Petrobrás,
contra a eleição de Juscelino, contra João Goulart, contra as reformas de base,
apoiando a Ditadura, apoiando a política econômica de Collor, apoiando Fernando
Henrique e suas privatizações, atacando Lula.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Hoje, ela novamente tem lado: o das concessões de estradas,
portos e aeroportos, o dos leilões de privatização do petróleo e da necessidade
da elevação das taxas de juros, do controle do déficit público com evidentes
restrições aos investimentos governamentais, ou seja, da aceitação de um
neoliberalismo tardio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Porque atuam desta forma? Genival Rabelo deu a resposta: “Um
industrial inteligente desta cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro me fez
outro dia, esta observação, em forma de desafio: ‘Dou-lhe um doce, se nos
últimos cinco anos você pegar uma edição de O Globo que não estampe na primeira
página uma notícia qualquer da vida americana, dos feitos americanos, da
indústria americana, do desenvolvimento científico americano, das vitórias e
bombardeios americanos. A coisa é tão ostensiva que, muita vez, sem ter o que publicar
sobre os Estados Unidos na primeira página, estando o espaço reservado para
esse fim, o secretário do jornal abre manchete para a volta às aulas na cidade
de Tampa, Miami, Los Angeles, Chicago ou Nova Iorque. Você não encontra a volta
às aulas em Paris, Nice, Marselha, ou outra cidade qualquer da França, na
primeira pagina de O Globo, porque, de fato, isso não interessa a ninguém.
Logo, não pode deixar de haver dólar por trás de tudo isso...’ Outro amigo
presente, no momento, e sendo homem de publicidade concluiu, deslumbrado com
seu próprio achado: ‘É por isso que O Globo não aceita anúncio para a primeira
página. Ela já está vendida. É isso. É isso!’. ‘E muito bem vendida, meu caro –
arrematou o industrial – A peso de ouro’ ” (RABELO, p.258, 1966).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>(Leandro Severo foi delegado à Conferência Nacional de Comunicação,
Secretário Municipal de Comunicação em São Carlos entre 2007 e 2012 e membro do
Partido Pátria Livre.)</i><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Referências:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
COLBY, G; DENNETT, C. Seja feita a vossa vontade: a
conquista da Amazônia, Nelson Rockefeller e o evangelismo na idade do Petróleo.
Tradução: Jamari França. Rio de Janeiro: Record, 1998.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
HERZ, D. A história secreta da Rede Globo. Porto Alegre: Dom
Quixote, 2009. Coleção Poder, Mídia e Direitos Humanos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
RABELO, G. O Capital Estrangeiro na Imprensa Brasileira. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
SCHILLER, H. I. O Império norte-americano das comunicações.
Tradução: Tereza Lúcia Halliday Petrópolis: Vozes, 1976.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Fim<o:p></o:p></div>
Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-84845790166832885872013-05-31T10:30:00.005-03:002013-05-31T10:30:40.037-03:00CONSPIRAÇÃO CONTRA A PÁTRIA<br />
<i><b>O Jornal do Brasil mantém a confiança na chefia do Estado Democrático</b></i><br />
<br />
<u>Editorial do Jornal do Brasil 30 de maio de 2013</u><br />
<br />
O mundo inteiro passa por uma crise econômica e social, decorrente da ganância dos banqueiros, que controlam o valor das moedas, o fluxo de crédito, o preço internacional das commodities. Diante deles, os governos se sentem amedrontados, ou cúmplices, conforme o caso e poucos resistem.<br />
<br />
A União Europeia desmantela-se: o fim do estado de bem-estar, o corte nos orçamentos sociais, a desconfiança entre os países associados, a indignação dos cidadãos e a incapacidade dos governantes em controlar politicamente a crise, que tem a sua expressão maior no desemprego e na pauperização de povos. Se não forem adotadas medidas corajosas contra os grandes bancos, podemos esperar o caos planetário, que a irresponsabilidade arquiteta.<br />
<br />
A China, exposta como modelo de crescimento, é o caso mais desolador de crescente desigualdade social no mundo, com a ostentação de seus bilionários em uma região industrializada e centenas de milhões de pessoas na miséria no resto do país. Isso sem falar nas condições semiescravas de seus trabalhadores – já denunciadas como sendo inerentes ao “Sistema Asiático de Produção”. Os Estados Unidos, pátria do capitalismo liberal e neoliberal, foram obrigados a intervir pesadamente no mercado financeiro a fim de salvar e reestruturar bancos e agências de seguro, além de evitar a falência da General Motors.<br />
<br />
Neste mundo sombrio, o Brasil se destaca com sua política social. Está eliminando, passo a passo , a pobreza absoluta, ampliando a formação universitária de jovens de origem modesta, abrindo novas fronteiras agrícolas e obtendo os menores níveis de desemprego de sua história.<br />
<br />
Não obstante esses êxitos nacionais, o governo está sob ataque histérico dos grandes meios político-financeiros. Na falta de motivo, o pretexto agora é a inflação. Ora, todas as fontes demonstram que a inflação do governo anterior a Lula foi muito maior que nos últimos 10 anos.<br />
<br />
O Jornal do Brasil, fiel a sua tradição secular, mantém a confiança na chefia do Estado Democrático e denúncia, como de lesa-pátria, porque sabota a economia, a campanha orquestrada contra o Governo – que lembra outros momentos de nossa história, alguns deles com desfecho trágico e o sofrimento de toda a nação.<br />
<br />
<i>fim</i><br />
<i><br /></i>
<i>Confira no link: </i><a href="http://www.jb.com.br/opiniao/noticias/2013/05/30/conspiracao-contra-a-patria/">http://www.jb.com.br/opiniao/noticias/2013/05/30/conspiracao-contra-a-patria/</a><br />
<br />
<br />
Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-38800739537292457732013-04-03T16:08:00.000-03:002013-04-03T16:08:31.125-03:00Ataque sem precedentes ao sindicalismo nas Américas<br />
<i>Por Artur Henrique</i><br />
<br />
Não e só na Europa que o Estado de Bem-Estar social, os sindicatos e os direitos dos trabalhadores vêm sendo atacados. Em recente viagem por vários países das Américas pudemos ver de perto a difícil situação dos sindicatos progressistas e democráticos, atacados sistematicamente por governos de direita e empresas.<br />
Nos EUA, em diversos estados governados pela direita, ou no Canadá, que tem um governo conservador, assistimos uma campanha contra a existência dos sindicatos. A mudança que vem sendo proposta na legislação sindical daqueles países tem como tema: “O Direito ao Trabalho”.<br />
<br />
À primeira vista, para nós brasileiros, ler essa frase pode nos fazer acreditar que se trata de uma campanha para fortalecer a luta dos trabalhadores (as). Mas se trata na verdade da mais bem orquestrada campanha já realizada contra a existência dos sindicatos. E com o apoio institucional de governos, e com o uso de ferramentas de marketing e publicidade. Ou seja, uma campanha aberta, nada velada.<br />
<br />
A campanha tem como objetivo reforçar o individualismo dos trabalhadores e atacar o papel dos sindicatos e das negociações coletivas. O tal “direito ao trabalho” quer dizer: você tem direito a trabalhar sem a “interferência” de um sindicato; você tem o direito de trabalhar quanto tempo você quiser, sem precisar cumprir uma jornada máxima; você tem o direito de “trabalhar” durante suas férias sem ser pago por isso; você tem o “direito” de trabalhar logo depois de ter um (a) filho (a), se esta for a “sua vontade”, e por aí vai.<br />
<br />
Ou seja, a mensagem é de que o sindicato atrapalha, não devia existir. A negociação coletiva e os direitos dos trabalhadores deveriam ser decididos por você, individualmente. “Nós” não precisamos “deles”, dos sindicatos, vamos acabar com “eles”. Em se tratando de uma nação em que a legislação trabalhista é totalmente precária – lá não existe, por exemplo, licença-maternidade –, isso configura um escândalo, no mínimo.<br />
<br />
O mesmo ataque acontece no México e na Nicarágua, de uma forma um pouco diferente – com toques de filme de gângster – mas com o mesmo objetivo. Nesses países, ouvimos em todos os lugares o conceito de “acordos de proteção”. Mais uma vez, somos levados a imaginar que poderia ser uma campanha em favor dos trabalhadores.<br />
<br />
Mas não é nada disso. Trata-se de “proteção” para as empresas contra os sindicatos livres, democráticos e representativos. Se você for um empresário que tem interesse em instalar uma fabrica ou comercio nesses países, pode procurar antecipadamente um “protetor” e fazer um acordo em troca de dinheiro ou outros favores.<br />
<br />
Esse “protetor” pode ser um advogado, um escritório, ou mesmo um sindicato fantasma, pelego, que vai “te proteger”, inclusive de forma física e armada, se for o caso, do “perigo” dos sindicatos combativos. De forma fictícia, antes de as operações comerciais terem início, a futura empresa fecha acordos ditos coletivos, a portas fechadas, com esses “protetores”, o que inviabiliza qualquer ação sindical real quando o empreendimento começar a funcionar. Isso significa falta de direitos, de proteção, de salários dignos.<br />
<br />
No México, alguns casos são históricos e simbólicos desse ataque:<br />
<br />
No caso dos eletricitários, existia um acordo coletivo para os 40 mil trabalhadores da empresa estatal de energia firmado com o sindicato nacional da categoria, um dos mais importantes do país. O governo então resolveu mudar o nome da empresa (com isso a empresa nova deixa de ter sindicato), demitir todos os trabalhadores e passar a fazer o serviço com outras empresas, com o único e claro objetivo de destruir o sindicato, que continua na luta jurídica e política para recuperar seus direitos.<br />
<br />
Já no sindicato dos mineiros, a postura de empresas e governos conservadores e de direita levou à morte de quatro dirigentes sindicais e a expulsão do país do presidente da entidade, que há sete anos vive no Canadá. A denúncia está ainda aguardando encaminhamento na Comissão de Direitos Humanos da OEA e, portanto, a luta continua.<br />
<br />
Em todos esses países, centrais sindicais como a UNT-Mexico, a CLC do Canadá, a AFL-CIO dos EUA, filiados à CSA (Confederação Sindical das Américas) e sindicatos independentes vêm se mobilizando para contra-atacar, construir unidade e fortalecer a luta dos trabalhadores e de seus sindicatos. São campanhas publicitárias, pressão sobre deputados e senadores nas suas bases eleitorais, mobilizações de rua, etc.<br />
<br />
Para além da solidariedade internacional, que é fundamental nessa luta, a CUT, através do IC-CUT (Instituto de Cooperação da CUT) propôs, em todos os encontros que tivemos com nossos parceiros nesses países, que devemos realizar uma grande campanha continental em defesa da liberdade de organização sindical.<br />
<br />
Devemos construir uma grande unidade em torno dessa bandeira, da mesma forma que por razões diferentes nos juntamos na luta vitoriosa contra a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas).<br />
Atuar juntos na OIT, na Comissão de Direitos Humanos da OEA, nas reuniões do G-20, nos encontros internacionais de ministros do Trabalho, de presidentes dos nossos países, criar tribunais internacionais independentes, denunciar empresas e fazer uma lista “suja” daquelas que atacam os direitos dos trabalhadores em todo o mundo.<br />
<br />
É uma luta em defesa da democracia e da liberdade. Afinal, todo trabalhador tem direito de se organizar livremente em um sindicato e ter direito à negociação coletiva para melhorar as condições de trabalho e de vida, conforme disposto na Convenção 87 da OIT (Organização Internacional do Trabalho).<br />
Temos que praticar a solidariedade internacional e reafirmar que enquanto um trabalhador e seu sindicato estiverem sendo atacado no mundo, não descansaremos e estaremos juntos na luta para defendê-lo.<br />
<br />
<i>Artur Henrique é secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT, presidente do IC-CUT e vice-presidente da CSA</i><br />
<i><br /></i>
<i><br /></i>Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-80865539520563546412013-02-14T16:08:00.002-02:002013-02-14T16:08:19.065-02:00De papa a papa<br />
<br />
<i>por Janio de Freitas</i><br />
<br />
O Vaticano é a grande caixa-preta, a maior e mais duradoura de todos os tempos. Sua vida interior só pôde ser sondada, até hoje, por especulações, por combinação de mínimas certezas factuais com hipóteses à vontade dos autores.<br />
<br />
Os antecedentes da renúncia de Bento 16 (grafia adotada pela Folha para o nome oficial Bento XVI) e seu próprio papado não prometem melhor destino informativo.<br />
<br />
Minha curiosidade concentrou-se, há tempos, em um ponto mais modesto, e, ainda assim, não menos irrespondido. Bento 16 é reconhecido como intelectual de alto nível e, ainda, com talento político comprovado por seus mais de 50 anos bem-sucedidos nas lutas ferinas no Vaticano.<br />
<br />
Como foi possível que não buscasse alguma fórmula doutrinária de convivência da igreja com os aspectos da modernidade avessos à doutrina católica? Sua fixação foi bater de frente, incitar a intolerância, fazer acusações graves, a exemplo da atribuição, aos usuários de camisinha, de maior disseminação da Aids.<br />
<br />
Bento 16 não cuidou de proteger a doutrina do seu rebanho, argumento muito propalado. Antes preferiu fazer a igreja investir contra grande segmento desse rebanho, ansioso por maior compreensão, e contra todos os demais.<br />
<br />
Um dos momentos grandiosos da face pacífica do século passado deu-se em 1962. Foi o Concílio Vaticano 2º (nome oficial: Vaticano II). Convocado pelo ex-cardeal de Veneza, Angelo Roncalli, apenas três meses depois de tornar-se em 1959 o papa João 23 (ou, como escolheu, João XXIII), o concílio foi por ele levado a fazer a igreja reconhecer-se como parte do mundo dos homens e a reconhecê-los todos, sem distinção de espécie alguma.<br />
<br />
O milenar estigma mantido pela Igreja Católica contra os judeus, precursor não letal, mas socialmente venenoso, daquele que vicejaria na Alemanha, na Rússia e em tantos países mais, cedeu à conciliação não só com os judeus, mas com as outras igrejas católicas, com os protestantes em geral, com as crenças e ritos ditos “primitivos”, com os casos de Estado antirreligioso e com todo obscurantismo.<br />
<br />
OBSCURO LATIM<br />
<br />
O ecumenismo ganhou o mundo. Os católicos mesmos ganharam de volta a sua igreja, capazes de entender a missa e os seus ritos agora rezados em suas línguas, e não mais no obscuro latim. E com os celebrantes não mais de costas para os fiéis. A igreja reconhecia a humanidade. E os direitos humanos.<br />
<br />
O teólogo Joseph Ratzinger foi um dos produziram, no Vaticano 2º, os documentos doutrinários inspirados pelo “papa Buono” e pelos cardeais que o acompanharam no “aggiornamento” -a atualização da Igreja Católica apesar da resistência, nas palavras de João 23, “dos que só veem no mundo moderno traição e ruína”. Referia-se aos “consumidos pelo fervor” mas “de escassa razão e ponderação”.<br />
<br />
A ação de João 23 foi tão significativa que abriu uma crise no comunismo internacional: encabeçada pelos grandes PCs da França e da Itália, numerosa e expressiva corrente dos comunistas incorporou o espírito reformista do Concílio Vaticano 2º, exprimindo-o, por todo o mundo, inclusive em “best-sellers” como “Do Anátema ao Diálogo”, do filósofo comunista francês Roger Garaudy.<br />
<br />
O Concílio Vaticano 2º fez seu cinquentenário no ano passado. A Igreja Católica, em especial o Vaticano, e, em particular, o papa Bento 16, não lhe dedicaram nenhuma celebração. Ah, mas não o esqueceram. Antes que o ano findasse, Bento 16 e a Cúria Romana restabeleceram o uso do latim –completaram o retrocesso feito pelo papado de João Paulo 2º e seu culto à personalidade.<br />
<br />
*Publicado na Folha de São Paulo<br />
Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-62245398942352486892012-12-10T22:35:00.001-02:002012-12-10T22:36:22.958-02:00O comunismo ético e humanitário de Oscar Niemeyer<br />
<br />
<i>Por Leonardo Boff</i><br />
<span style="font-size: xx-small;">(07/12/2012)</span><br />
<br />
Não tive muitos encontros com Oscar Niemeyer. Mas os que tive foram longos e densos. Que falaria um arquiteto com um teólogo senão sobre Deus, sobre religião, sobre a injustiça dos pobres e sobre o sentido da vida?<br />
<br />
Nas nossas conversas, sentia alguém com uma profunda saudade de Deus. Invejava-me que, me tendo por inteligente (na opinião dele) ainda assim acreditava em Deus, coisa que ele não conseguia. Mas eu o tranquilizava ao dizer: o importante não é crer ou não crer em Deus. Mas viver com ética, amor, solidariedade e compaixão pelos que mais sofrem. Pois, na tarde da vida, o que conta mesmo são tais coisas. E nesse ponto ele estava muito bem colocado. Seu olhar se perdia ao longe, com leve brilho.<br />
Impressionou-se sobremaneira, certa feita, quando lhe disse a frase de um teólogo medieval:<br />
<br />
“Se Deus existe como as coisas existem, então Deus não existe”. E ele retrucou: “mas que significa isso?” Eu respondi: “Deus não é um objeto que pode ser encontrado por ai; se assim fosse, ele seria uma parte do mundo e não Deus”. Mas então, perguntou ele: “que raio é esse Deus?” E eu, quase sussurrando, disse-lhe:<br />
<br />
“É uma espécie de Energia poderosa e amorosa que cria as condições para que as coisas possam existir; é mais ou menos como o olho: ele vê tudo mas não pode ver a si mesmo; ou como o pensamento: a força pela qual o pensamento pensa, não pode ser pensada”. E ele ficou pensativo. Mas continuou: “a teologia cristã diz isso?”<br />
<br />
Eu respondi: “diz mas tem vergonha de dizê-lo, porque então deveria antes calar que falar; e vive falando, especialmente os Papas”. Mas consolei-o com uma frase atribuída a Jorge Luis Borges, o grande argentino:<br />
<br />
"A teologia é uma ciência curiosa: nela tudo é verdadeiro, porque tudo é inventado”. Achou muita graça. Mais graça achou com uma bela trouvaille de um gari do Rio, o famoso “Gari Sorriso: “Deus é o vento e a lua; é a dinâmica do crescer; é aplaudir quem sobe e aparar quem desce”. Desconfio que Oscar não teria dificuldade de aceitar esse Deus tão humano e tão próximo a nós.<br />
<br />
Mas sorriu com suavidade. E eu aproveitei para dizer: “Não é a mesma coisa com sua arquitetura? Nela tudo é bonito e simples, não porque é racional mas porque tudo é inventado e fruto da imaginação”. Nisso ele concordou adiantando que na arquitetura se inspira mais lendo poesia, romance e ficção do que se entregando a elucubrações intelectuais. E eu ponderei: “na religião é mais ou menos a mesma coisa: a grandeza da religião é a fantasia, a capacidade utópica de projetar reinos de justiça e céus de felicidade.<br />
<br />
E grande pensadores modernos da religião como Bloch, Goldman, Durkheim, Rubem Alves e outros não dizem outra coisa: o nosso equívoco foi colocar a religião na razão quando o seu nicho natural se encontra no imaginário e no princípio esperança. Ai ela mostra a sua verdade. E nos pode inspirar um sentido de vida.”<br />
<br />
Para mim a grandeza de Oscar Niemeyer não reside apenas na sua genialidade, reconhecida e louvada no mundo inteiro. Mas na sua concepção da vida e da profundidade de seu comunismo. Para ele “a vida é um sopro”, leve e passageiro. Mas um sopro vivido com plena inteireza. Antes de mais nada, a vida para ele não era puro desfrute, mas criatividade e trabalho. Trabalhou até o fim, como Picazzo, produzindo mais de 600 obras. Mas como era inteiro, cultivava as artes, a literatura e as ciências. Ultimamente se pôs a estudar cosmologia e física quântica. Enchia-se de admiração e de espanto diante da grandeur do universo.<br />
<br />
Mas mais que tudo cultivou a amizade, a solidariedade e a benquerença para com todos. “O importante não é a arquitetura” repetia muitas vezes, “o importante é a vida”. Mas não qualquer vida; a vida vivida na busca da transformação necessária que supere as injustiças contra os pobres, que melhore esse mundo perverso, vida que se traduza em solidariedade e amizade. No JB de 21/04/2007 confessou: ”O fundamental é reconhecer que a vida é injusta e só de mãos dadas, como irmãos e irmãs, podemos vive-la melhor”.<br />
<br />
Seu comunismo está muito próximo daquele dos primeiros cristãos, referido nos Atos dos Apóstolos nos capítulos 2 e 4. Ai se diz que “os cristãos colocavam tudo em comum e que não havia pobres entre eles”. Portanto, não era um comunismo ideológico mas ético e humanitário: compartilhar, viver com sobriedade, como sempre viveu, despojar-se do dinheiro e ajudar a quem precisasse. Tudo deveria ser comum. Perguntado por um jornalista se aceitaria a pílula da eterna juventude, respondeu coerentemente: “aceitaria se fosse para todo mundo; não quero a imortalidade só para mim”.<br />
<br />
Um fato ficou-me inesquecível. Ocorreu nos inícios dos anos 80 do século passado. Estando Oscar em Petrópolis, me convidou para almoçar com ele. Eu havia chegado naquele dia de Cuba, onde, com Frei Betto, durante anos dialogávamos com os vários escalões do governo (sempre vigiados pelo SNI), a pedido de Fidel Castro, para ver se os tirávamos da concepção dogmática e rígida do marxismo soviético.<br />
<br />
Eram tempos tranquilos em Cuba que, com o apoio da União Soviética, podia levar avante seus esplêndidos projetos de saúde, de educação e de cultura. Contei que, por todos os lados que tinha ido em Cuba, nunca encontrei favelas mas uma pobreza digna e operosa. Contei mil coisas de Cuba que, segundo frei Betto, na época era “uma Bahia que deu certo”. Seus olhos brilhavam. Quase não comia. Enchia-se de entusiasmo ao ver que, em algum lugar do mundo, seu sonho de comunismo poderia, pelo menos em parte, ganhar corpo e ser bom para as maiorias.<br />
<br />
Qual não foi o meu espanto quando, dois dias após, apareceu na Folha de São Paulo, um artigo dele com um belo desenho de três montanhas, com uma cruz em cima. Em certa altura dizia: “Descendo a serra de Petrópolis ao Rio, eu que sou ateu, rezava para o Deus de Frei Boff para que aquela situação do povo cubano pudesse um dia se realizar no Brasil”. Essa era a generosidade cálida, suave e radicalmente humana de Oscar Niemeyer.<br />
<br />
Guardo uma memória perene dele. Adquiri de Darcy Ribeiro, de quem Oscar era amigo-irmão, uma pequeno apartamento no bairro do Alto da Boa-Vista, no Vale Encantando. De lá se avista toda a Barra da Tijuca até o fim do Recreio dos Bandeirantes. Oscar reformou aquele apartamento para o seu amigo, de tal forma que de qualquer lugar que estivesse, Darcy (que era pequeno de estatura), pudesse ver sempre o mar. Fez um estrado de uns 50 centrímetros de altura E como não podia deixar de ser, com uma bela curva de canto, qual onda do mar ou corpo da mulher amada. Ai me recolho quando quero escrever e meditar um pouco, pois um teólogo deve cuidar também de salvar a sua alma.<br />
<br />
Por duas vezes se ofereceu para fazer uma maquete de igrejinha para o sítio onde moro em Araras em Petrópolis. Relutei, pois considerava injusto valorizar minha propriedade com uma peça de um gênio como Oscar. Finalmente, Deus não está nem no céu nem na terra, está lá onde as portas da casa estão abertas.<br />
<br />
A vida não está destinada a desaparecer na morte mas a se transfigurar alquimicamente através da morte. Oscar Niemeyer apenas passou para o outro lado da vida, para o lado invisível. Mas o invisível faz parte do visível. Por isso ele não está ausente, mas está presente, apenas invisível. Mas sempre com a mesma doçura, suavidade, amizade, solidariedade e amorosidade que permanentemente o caracterizaram.<br />
<br />
E de lá onde estiver, estará fantasiando, projetando e criando mundos belos, curvos e cheios de leveza.<br />
<i><br /></i>
<i>Fim</i><br />
<br />
(<a href="http://leonardoboff.wordpress.com/2012/12/07/o-comunismo-etico-e-humanitario-de-oscar-niemeyer/">http://leonardoboff.wordpress.com/2012/12/07/o-comunismo-etico-e-humanitario-de-oscar-niemeyer/</a>)<br />
<br />
<br />Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-87002145769182742432012-12-07T10:21:00.002-02:002012-12-07T10:26:04.134-02:00 Um golpe de Estado oculto<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Por Renato Guimarães,
do blog Mirante</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Quando se fala num
golpe de Estado em andamento no Brasil, as pessoas de modo geral
pensam num modelo “clássico”, com deposição do presidente. É
assim que os golpistas preferem, claro. Vivemos hoje, entretanto, um
processo diverso de golpe de Estado, que tem a forma de esvaziamento
do Poder Executivo.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Na verdade, esse é um
processo que vem de há quase 30 anos, desde o final da ditadura
militar. O que há de novo hoje é que ele ganha ritmo acelerado.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Houve um tempo em que o
Executivo era o senhor dos poderes. Lembro um episódio que ilustra
bem isso. Em 1958, era eu jornalista em Última Hora, quando Samuel
Wainer me pôs num DC3 da FAB com destino a Brasília,às vésperas
da inauguração do Alvorada, para entrevistar o presidente
Kubitschek.<br />
<br />
A entrevista ocorreu numa varanda do palácio, ao cair da
noite, com o presidente acomodado numa poltrona, as pernas esticadas
para descansar os pés na mesa baixa. Entre minhas perguntas, a
certa altura soltei (cito de memória, mas quem tiver a coleção do
jornal pode conferir):
<br />
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
- Presidente, a maioria
da imprensa hostiliza a construção de Brasília, muitos bancos e
empresas de capital privado e grande número de funcionários do
Estado dizem que não virão para a nova capital. O que o senhor
pensa fazer quanto a isso?
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Ele abriu o sorriso
largo que o caracterizava e respondeu:
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
- Não se preocupe, eu
trago o Banco do Brasil para cá e todo mundo vem atrás.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
E assim aconteceu. O
Banco do Brasil comandava a economia e o presidente comandava o Banco
do Brasil, além de ter a caneta para nomear e demitir milhares de
dirigentes de cargos públicos. O presidente personificava o poder do
Estado.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
É verdade que aquela
entrevista acontecia poucos anos depois do suicídio de Vargas, na
sequência de um processo de golpe de que participaram os comandos
militares. O Executivo era o poder maior, mas eventualmente, dentro
dele, os militares atropelavam o presidente. O próprio suicídio de
Vargas concorreu entretanto para neutralizar aquele golpe, suscitando
a ira popular e alentando as correntes militares mais sensíveis ao
sentimento democrático. Houve em 1955 a eleição de Kubitschek, em
seguida o contragolpe encabeçado pelo general Lott para
assegurar-lhe a posse, e até 1964 os brasileiros puderam respirar
num regime de respeito à Constituição.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
A ditadura militar
favoreceu uma concentração ainda maior do poder no Executivo,
embora, principalmente nos primeiros anos, este tenha ficado mais
submisso ao governo dos Estados Unidos. Após a ditadura,
principalmente nos governos Collor e Cardoso, com a predominância da
política neoliberal do chamado “Consenso de Washington”, o Poder
Executivo foi progressivamente enquadrado pelo capital financeiro,
onde é franco o domínio de interesses imperialistas. Foi um
fenômeno que se deu aliás em escala mundial: buscava-se tornar
irrelevante o resultado de eleições, de modo a manter a estrutura
do poder em mãos de tecnocratas da confiança do capital
imperialista.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
Nisso, foi importante
no Brasil, em particular, a perda de substância do Ministério da
Fazenda e do Banco do Brasil no comando da política monetária e
cambial, paralelamente à instituição do Banco Central, cuja ação
se descolou da autoridade do presidente da República. De órgão
subordinado a um ministério, o Banco Central adquiriu de fato –
não na lei – status de órgão autônomo, sobre o qual nem o
presidente da República tinha ingerência. Não por acaso, nele se
instalou, soberano, um brasileiro ex-funcionário do Banco de Boston
nos Estados Unidos, ao qual esse expoente de Wall Street continuava a
pagar gordo salário, a título de aposentadoria.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Com o processo
avassalador de privatizações que dilapidou o patrimônio do Estado
nos anos 1990, a economia do país passou a ser comandada diretamente
por interesses de poderosos grupos privados, entre os quais
predominam os estrangeiros, através do Banco Central e de agências
reguladoras sob influência do capital financeiro. Basicamente, o
país passou a trabalhar para pagar juros altos de dívida pública
aos bancos privados e pagar pelos danos pesados de desnacionalização
decorrentes de uma taxa de câmbio sobrevalorizada.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
O governo Lula, em seu
segundo mandato, deu início a uma recuperação do poder perdido da
Presidência da República. No governo Dilma essa recuperação pôde
avançar de modo mais significativo, com a autoridade presidencial se
fazendo novamente valer sobre o Banco Central, para conseguir redução
na taxa de juros e melhoria para o país na política de câmbio.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Mas a direita volta
agora à carga para recuperar esse terreno que perdeu. Investe em uma
tentativa de golpe de Estado que tem por objetivo sempre esvaziar e
imobilizar o Poder Executivo, mas traz a novidade de fazer isso
através do debilitamento também do Poder Legislativo e da inflação
do Poder Judiciário, representado pelo STF, que ela tenta cooptar,
com apoio ostensivo e até agressivo da mídia empresarial
monopolista.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Já no julgamento do
processo 470, ao erigir-se em crítico das práticas de aliança
política vigentes, sob o argumento não provado – até porque o
Tribunal se desobrigou da exigência de prova para condenação –
de que foram usados expedientes criminosos, o STF exerceu
indiretamente coação sobre o Congresso, com o notório efeito de
embaraçar a possibilidade de alianças políticas para o Executivo
atual e a governabilidade do país. Agora, a pressão ganha em
escala, com o assalto ensaiado no Tribunal à prerrogativa
constitucional do Congresso de cassar mandatos de parlamentares.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
O esforço da mídia
monopólica para alçar o STF à categoria de superpoder e alçar
determinado juiz à imagem de justiceiro implacável, herói e líder
da redenção nacional, é artifício capaz de nos levar a um golpe
reacionário de tipo fascista, embalado pelo moralismo pelo qual a
classe média costumeiramente se deixa atrair. Nunca será demais
lembrar que o próprio PCB, em sua fase mais estoica, embarcou em
campanha desse tipo, no segundo governo Vargas, até perceber seu
erro, com a súbita e dramática revelação que o país recebeu do
suicídio do presidente, e postar-se à frente da revolta popular
contra o golpe de Estado.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Faz parte da manobra
golpista de hoje degradar o sentimento político da população, para
torná-la indiferente à defesa das liberdades civis. A execração
pública pelo pela mídia mercantil, com benção do STF, de
combatentes da luta contra a ditadura como José Dirceu e José
Genoíno contribui para que se admita como natural e normal a tortura
como instrumento de política de Estado e a supressão dos direitos
democráticos.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Da mesma forma,
contribui para amortecer o sentimento democrático do país a
campanha para aviltar a imagem do partido e dos governantes eleitos
que ganharam legitimidade e prestígio por participarem ao lado dos
trabalhadores e do povo da luta contra a ditadura militar, se
associarem a conquistas sociais e à afirmação da soberania
nacional. Não é de estranhar, aliás, que isto ocorra por ação de
um Tribunal em que um dos juízes saiu recentemente a público em
defesa da ditadura militar, sem ser contestado por seus colegas.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Pouco a pouco, querem
criar no país um cenário no qual seja irrelevante quem é o
presidente da República. Ou no qual tirar do cargo o presidente seja
detalhe fácil, como foi há pouco no Paraguai. No qual a população
esteja preparada para uma longa noite de salazarismo obscurantista e
entreguista, com o país de novo entregue ao complexo de vira-lata de
que falava Nelson Rodrigues. Ou, se preferirem, para de novo o país
virar “um imenso Portugal”, como diz a canção de Chico Buarque,
já que Portugal parece outra vez entregar aos bancos as chaves de
seu governo e conformar-se com um destino de “austera, apagada e
vil tristeza”.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Mas isto é o que eles
querem. Lembrando Garrincha, é preciso perguntar se eles “já
conversaram com os russos”, se o povo brasileiro vai concordar.
Creio e espero que não.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
fim</div>
Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-14806385028185029342012-11-19T00:11:00.004-02:002012-11-19T00:28:48.807-02:00Mensalão: um julgamento político <br />
Por Mauro Santayana<br />
<br />
O julgamento da Ação 470, que chega ao seu fim com sentenças pesadas contra quase todos os réus, corre o risco de ser considerado como um dos erros judiciários mais pesados da História. Se, contra alguns réus, houve provas suficientes dos delitos, contra outros os juízes que os condenaram agiram por dedução. Guiaram-se pelos silogismos abengalados, para incriminar alguns dos réus.<br />
<br />
O relator do processo não atuou como juiz imparcial: fez-se substituto da polícia e passou a engenhosas deduções, para concluir que o grande responsável fora o então ministro da Casa Civil, José Dirceu. Podemos até admitir, para conduzir o raciocínio, que Dirceu fosse o mentor dos atos tidos como delituosos, mas faltaram provas, e sem provas não há como se condenar ninguém.<br />
<br />
O julgamento, por mais argumentos possam ser reunidos pelos membros do STF, foi político. Os julgamentos políticos, desde a Revolução Francesa, passaram a ser feitos na instância apropriada, que é o Parlamento. Assim foi conduzido o processo contra Luis XVI. Nele, de pouco adiantaram os brilhantes argumentos de seus notáveis advogados, Guillaume Malesherbes, François Tronchet e Deseze, que se valiam da legislação penal comum.<br />
<br />
O julgamento era político, e feito por uma instituição política, a Convenção Nacional, que representava a nação; ali, os ritos processuais cediam lugar à vontade dos delegados da França em processo revolucionário. A tese do poder absoluto dos parlamentares para fazer justiça partira de um dos mais jovens revolucionários, Saint-Just. Ela fora aceita, entre outros, por Danton e por Robespierre, que se encarregou de expô-la de forma dura e clara, e com a sobriedade própria dos julgadores — segundo os cronistas do episódio — aos que pediam clemência e aos que exigiam o respeito ao Código Penal, já revogado juntamente com a monarquia.<br />
<br />
“Não há um processo a fazer. Luís não é um acusado. Vocês não são juízes, vocês são homens de Estado. Vocês não têm sentenças a emitir em favor ou contra um homem, mas uma medida de segurança pública a tomar, um ato de providência nacional a exercer. Luís foi rei e a República foi fundada”. E Robespierre, implacável, explica que, em um processo normal, o rei poderia ser considerado inocente, desde que a presunção de sua inocência permanecesse até o julgamento. E arremete:<br />
<br />
“Mas, se Luís é absolvido, o que ocorre com a Revolução? Se Luís é inocente, todos os defensores da liberdade passam a ser caluniadores”. Os fatos posteriores são conhecidos.<br />
O STF agiu, sob aparente ira revolucionária de alguns de seus membros, como se fosse a Convenção Nacional. Como uma Convenção Nacional tardia, mais atenta às razões da direita — da Reação Thermidoriana, que executou Robespierre, Saint-Just e Danton, entre outros — do que a dos montagnards de 1789. Foi um tribunal político, mas sob o mandato de quem? Quem os elegeu? E qual deles pôde assumir, com essa grandeza, a responsabilidade do julgamento político, que assumiu o Incorruptível? E qual dos mais exacerbados poderia dizer aos outros que deviam julgar como homens de Estado, e não como juízes?<br />
<br />
Como o Tartufo, de Molière, que via a sua razão onde a encontrasse, foram em busca da teoria do domínio do fato, doutrina que, sem essa denominação, serviu para orientar os juizes de Nurenberg, e foi atualizada mais tarde pelo jurista alemão Claus Roxin. Só que o domínio do fato, em nome do qual incriminaram Dirceu, necessita, de acordo com o formulador da teoria, de provas concretas. Provas concretas encontradas contra os condenados de Nurenberg, e provas concretas contra o general Rafael Videla e o tiranete peruano Alberto Fujimori.<br />
<br />
E provas concretas que haveria contra Hitler, se ele mesmo não tivesse sido seu próprio juiz, ao matar-se no bunker, depois de assassinar a mulher Eva Braun e sacrificar sua mais fiel amiga, a cadela Blondi. Não havendo prova concreta que, no caso, seria uma ordem explícita do ministro a alguém que lhe fosse subordinado (Delúbio não era, Genoino, menos ainda), não se caracteriza o domínio do fato. Falta provar, devidamente, que ele cometeu os delitos de que é acusado, se o julgamento é jurídico. Se o julgamento é político, falta aos juízes provar a sua condição de eleitos pelo povo.<br />
<br />
As provas contra Collor não o condenariam (como não condenaram) em um processo normal. Dessa condição dispunham os membros da Convenção Nacional Francesa e os parlamentares brasileiros que decidiram pelo impeachment do presidente Collor. As provas contra Collor não o condenariam (como não condenaram) em um processo normal. Ali se tratou de um julgamento político, que não se pretendeu técnico, nem juridicamente perfeito, ainda que fosse presidido pelo então presidente do STF.<br />
<br />
A nação, pelos seus representantes, foi o tribunal. O STF é o cimo do Poder Judiciário. Sua sentença não pode ser constitucionalmente contestada, mesmo porque ele é, também, o tribunal que decide se isso ou aquilo é constitucional, ou não. A História, mais cedo do que tarde, fará a revisão desse processo, para infirmá-lo, por não atender às exigências do <i>due process of law</i>, nem à legitimidade para realizar um julgamento político.<br />
<br />
O julgamento político de Dirceu, justo ou não, já foi feito pela Câmara dos Deputados, que lhe cassou o mandato.<br />
<i><br /></i>
<i>fim</i>Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-47348184104263884082012-11-15T11:51:00.002-02:002012-11-15T11:51:44.643-02:00Mensalão: julgamento do STF pode não valer <br />
Por Luiz Flávio Gomes<br />
<br />
Parece muito evidente que os advogados poderão tentar, junto à Comissão Interamericana, a obtenção de uma inusitada medida cautelar para suspensão da execução imediata das penas privativas de liberdade, até que seja respeitado o direito ao duplo grau de jurisdição.<br />
<br />
Muitos brasileiros estão acompanhando e aguardando o final do julgamento do mensalão. Alguns com grande expectativa enquanto outros, como é o caso dos réus e advogados, com enorme ansiedade. Apesar da relevância ética, moral, cultural e política, essa decisão do STF – sem precedentes – vai ser revisada pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, com eventual chance de prescrição de todos os crimes, em razão de, pelo menos, dois vícios procedimentais seríssimos que a poderão invalidar fulminantemente.<br />
<br />
O julgamento do STF, ao ratificar com veemência vários valores republicanos de primeira linhagem – independência judicial, reprovação da corrupção, moralidade pública, desonestidade dos partidos políticos, retidão ética dos agentes públicos, financiamento ilícito de campanhas eleitorais etc. -, já conta com valor histórico suficiente para se dizer insuperável. Do ponto de vista procedimental e do respeito às regras do Estado de Direito, no entanto, o provincianismo e o autoritarismo do direito latino-americano, incluindo, especialmente, o do Brasil, apresentam-se como deploráveis.<br />
<br />
No caso Las Palmeras a Corte Interamericana mandou processar novamente um determinado réu (na Colômbia) porque o juiz do processo era o mesmo que o tinha investigado anteriormente. Uma mesma pessoa não pode ocupar esses dois polos, ou seja, não pode ser investigador e julgador no mesmo processo. O Regimento Interno do STF, no entanto (art. 230), distanciando-se do padrão civilizatório já conquistado pela jurisprudência internacional, determina exatamente isso. Joaquim Barbosa, no caso mensalão, presidiu a fase investigativa e, agora, embora psicologicamente comprometido com aquela etapa, está participando do julgamento. Aqui reside o primeiro vício procedimental que poderá dar ensejo a um novo julgamento a ser determinado pela Corte<br />
<br />
Há, entretanto, um outro sério vício procedimental: é o que diz respeito ao chamado duplo grau de jurisdição, ou seja, todo réu condenado no âmbito criminal tem direito, por força da Convenção Americana de Direitos Humanos (art. 8, 2, h), de ser julgado em relação aos fatos e às provas duas vezes. O entendimento era de que, quem é julgado diretamente pela máxima Corte do País, em razão do foro privilegiado, não teria esse direito. O ex-ministro Márcio Thomaz Bastos levantou a controvérsia e pediu o desmembramento do processo logo no princípio da primeira sessão, tendo o STF refutado seu pedido por 9 votos a 2.<br />
<br />
O Min. Celso de Mello, honrando-nos com a citação de um trecho do nosso livro, atualizado em meados de 2009, sublinhou que a jurisprudência da Corte Interamericana excepciona o direito ao duplo grau no caso de competência originária da corte máxima. Com base nesse entendimento, eu mesmo cheguei a afirmar que a chance de sucesso da defesa, neste ponto, junto ao sistema interamericano, era praticamente nula.<br />
<br />
Hoje, depois da leitura de um artigo (de Ramon dos Santos) e de estudar atentamente o caso Barreto Leiva contra Venezuela, julgado bem no final de 2009 e publicado em 2010, minha convicção é totalmente oposta. Estou seguro de que o julgamento do mensalão, caso não seja anulado em razão do primeiro vício acima apontado (violação da garantia da imparcialidade), vai ser revisado para se conferir o duplo grau de jurisdição para todos os réus, incluindo-se os que gozam de foro especial por prerrogativa de função.<br />
<br />
No Tribunal Europeu de Direitos Humanos é tranquilo o entendimento de que o julgamento pela Corte Máxima do país não conta com duplo grau de jurisdição. Mas ocorre que o Brasil, desde 1998, está sujeito à jurisprudência da Corte Interamericana, que sedimentou posicionamento contrário (no final de 2009). Não se fez, ademais, nenhuma reserva em relação a esse ponto. Logo, nosso País tem o dever de cumprir o que está estatuído no art. 8, 2, h, da Convenção Americana (Pacta sunt servanda).<br />
<br />
A Corte Interamericana (no caso Barreto Leiva) declarou que a Venezuela violou o seu direito reconhecido no citado dispositivo internacional, “posto que a condenação proveio de um tribunal que conheceu o caso em única instância e o sentenciado não dispôs, em consequência [da conexão], da possibilidade de impugnar a sentença condenatória.” A coincidência desse caso com a situação de 35 réus do mensalão é total, visto que todos eles perderam o duplo grau de jurisdição em razão da conexão.<br />
<br />
Mas melhor que interpretar é reproduzir o que disse a Corte:<br />
<br />
“Cabe observar, por outro lado, que o senhor Barreto Leiva poderia ter impugnado a sentença condenatória emitida pelo julgador que tinha conhecido de sua causa se não houvesse operado a conexão que levou a acusação de várias pessoas no mesmo tribunal. Neste caso a aplicação da regra de conexão traz consigo a inadmissível consequência de privar o sentenciado do recurso a que alude o artigo 8.2.h da Convenção.”<br />
<br />
A decisão da Corte foi mais longe: inclusive os réus com foro especial contam com o direito ao duplo grau; por isso é que mandou a Venezuela adequar seu direito interno à jurisprudência internacional:<br />
<br />
“Sem prejuízo do anterior e tendo em conta as violações declaradas na presente sentença, o Tribunal entende oportuno ordenar ao Estado que, dentro de um prazo razoável, proceda a adequação de seu ordenamento jurídico interno, de tal forma que garanta o direito a recorrer das sentenças condenatórias, conforme artigo 8.2.h da Convenção, a toda pessoa julgada por um ilícito penal, inclusive aquelas que gozem de foro especial.”<br />
<br />
Há um outro argumento forte favorável à tese do duplo grau de jurisdição: o caso mensalão conta, no total, com 118 réus, sendo que 35 estão sendo julgados pelo STF e outros 80 respondem a processos em várias comarcas e juízos do país (O Globo de 15.09.12). Todos esses 80 réus contarão com o direito ao duplo grau de jurisdição, que foi negado pelo STF para outros réus. Situações idênticas tratadas de forma absolutamente desigual.<br />
<br />
Indaga-se: o que a Corte garante aos réus condenados sem o devido respeito ao direito ao duplo grau de jurisdição, tal como no caso mensalão? A possibilidade de serem julgados novamente, em respeito à regra contida na Convenção Americana, fazendo-se as devidas adequações e acomodações no direito interno. Com isso se desfaz a coisa julgada e pode eventualmente ocorrer a prescrição.<br />
<br />
Diante dos precedentes que acabam de ser citados parece muito evidente que os advogados poderão tentar, junto à Comissão Interamericana, a obtenção de uma inusitada medida cautelar para suspensão da execução imediata das penas privativas de liberdade, até que seja respeitado o direito ao duplo grau. Se isso inovadoramente viesse a ocorrer – não temos notícia de nenhum precedente nesse sentido -, eles aguardariam o duplo grau em liberdade. Conclusão: por vícios procedimentais decorrentes da baixíssima adequação da eventualmente autoritária jurisprudência brasileira à jurisprudência internacional, a mais histórica de todas as decisões criminais do STF pode ter seu brilho ético, moral, político e cultural nebulosamente ofuscado.<br />
<br />
Fim<br />
<br />
Leia mais: http://jus.com.br/revista/texto/22696/mensalao-julgamento-do-stf-pode-nao-valer#ixzz2CDhCkvFI<br />
Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-2203223731396241732012-11-14T14:48:00.005-02:002012-11-14T14:48:51.429-02:00Sentença contra Dirceu representa agressão contra o PT, a esquerda e a Constituição<br />
Por Breno Altman<br />
<br />
O ministro Joaquim Barbosa, relator da Ação Penal 470, praticamente concluiu sua tarefa como relator, às vésperas de assumir a presidência do STF, com um burlesco golpe de mão. Aparentemente para permitir que Ayres Britto pudesse votar na dosimetria dos dirigentes petistas, subverteu a ordem do dia e antecipou decisão sobre José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares. Apenas a voz de Ricardo Lewandovski se fez ouvir, em protesto à enésima manobra de um julgamento marcado por arbitrariedades e atropelos.<br />
<br />
Talvez em nenhum outro momento de nossa história, ao menos em períodos democráticos, o país se viu enredado em tamanha fraude jurídica. Do começo ao fim do processo, o que se viu foi uma sucessão de atos que violaram direitos constitucionais e a própria jurisprudência do tribunal. A maioria dos ministros, por opção ideológica ou mera covardia, rendeu-se à sentença prescrita pelo baronato midiático desde que veio à tona o chamado “mensalão”.<br />
<br />
Os arroubos de Roberto Jefferson, logo abraçados pela imprensa tradicional e parte do sistema judiciário, serviram de pretexto para ofensiva contra o governo Lula, o Partido dos Trabalhadores e a esquerda. José Dirceu e seus companheiros não foram julgados por seus eventuais malfeitos, mas porque representam a geração histórica da resistência à ditadura, da ascensão política dos pobres e da conquista do governo pelo campo progressista.<br />
<br />
Derrotadas nas urnas, mas ainda mantendo sob seu controle os poderes fáticos da república, as elites transitaram da disputa político-eleitoral para a criminalização do projeto liderado pelos petistas. Com a mesma desfaçatez de quando procuravam os quartéis, dessa vez recorreram às cortes. Agora, como antes, articuladas por um enorme aparato de comunicação cujo monopólio é exercido por umas poucas famílias.<br />
<br />
O STF, nessas circunstâncias, resolveu trilhar o caminho de suas piores tradições. Seus integrantes, majoritariamente, alinharam-se aos exemplos fornecidos pela extradição de Olga Benário para a Alemanha nazista, pela cassação do registro comunista em 1945 e pelo reconhecimento do golpe militar de 1964. Como nesses outros casos, rasgaram a Constituição para servir ao ódio de classe contra forças que, mesmo timidamente, ameaçam o jugo secular das oligarquias pátrias.<br />
<br />
Garantias internacionais, como a possibilidade do duplo grau de jurisdição, foram desconsideradas desde o primeiro instante. Provas e testemunhos a favor dos réus terminaram desprezados em abundância e sem pudor, enquanto simples indícios ou ilações eram tratados como inapeláveis elementos comprobatórios. Uma teoria presidiu o julgamento, a do domínio funcional dos fatos, aplicada ao gosto do objetivo inquisitorial. Através dessa doutrina, réus poderiam ser condenados pelo papel que exerciam, sem que estivesse cabalmente demonstrados ação ou mando.<br />
<br />
O que interessava, afinal, era forjar a narrativa de que o PT e o governo construíram maioria parlamentar através da compra de votos e do desvio de dinheiro público, sob a responsabilidade direta de seus mais graduados líderes. As contra-provas que rechaçam supostos fatos criminosos e sua autoria, fartamente apresentadas pela defesa, simplesmente foram ignoradas em um julgamento por encomenda.<br />
<br />
Enganam-se aqueles que apostam em qualificar este processo como um problema de militantes petistas, quem sabe, injustamente condenados. José Dirceu e seus pares não foram sentenciados como indivíduos, mas porque expressavam a fórmula para colocar o PT e o presidente Lula no banco dos réus. Os discursos dos ministros Marco Aurélio de Mello, Ayres Britto e Celso de Melo não deixam dúvida disso. Não hesitaram em pisar na própria Constituição para cumprir seu objetivo.<br />
<br />
Mesmo que eleitoralmente o procedimento venha se revelando relativamente frágil frente ao apoio popular às mudanças iniciadas em 2003, não podem ser subestimados seus efeitos. As forças conservadoras fizeram, dessa ação penal, plataforma estratégica para desgastar a autoridade do PT, fortalecer o poder judiciário perante as instituições conformadas pela soberania popular e relegitimar a função da velha mídia como procuradora moral da nação.<br />
<br />
O silêncio diante desta agressão facilitaria as intenções de seus operadores, que se movimentam para manter sob sua hegemonia casamatas fundamentais do Estado e da sociedade. Reagir à decisão da corte suprema, porém, não é apenas ou principalmente questão de solidariedade a réus apenados de maneira injusta. A capacidade e a disposição de enfrentar essa pantomima jurídica poderão ser essenciais para o PT e a esquerda avançarem em seu projeto histórico.<br />
<br />
<i>fim</i><br />
<br />
*Breno Altman é diretor do site Opera Mundi e da revista Samuel.<br />
(nov2012)<br />
Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-13772393858887524632012-11-10T00:39:00.002-02:002012-11-10T00:40:26.554-02:00Alckmin e o fanatismo do Opus Dei<br />
<i>Por Altamiro Borges</i><br />
<br />
O candidato Geraldo Alckmin realmente parece um “picolé de chuchu”, segundo a famosa ironia de José Simão. Mas de inocente ele não tem nada. Conhece bem a história nefasta do Opus Dei e os seus métodos autoritários, tecnocráticos e “discretos” de agir batem com esta doutrina. Numerário ele não é, já que não reside nos casarões da Obra de Deus, não fez voto de castidade e, tudo indica, não usa duas vezes ao dia o cilício nas coxas (cinturão com pontas de metal) e nem a “disciplina”, outro utensílio de autoflagelação utilizado para chicotear as costas. Mas Alckmin se encaixa perfeitamente no figurino do supernumerário, o seguidor da seita com “disfarce civil” e a missão divina de conquistar poder político para o Opus Dei.<br />
<br />
<b>A origem fundamentalista</b><br />
<br />
O Opus Dei (do latim, Obra de Deus) foi fundado em outubro de 1928, na Espanha, pelo padre Josemaría Escrivá. O jovem sacerdote de 26 anos diz ter recebido a “iluminação divina” durante a sua clausura num mosteiro de Madri. Preocupado com o avanço das esquerdas no país, este excêntrico religioso, visto pelos amigos de batina como um “fanático e doente mental”, decidiu montar uma organização ultra-secreta para interferir nos rumos da Espanha. Segundo as suas palavras, ela seria “uma injeção intravenosa na corrente sanguínea da sociedade”, infiltrando-se em todos os poros de poder. Deveria reunir bispos e padres, mas, principalmente, membros laicos, que não usassem hábitos monásticos ou qualquer tipo de identificação.<br />
<br />
Reconhecida oficialmente pelo Vaticano em 1947, esta seita logo se tornou um contraponto ao avanço das idéias progressistas na Igreja. Em 1962, o papa João 23 convocou o Concílio Vaticano II, que marca uma viragem na postura da Igreja, aproximando-a dos anseios populares. No seu fanatismo, Escrivá não acatou a mudança. Criticou o fim da missa rezada em latim, com os padres de costas para os fiéis, e a abolição do Index Librorum Prohibitorum, dogma obscurantista do século 16 que listava livros “perigosos” e proibia sua leitura pelos fiéis. “Este concílio, minhas filhas, é o concílio do diabo”, garantiu Escrivá para alguns seguidores, segundo relato do jornalista Emílio Corbiere no livro “Opus Dei: El totalitarismo católico”.<br />
<br />
<b>O poder no Vaticano</b><br />
<br />
Josemaría Escrivá faleceu em 1975. Mas o Opus Dei se manteve e adquiriu maior projeção com a guinada direitista do Vaticano a partir da nomeação do papa polonês João Paulo II. Para o teólogo espanhol Juan Acosta, “a relação entre Karol Wojtyla e o Opus Dei atingiu o seu êxito nos anos 80-90, com a irresistível acessão da Obra à cúpula do Vaticano, a partir de onde interveio ativamente no processo de reestruturação da Igreja Católica sob o protagonismo do papa e a orientação do cardeal alemão Ratzinger”. Em 1982, a seita foi declarada “prelazia pessoal” – a única existente até hoje –, o que no Direito Canônico significa que ela só presta contas ao papa, que só obedece ao prelado (cargo vitalício hoje ocupado por dom Javier Echevarría) e que seus adeptos não se submetem aos bispos e dioceses, gozando de total autonomia.<br />
<br />
O ápice do Opus Dei ocorreu em outubro de 2002, quando o seu fundador foi canonizado pelo papa numa cerimônia que reuniu 350 mil simpatizantes na Praça São Pedro, no Vaticano. A meteórica canonização de Josemaría Escrivá, que durou apenas dez anos, quando geralmente este processo demora décadas e até séculos, gerou fortes críticas de diferentes setores católicos. Muitos advertiram que o Opus Dei estava se tornando uma “igreja dentro da Igreja”. Lembraram um alerta do líder jesuíta Vladimir Ledochowshy que, num memorando ao papa, denunciou a seita pelo “desejo secreto de dominar o mundo”. Apesar da reação, o papa João Paulo II e seu principal teólogo, Joseph Ratzinger, ex-chefe da repressora Congregação para Doutrina da Fé e atual papa Beto 16, não vacilaram em dar maiores poderes ao Opus Dei.<br />
<br />
Vários estudos garantem que esta relação privilegiada decorreu de razões políticas e econômicas. No livro “O mundo secreto do Opus Dei”, o jornalista canadense Robert Hutchinson afirma que esta organização acumula uma fortuna de 400 bilhões de dólares e que financiou o sindicato Solidariedade, na Polônia, que teve papel central na débâcle do bloco soviético nos anos 90. O complô explicaria a sólida amizade com o papa, que era polonês e um visceral anticomunista. Já Henrique Magalhães, numa excelente pesquisa na revista A Nova Democracia, confirma o anticomunismo de Wojtyla e relata que “fontes da Igreja Católica atribuem o poder da Obra a quitação da dívida do Banco Ambrosiano, fraudulentamente falido em 1982”.<br />
<br />
<b>O vínculo com os fascistas</b><br />
<br />
Além do rigoroso fundamentalismo religioso, o Opus Dei sempre se alinhou aos setores mais direitistas e fascistas. Durante a Guerra Civil Espanhola, deflagrada em 1936, Escrivá deu ostensivo apoio ao general golpista Francisco Franco contra o governo republicano legitimamente eleito. Temendo represálias, ele se asilou na embaixada de Honduras, depois se internou num manicômio, “fingindo-se de louco”, antes de fugir para a França. Só retornou à Espanha após a vitória dos golpistas. Desde então, firmou sólidos laços com o ditador sanguinário Francisco Franco. “O Opus Dei praticamente se fundiu ao Estado espanhol, ao qual forneceu inúmeros ministros e dirigentes de órgãos governamentais”, afirma Henrique Magalhães.<br />
<br />
Há também fortes indícios de que Josemaría Escrivá nutria simpatias por Adolf Hitler e pelo nazismo. De forma simulada, advogava as idéias racistas e defendia a violência. Na máxima 367 do livro Caminho, ele afirma que seus fiéis “são belos e inteligentes” e devem olhar aos demais como “inferiores e animais”. Na máxima 643, ensina que a meta “é ocupar cargos e ser um movimento de domínio mundial”. Na máxima 311, ele escancara: “A guerra tem uma finalidade sobrenatural... Mas temos, ao final, de amá-la, como o religioso deve amar suas disciplinas”. Em 1992, um ex-membro do Opus Dei revelou o que este havia lhe dito: “Hitler foi maltratado pela opinião pública. Jamais teria matado 6 milhões de judeus. No máximo, foram 4 milhões”. Outra numerária, Diane DiNicola, garantiu: “Escrivá, com toda certeza, era fascista”.<br />
<br />
Escrivá até tentou negar estas relações. Mas, no seu processo de ascensão no Vaticano, ele contou com a ajuda de notórios nazistas. Como descreve a jornalista Maria Amaral, num artigo à revista Caros Amigos, “ao se mudar para Roma, ele estimulou ainda mais as acusações de ser simpático aos regimes autoritários, já que as suas primeiras vitórias no sentido de estabelecer o Opus Dei com estrutura eclesiástica capaz de abrigar leigos e ordenar sacerdotes se deram durante o pontificado do papa Pio XII, por meio do cardeal Eugenio Pacelli, responsável por controverso acordo da Igreja com Hitler”. Um outro texto, assinado por um grupo de católicas peruanas, garante que a seita “recrutou adeptos para a organização fascista ‘Jovem Europa’, dirigida por militantes nazistas e com vínculos com o fascismo italiano e espanhol”.<br />
<br />
Pouco antes de morrer, Josemaría Escrivá realizou uma “peregrinação” pela América Latina. Ele sempre considerou o continente fundamental para sua seita e para os negócios espanhóis. Na região, o Opus Dei apoiou abertamente várias ditaduras. No Chile, participou do regime terrorista de Augusto Pinochet. O principal ideólogo do ditador, Jaime Guzmá, era membro ativo da seita, assim como centenas de quadros civis e militares. Na Argentina, numerários foram nomeados ministros da ditadura. No Peru, a seita deu sustentação ao corrupto e autoritário Alberto Fujimori. No México, ajudou a eleger como presidente seu antigo aliado, Miguel de La Madri, que extinguiu a secular separação entre o Estado e a Igreja Católica. <br />
<br />
<b>Infiltração na mídia</b><br />
<br />
Para semear as suas idéias religiosas e políticas de forma camuflada, Escrivá logo percebeu a importância estratégica dos meios de comunicação. Ele mesmo gostava de dizer que “temos de embrulhar o mundo em papel-jornal”. Para isso, contou com a ajuda da ditadura franquista para a construção da Universidade de Navarra, que possuí um orçamento anual de 240 milhões de euros. Jornalistas do mundo inteiro são formados nos cursos de pós-graduação desta instituição. O Opus Dei exerce hoje forte influência sobre a mídia. Um relatório confidencial entregue ao Vaticano em 1979 pelo sucessor de Escrivá revelou que a influência da seita se estendia por “479 universidades e escolas secundárias, 604 revistas ou jornais, 52 estações de rádio ou televisões, 38 agências de publicidade e 12 produtores e distribuidoras de filmes”.<br />
<br />
Na América Latina, a seita controla o jornal El Observador (Uruguai) e tem peso nos jornais El Mercúrio (Chile), La Nación (Argentina) e O Estado de S.Paulo. Segundo várias denúncias, ela dirige a Sociedade Interamericana de Imprensa, braço da direita na mídia hemisférica. No Brasil, a Universidade de Navarra é comandada por Carlos Alberto di Franco, numerário e articulista do Estadão, responsável pela lavagem cerebral semanal de Geraldo Alckmin nas famosas “palestras do Morumbi”. Segundo a revista Época, seu “programa de capacitação de editores já formou mais de 200 cargos de chefia dos principais jornais do país”. O mesmo artigo confirma que “o jornalista Carlos Alberto Di Franco circula com desenvoltura nas esferas de poder, especialmente na imprensa e no círculo íntimo do governador Geraldo Alckmin”.<br />
<br />
O veterano jornalista Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, há muito denuncia a sinistra relação do Opus Dei com a mídia nacional. Num artigo intitulado “Estranha conversão da Folha”, critica seu “visível crescimento na imprensa brasileira. A Folha de S.Paulo parecia resistir à dominação, mas capitulou”. No mesmo artigo, garante que a seita “já tomou conta da Associação Nacional de Jornais (ANJ)”, que reúne os principais monopólios da mídia do país. Para ele, a seita não visa a “salvação das almas desgarradas. É um projeto de poder, de dominação dos meios de comunicação. E um projeto desta natureza não é nem poderia ser democrático. A conversão da Folha é uma opção estratégica, política e ideológica”.<br />
<br />
<b>A “santa máfia”</b><br />
<br />
Durante seus longos anos de atuação nos bastidores do poder, o Opus Dei constituiu uma enorme fortuna, usada para bancar seus projetos reacionários – inclusive seus planos eleitorais. Os recursos foram obtidos com a ajuda de ditadores e o uso de máquinas públicas. “O Opus Dei se infiltrou e parasitou no aparato burocrático do Estado espanhol, ocupando postos-chaves. Constituiu um império econômico graças aos favores nas largas décadas da ditadura franquista, onde vários gabinetes ministeriáveis foram ocupados integralmente por seus membros, que ditaram leis para favorecer os interesses da seita e se envolveram em vários casos de corrupção, malversação e práticas imorais”, acusa um documento de católico do Peru.<br />
<br />
A seita também acumulou riquezas através da doação obrigatória de heranças dos numerários e do dizimo dos supernumerários e simpatizantes infiltrados em governos e corporações empresariais. Com a ofensiva neoliberal dos anos 90, a privatização das estatais virou outra fonte de receitas. Poderosas multinacionais espanholas beneficiadas por este processo, como os bancos Santander e Bilbao Biscaia, a Telefônica e empresa de petróleo Repsol, tem no seu corpo gerencial adeptos do Opus.<br />
<br />
Para católicos mais críticos, que rotulam a seita de “santa máfia”, esta fortuna também deriva de negócios ilícitos. Conforme denuncia Henrique Magalhães, “além da dimensão religiosa e política, o Opus Dei tem uma terceira face: da sociedade secreta de cunho mafioso. Em seus estatutos secretos, redigidos em 1950 e expostos em 1986, a Obra determina que ‘os membros numerários e supernumerários saibam que devem observar sempre um prudente silêncio sobre os nomes dos outros associados e que não deverão revelar nunca a ninguém que eles próprios pertencem ao Opus Dei’. Inimiga jurada da Maçonaria, ela copia sua estrutura fechada, o que frequentemente serve para encobrir atos criminosos”.<br />
<br />
O jornalista Emílio Corbiere cita os casos de fraude e remessa ilegal de divisas das empresas espanholas Matesa e Rumasa, em 1969, que financiaram a Universidade de Navarra. Há também a suspeita do uso de bancos espanhóis na lavagem de dinheiro do narcotráfico e da máfia russa. O Opus Dei esteve envolvido na falência fraudulenta do banco Comercial (pertencente ao jornal El Observador) e do Crédito Provincial (Argentina). Neste país, os responsáveis pela privatização da petrolífera YPF e das Aerolineas Argentinas, compradas por grupos espanhóis, foram denunciados por escândalos de corrupção, mas foram absolvidos pela Suprema Corte, dirigida por Antonio Boggiano, outro membro da Opus Dei. No ano retrasado, outro numerário do Opus Dei, o banqueiro Gianmario Roveraro, esteve envolvido na quebra da Parlamat.<br />
<br />
<b>“A Internacional Conservadora”</b><br />
<b><br /></b>
O escritor estadunidense Dan Brown, autor do best seller “O Código da Vinci”, não vacila em acusar esta seita de ser um partido de fanáticos religiosos com ramificações pelo mundo. O Opus Dei teria cerca de 80 milhões de fiéis, muitos deles em cargos-chaves em governos, na mídia e em multinacionais. Henrique Magalhães garante que a “Obra é vanguarda das tendências mais conservadoras da Igreja Católica”. Num livro feito sob encomenda pelo Opus Dei, o vaticanista John Allen confessa este poderio. Ele admite que a seita possui um patrimônio de US$ 2,8 bilhões – incluindo uma luxuosa sede de US$ 60 milhões em Manhattan – e que esta fortuna serve para manter as suas instituições de fachada, como a Heights School, em Washington, onde estudam os filhos dos congressistas do Partido Republicano de George W.Bush.<br />
<br />
Numa reportagem que tenta limpar a barra do Opus Dei, a própria revista Superinteressante, da suspeita Editora Abril, reconhece o enorme influência política desta seita. E conclui: “No Brasil, um dos políticos mais ligados à Obra é o candidato a presidente Geraldo Alckmin, que em seus tempos de governador de São Paulo costumava assistir a palestras sobre doutrina cristã ministradas por numerários e a se confessar com um padre do Opus Dei. Alckmin, porém, nega fazer parte da ordem”. Como se observa, o candidato segue à risca um dos principais ensinamentos do fascista Josemaría Escrivá: “Acostuma-se a dizer não”.<br />
<br />
<i><u>Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro “As encruzilhadas do sindicalismo” (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição).</u></i>Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-81159753649937537242012-11-09T09:01:00.000-02:002012-11-09T09:01:03.495-02:00As raízes do golpismo da direita brasileira<br />
Por Emir Sader<br />
<br />
Até 1930 a direita brasileira dispunha a seu bel prazer do Estado, colocava-o totalmente a serviço dos interesses primário-exportadores, desconhecendo as necessidades das classes populares. Getúlio fez a brusca transição de um presidente – Washington Luiz, carioca adotado pela elite paulista, como FHC – que afirmava que “Questão social é questão de polícia”, para o reconhecimento dos direitos dos trabalhadores pelo Estado.<br />
<br />
Com o surgimento da primeira grande corrente de caráter popular, a direita passou a ficar acuada. A democratização econômica e social foi seguida da democratização politica, com o processo eleitoral consagrando as candidaturas com apoio popular, Sucessivamente, em 1945, 1950, 1955, a direita foi derrotada e acostumou-se a bater na porta dos quarteis, pedindo golpe militar.<br />
<br />
Sentido-se esmagada pelas derrotas, a direita chegou a pregar o voto qualitativo, em que, segundo eles, o voto de um médico ou de um engenheiro valeria 10, enquanto o de um trabalhador (“marmiteiro”, diziam eles, zombando dos trabalhadores que levavam marmitas pro trabalho) devia valer 1. Só assim poderiam ganhar.<br />
<br />
A efêmera vitória de 1960, com a renúncia do Jânio, foi sucedida pela nova tentativa e golpe militar de 1961 e, logo depois, pelo golpe efetivamente realizado em 1964. Só pela força e pelo regime de terror a direita conseguiu triunfar e colocou em prática sua revanche contra o povo, pela repressão e pela expropriação dos direitos da grande maioria.<br />
<br />
Foi no final da ditadura, com uma votação indireta, pelo Colégio Eleitoral, passando pela morte de Tancredo, que a direita deu continuidade a seus governos, agora com um híbrido de ditadura e de democracia, mas que favoreceu a eleição de Collor, outra versão da direita. Tal como Jânio, teve presidência efêmera.<br />
<br />
O governo FHC foi a melhor expressão da direita, renovada, reciclada para a era neoliberal. Naqueles 8 anos a direita brasileira pode realizar seu programa, que terminou numa profunda e prolongada recessão e a derrota sucessiva da direita, por três vezes.<br />
<br />
A direita repete, na Era Lula, os mesmos mecanismos da Era Getúlio. Enquanto os governos desenvolvem políticas econômicas e sociais que favorecem à grande maioria, recebem dela o apoio majoritário e derrotam sistematicamente a direita, resta a esta atividades golpistas. Se antes batiam às portas dos quartéis (eram chamadas de “vivandeiras de quartel”), agora usam a mídia para bater às portas do Judiciário.<br />
<br />
São partidos e mídias cada vez mais minoritários, derrotados em 2002, em 2006, em 2010, voltaram a ser derrotadas agora em 2012. São governos que os derrotam com o apoio das grandes maiorias beneficiárias das suas políticas sociais. Quem não tem povo, apela para métodos golpistas, ontem com os militares e a mídia, hoje com a mídia e o Judiciário.<br />
<br />
fim<br />
Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-67766140739697252692012-10-29T11:08:00.003-02:002012-10-29T11:10:14.855-02:00Haddad prefeito: discurso da vitória<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVWA8UupwmlQR7aWlS8biBSWKVCw0D07RY3FGay3ldWTFeaB5eA5OjIU3VqCWuss0xdVc1E5NvcJmHr8Kd1qLrto1RjFKEQBJWC2v7IaQdgUaflfpYKxV4MkvpGrfUSdhxb3FUquSC0oOC/s1600/Haddad+discurso+da+vitoria.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVWA8UupwmlQR7aWlS8biBSWKVCw0D07RY3FGay3ldWTFeaB5eA5OjIU3VqCWuss0xdVc1E5NvcJmHr8Kd1qLrto1RjFKEQBJWC2v7IaQdgUaflfpYKxV4MkvpGrfUSdhxb3FUquSC0oOC/s320/Haddad+discurso+da+vitoria.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
“<span style="font-size: medium;"><i>Meu
objetivo é derrubar o muro da vergonha que separa a cidade rica e a
cidade pobre.”</i></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
"Boa noite a todos
os cidadãos paulistanos, aos moradores da cidade de São Paulo.
Minhas amigas e meus amigos, pela vontade soberana dos paulistanos,
sou agora o prefeito eleito de São Paulo. Uma alegria imensa e uma
enorme responsabilidade dividem espaço no meu peito. O sentimento
mais forte, porém, é de gratidão. Eu quero agradecer em primeiro
lugar aos milhões de homens e mulheres que me confiaram o voto.
Muito obrigado aos moradores de São Paulo. Em seguida à minha
família, minha mulher Ana Estela, minha filha Carolina, meu filho
Frederico, que fizeram juntos muito sacrifício para me ajudar nessa
jornada.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Quero agradecer do
fundo do coração ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Viva o
presidente Lula. Agradeço ao presidente Lula do fundo do coração
pela confiança, pela orientação e apoio sem os quais seria
impossível eu lograr qualquer êxito nas eleições. Quero agradecer
fortemente a uma outra grande liderança nacional, a presidenta Dilma
Rousseff. Agradeço à presidenta Dilma pela presença vigorosa na
campanha desde o primeiro turno, pelo estímulo pessoal e o conforto
nos momentos mais difíceis dessa campanha. Quero agradecer aos
partidos coligados no primeiro turno, nos quais sintetizo minha
homenagem na figura da valorosa companheira, minha vice, Nádia
Campeão.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Quero agradecer aos
apoiadores que ampliaram nossa corrente no segundo turno, nos quais
sintetizo minha homenagem e meu agradecimento nas figuras do querido
deputado Gabriel Chalita e do vice-presidente Michel Temer. Muito
obrigado, Michel Temer.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
E quero fazer um
agradecimento super especial ao meu grande partido, o Partido dos
Trabalhadores. Partido que se lançou de corpo e alma nessa luta
pacífica em favor do povo de São Paulo. Como seria impossível
numerar os milhares de batalhadores diretos, sintetizo o meu
agradecimento e homenagem na figura decisiva e equilibrada do
coordenador da minha campanha, vereador Antonio Donato.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Quero agradecer por
último, mas não menos importante, agradecer a todos os meus
opositores, porque me obrigaram nessa campanha a extrair o melhor de
mim para poder superá-los numa disputa limpa e democrática. A
todos, indistintamente, o meu muito obrigado.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Minhas amigas e meus
amigos, fui eleito por um sentimento de mudança que domina a alma do
povo de São Paulo e sei da enorme responsabilidade de todos que são
eleitos pela força deste signo, o signo da mudança. Ser prefeito
pela força da mudança significa não ter tempo a perder, não ter
medo de enfrentar, nem ter justificativas a dar para tornar esse
sonho realidade. Significa não ter paciência nem pedir paciência,
mas significa, antes de tudo, traçar prioridades e unir a cidade em
torno de um projeto coletivo, de todos os paulistanos, de todos os
moradores de São Paulo.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Meu objetivo central
está plenamente delineado, discutido e aprovado pela maioria do povo
de São Paulo: é diminuir a grande desigualdade existente em nossa
cidade, é derrubar o muro da vergonha que separa a cidade rica e a
cidade pobre.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Somos uma das mais
ricas e ao mesmo tempo uma das mais desiguais do planeta. Não
podemos deixar que isso siga assim por tempo indeterminado,
exatamente num período que o Brasil vem passando por umas das
mudanças sociais mais vigorosas do mundo. A prefeitura tem um papel
importante nisso, pois é ela que cuida da oferta e da qualidade de
alguns dos serviços públicos mais essenciais, como a saúde, o
transporte, a educação, a habitação, entre outros. Melhorar esses
serviços é também uma forma concreta de distribuir renda, diminuir
os desequilíbrios, aumentar e garantir a paz social.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Sei que esta não é
uma tarefa fácil, dada a complexidade dos problemas que vêm se
acumulando ao longo dos últimos anos, Mas se São Paulo não
conseguir resolver seus problemas, que cidade no Brasil e no mundo
conseguirá fazê-lo?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
O fracasso de São
Paulo seria o fracasso desse genial modelo de convivência que a
humanidade desenhou ao longo dos séculos para sobreviver e ser
feliz. Esta invenção insuperável do gênero humano, que se chama
cidade. E as cidades foram inventadas para unir, e não para desunir,
para proteger, e não para fragilizar, para acarinhar, e não para
violentar, para dar conforto e não sofrimento. São Paulo tem seus
grandes problemas, mas tem e terá as suas próprias soluções.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
O Brasil moderno nasceu
aqui, e o surpreendente Brasil do novo milênio também nascerá
aqui, se corrigirmos os nossos erros, se superarmos a inércia, se
quebrarmos o imobilismo, e se recuperarmos a alma criativa e o
espírito de empreendedorismo que sempre foram a marca de São Paulo.
O mais fundamental, porém, é agregarmos a tudo isso uma profunda
consciência social. É hora, repito, de fazer nascer uma nova São
Paulo, capaz não apenas de se autocriticar, ou de se lamentar, mas
de se reconstruir.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
O primeiro passo que
quero dar a partir de hoje é fazer com que a prefeitura recupere seu
papel de liderar as forças criativas e produtivas e sociais da
cidade. Nossa intelectualidade nunca perdeu sua capacidade de pensar,
mas a prefeitura por vezes perdeu o interesse de atraí-las para um
trabalho parceiro. Nossas forças produtivas nunca deixaram de
crescer e progredir, mas a prefeitura por vezes se inibiu no papel de
desenhar políticas urbanas de desenvolvimento, capazes de corrigir
as distorções urbanísticas e abrir novas perspectivas para a
cidade. Nossos movimentos sociais nunca deixaram de pensar, defender
e expressar as ideias e sentimentos dos setores mais desprotegidos,
porém, a prefeitura por vezes deixou de ouvi-los com a constância e
sinceridade necessárias.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
É hora, portanto, de
atrair, unir e estimular as forças vivas o pensamento paulistano
para um trabalho acima de interesses individuais ou partidários. São
Paulo é nossa, São Paulo é de todos nós.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Para esta ação
convido todas as mulheres e todos os homens de São Paulo, jovens e
velhos, de todas as classes sociais, e de todas as colorações
partidárias. Mas não conseguiremos essa meta se também não nos
abrirmos cada vez mais para o Brasil e para o mundo. São Paulo não
é uma ilha política, tampouco uma cidade de muralhas. São Paulo
precisa firmar parcerias vigorosas, na esfera pública com o governo
federal, com o governo estadual, e na esfera privada, com o que
exista de mais avançado em pensamento e tecnologia no mundo.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Sei que contarei com o
apoio decisivo do governo da presidenta Dilma, mas potencializarei
esse apoio apresentando propostas e projetos criativos e
irrecusáveis. Não adianta o governo federal se dispor a ajudar se
nós, moradores de São Paulo, não fizermos nossa parte,
apresentando a contrapartida da criação e da execução.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
São Paulo tem que
voltar a ser farol e antena. Farol pra iluminar seus passos e os
passos do Brasil. Antena para captar o que existe de mais moderno, e
para transmitir o que crie de mais diferenciado para nosso país e
para o mundo.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Mas, como já disse,
São Paulo tem que ser antes de tudo uma cidade-lar, um teto digno,
limpo e decente, debaixo do qual toda família possa realizar seu
sonho de ser feliz.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
São Paulo é de todos
os nascidos aqui, é de todos os que vieram para cá, São Paulo é
de todo o Brasil. Muito obrigado."</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<i>fim</i></div>
Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3652362618493579315.post-4936338937245222682012-10-12T17:02:00.003-03:002012-10-12T17:04:29.251-03:00O STF E OS PRECEDENTES PERIGOSOS<i>por Mauro Santayana</i><br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<i><br /></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Nunca tivemos, no
Brasil e alhures, uma justiça perfeita. A esse respeito permanece
como paradigma da dúvida do julgamento político a condenação de
Sócrates. A acusação que lhe fizeram foi de impiedade, o que, no
léxico de então, mais do que hoje, significava heresia diante dos
deuses: Sócrates estaria pervertendo os jovens com seus
ensinamentos, tidos também como antidemocráticos. As lições de
Sócrates sempre foram da dúvida, da incessante busca do
conhecimento, mesmo que o conhecimento fosse, em sua inteligência,
inalcançável. Ele dizia saber que nada sabia.
<br />
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Nesse pensamento
negativo radical, recriado e elaborado por Platão, estaria, em
ultima ratio – à qual não se atreveu Platão – a suprema
heresia de duvidar da existência dos deuses. Os deuses eram os
fiadores da democracia, e quando esse contrato com o mito, em que se
fundava a sociedade, rompeu-se, ao ser sua existência posta em
dúvida, Atenas perdeu o seu ponto de gravidade e entrou em
irrecorrível declínio político.
<br />
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Não estamos em Atenas
daquele tempo emblemático, e seria, isso, sim, impiedosa heresia
comparar o julgamento atual do STF ao de Sócrates. Em certo aspecto,
no entanto, os dois episódios se semelham: o do espetáculo. Como
tudo em Atenas, o julgamento de Sócrates foi público, com 501
juízes. Os acusadores e Sócrates, em sua apologia, foram ouvidos
por uma assembléia numerosa, de acordo com os relatos, mas os que
acompanham a Ação 470 vão muito além: chegam a dezenas de
milhões.
<br />
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
A transparência é
salutar, mas não seria essa exposição demorada e ampla, vista pelo
outro lado da razão, contaminada pela vaidade de alguns magistrados
e, dela decorrente, pela influência de jurados estranhos e
ilegítimos, mediante os meios de comunicação?
<br />
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Todos os condenados já
se encontravam, mesmo sem que se conhecessem devidamente os fatos,
julgados por apresentadores de programas de televisão e políticos,
sem falar nos que se identificavam como “cientistas políticos” e
“juristas”, iluminados pelos holofotes, que supriam de argumentos
interessados os mediadores das emissoras. Assim se desenvolveu um
julgamento paralelo, que antecipava votos e açulava os
telespectadores contra os réus. Por isso mesmo, e de acordo com
alguns observadores, também em outros aspectos foi um julgamento que
desprezou as cautelas da lei no que se refere ao direito de defesa
dos acusados.
<br />
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Se isso realmente
ocorreu, abriu-se precedente perigoso, que poderá servir, no futuro,
contra qualquer um. Ainda que os acusados fossem realmente culpados,
a violação de alguns princípios, entre eles o da robustez das
provas, macula o processo e o julgamento. Como dizia Maquiavel,
“quando se violam as leis por uma boa causa, autoriza-se a sua
violação por uma causa qualquer”, ainda que nociva ao Estado.
<br />
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
O que os observadores
de bom senso temem é que o inconveniente espetáculo, em que se
transformou o julgamento da Ação 470, excite os golpistas de
sempre. Ainda que a sugestão não passe de tolice insana, há os que
pretendem aproveitar-se do julgamento para promover um processo
contra o presidente Lula e seu governo.
<br />
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Se isso viesse a
ocorrer, os juízes do Supremo teriam que admitir novos processos
contra outros chefes de Estado, pelo menos no exame dos atos de
governo dos últimos vinte anos. Como diz o provérbio rural, o risco
que corre o pau, corre o machado.
<br />
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
A história nos mostra
– e 1964 é alguma coisa recente na vida nacional – que uma das
primeiras vítimas institucionais dos golpes é exatamente a
imprensa. O “Correio da Manhã”, que se excedeu no entusiasmo
conspiratório, e publicou o célebre editorial de primeira página
em favor da deposição de Jango pela força, sob o título de
“Basta, e Fora!”, foi o primeiro a se arrepender – tardiamente
– e o primeiro a ser sufocado pela arbitrariedade da Ditadura.
<br />
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Os outros vieram
depois, amordaçados pela censura, e obrigados a beber do fel que
queriam que fosse servido aos competidores. Os açodados editores dos
jornais e diretores dos meios eletrônicos, como são as emissoras de
rádio e televisão, devem consultar seus arquivos e meditar essas
lições do passado.
<br />
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Com todo o respeito
pelo STF e a sua autonomia republicana, não nos parece conveniente a
transmissão ao vivo dos julgamentos. Os juízes devem ser protegidos
pelos ritos da discrição. Seria ideal, também, para a
respeitabilidade da Justiça, que os juízes só recebessem as partes
e seus advogados em audiências regulares, das quais já participam
oficialmente os representantes do Ministério Público.
<br />
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
O ato de julgar, em
todas as suas fases, deve ser visto como alguma coisa sagrada. Essa
era a razão dos ainda mais antigos do que os gregos, que só
escolhiam os anciãos para a difícil missão de ministrar a justiça.
Os julgamentos não podem transformar-se em entretenimento ou em
competição oratória.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<i>fim</i></div>
Edson Osvaldo Melohttp://www.blogger.com/profile/02574403180609868924noreply@blogger.com0